Entre o Silêncio e o Caos

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O sol estava alto no céu quando Catnap abriu a porta e deu de cara com Dogday, como sempre cheio de energia. Ele tinha algo nas mãos — uma sacola grande e misteriosa, que balançava levemente enquanto Dogday sorria de forma travessa.

— O que é isso? — perguntou Catnap, com um olhar desconfiado, já sabendo que Dogday raramente trazia algo sem um motivo inusitado.

— Um segredo! — respondeu Dogday, empurrando a sacola em direção a Catnap. — Mas você vai descobrir logo.

Catnap estreitou os olhos, mas aceitou a sacola. Ele já tinha aprendido que, com Dogday, resistir à curiosidade só tornava as coisas mais difíceis. Quando abriu a sacola, se deparou com uma série de jogos de tabuleiro, cartas e dados.

— Achei que você estava precisando de algo diferente. Vamos jogar! — disse Dogday, já entrando na casa de Catnap como se fosse sua própria.

Catnap revirou os olhos, mas não pôde deixar de sorrir ao ver Dogday tão empolgado. De algum jeito, Dogday sempre conseguia arrastar Catnap para atividades que ele, em outros tempos, não se interessaria nem de longe. Ainda assim, ele fechou a porta e foi até a mesa, onde Dogday já estava começando a arrumar os jogos.

— Você não se cansa de tentar me fazer fazer coisas que eu claramente não sou fã? — perguntou Catnap, se sentando no sofá e cruzando os braços.

Dogday riu, sem sequer olhar para ele, focado nos jogos que organizava.

— Se eu me cansasse fácil, a gente nem estaria aqui agora, não acha? — respondeu ele, piscando para Catnap. — Além do mais, é bom variar de vez em quando. Você vai acabar se divertindo, eu prometo.

Catnap soltou um suspiro, mas não podia negar que Dogday tinha razão em parte. As aventuras e momentos inesperados que passavam juntos acabavam sendo, no fundo, algo que ele realmente apreciava, mesmo que não admitisse isso tão abertamente.

Quando finalmente começaram o primeiro jogo, o clima leve que Dogday sempre trazia tomou conta. Eles passaram a tarde jogando e rindo a cada rodada perdida ou ganhada. Dogday era competitivo, e Catnap, apesar de seu jeito mais sério, não ficava atrás. No fim, o placar estava bem equilibrado, com cada um tentando manter a vantagem.

— Quem diria que você é bom em jogos — comentou Dogday, enquanto organizava as cartas para uma última partida. — Quase perdi essa última rodada.

— Quase? — Catnap levantou uma sobrancelha, claramente satisfeito com sua vitória. — Acho que o que você quis dizer foi "você perdeu."

Dogday riu alto, jogando uma carta na mesa com força.

— Tá, eu perdi, mas só dessa vez! Da próxima, eu vou te derrotar tão fácil que você vai querer desistir no meio do caminho.

O clima descontraído se mantinha, mas conforme a tarde avançava, o ritmo desacelerou. Quando o sol começou a baixar, os dois decidiram parar com os jogos e apenas relaxar no sofá, o cansaço da competição dando lugar a um silêncio confortável. Dogday se espreguiçou, apoiando os pés no chão, enquanto Catnap permanecia sentado, olhando pela janela.

— Ei, Catnap... — chamou Dogday, com um tom mais sério, sua voz cortando o silêncio.

Catnap olhou para ele, percebendo a mudança de tom. Algo estava diferente. Não era uma das provocações habituais de Dogday, mas algo mais íntimo.

— O que foi? — perguntou Catnap, curioso com a seriedade incomum no amigo.

Dogday coçou a nuca, visivelmente desconfortável, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.

— Sabe, eu andei pensando... — começou ele, desviando o olhar. — A gente tem passado muito tempo juntos, e é claro que eu gosto disso. Mas, ultimamente, parece que... não sei... tem algo diferente.

Catnap permaneceu em silêncio, ouvindo atentamente. Ele sabia exatamente sobre o que Dogday estava falando, mas não estava disposto a ser o primeiro a dizer em voz alta. Mesmo assim, o fato de Dogday estar se abrindo daquela forma já era um sinal de que algo estava mudando.

— Acho que as coisas mudaram mesmo — admitiu Catnap, com a voz calma, mas carregada de significado. — E talvez seja melhor assim.

Dogday olhou para ele, surpreso pela franqueza de Catnap, mesmo que fosse algo sutil. Era raro vê-lo falando de sentimentos, mas aquilo trouxe um sorriso ao rosto de Dogday. Ele se recostou no sofá, olhando para o teto por um momento, como se estivesse processando tudo.

— Bom, eu sou péssimo com esse tipo de coisa — confessou Dogday, soltando uma risada baixa. — Mas é bom saber que você sente isso também. Porque, sei lá, eu comecei a ver as coisas de um jeito diferente.

Catnap não disse nada de imediato. Apenas olhou para Dogday, observando o jeito sincero com que ele falava. Havia algo reconfortante em saber que, mesmo sendo tão diferentes, ambos estavam na mesma página. Os sentimentos que antes eram nebulosos estavam começando a tomar forma, mas sem pressa, sem pressão. Era como se ambos soubessem que o momento certo chegaria, e até lá, continuar daquele jeito era o bastante.

— A gente sempre lidou bem com o diferente — disse Catnap, quebrando o silêncio com uma leve provocação, o que arrancou uma risada de Dogday.

— É, acho que sim. — Dogday sorriu, olhando diretamente para Catnap dessa vez. — E talvez seja isso que torna as coisas tão boas entre nós.

O silêncio voltou, mas agora era um silêncio cheio de entendimento. Não havia necessidade de palavras, não ainda. As coisas estavam mudando, e ambos sabiam disso, mas ainda tinham tempo. Tempo para descobrir, para experimentar, e para entender o que realmente sentiam. Por enquanto, o que tinham era mais do que suficiente.

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Eu tô amando a escrita complexa que tô fazendo, mas de certa forma dá trabalho, alguém aí iria se importar se eu mudasse o jeito da escrita? (Provavelmente sim, na minha opinião essa escrita da vida a história, sabe?)

Entre o Silêncio e o Caos (Catnap x Dogday)Onde histórias criam vida. Descubra agora