capítulo 7

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Exausta. Era assim que Simone se sentia; Mateus havia abusado de seu poder e feito Simone trabalhar muito mais do que o normal, incluindo ter que buscar café do outro lado do hospital para ele várias vezes.

Ela sabia que isso aconteceria, pois o senhor Cowell não estava lidando muito bem com o fato de ela, ainda não estando formada, pegar um caso tão raro e importante quanto o de Rebeca.
Rebeca era um milagre da medicina e, apesar do pouco tempo que estava acordada, seu nome já se destacava nas principais manchetes por todo o país. Juntamente com seu nome, se destacava o nome de todos os médicos e envolvidos no tratamento, obviamente o sobrenome Biles ficaria conhecido dentre o cenário da saúde e, certamente, Mateus gostaria de seu nome estar junto.

Simone fez o favor de deixar o homem ainda naquela lista, não por ele obviamente, senão por Rebeca, mas o homem não parecia satisfeito com isso, afinal tantos anos de carreira não serviram para tirá-lo do cargo de auxiliar em uma manchete importante, ele se sentia humilhado provavelmente.

A menor tomou um banho rápido no próprio hospital e se dirigiu ao quarto de Rebeca. Rosa a recebeu com a mesma gentileza de sempre e disse que já havia deixado na recepção a autorização para ela passar a noite com Rebeca, explicou também que sobre a mesinha havia seu número anotado em um papel.Simone o anotou em seu celular por garantia, ela era desastrada havia tempo suficiente para saber que um pedaço de papel poderia ser facilmente destruído de várias formas.

Rebeca não queria que sua mãe fosse, mas quando Simone explicou que Rosa precisava dormir em uma cama confortável e comer algo saudável Rebeca acabou por concordar com Simone.

- Hey, Rebe, minha irmã tem algumas bonecas em minha casa. Ela não mora aqui, mas às vezes vem me visitar. Gostaria que eu trouxesse para brincarmos? - Rebeca fez uma careta e negou.

- Eu não gosto de bonecas. - Simone riu e assentiu.

- Para ser sincera eu também nunca gostei. - Rebeca assentiu sem sequer olhar para Simone.

- Hey, o que você tem?

- Nada. - Rebeca disse baixando seus olhos para suas mãos.

- E o que está gerando essa carinha triste, então? - Rebeca começou a piscar rápido demais para Simone considerar algo normal. - Rebeca, você está bem? - Os olhos não pararam de piscar, tendo Rebeca os pressionando fortemente no momento seguinte e então Simone segurou sua mão. - Eu vou chamar um médico, espere.

- Si... - Rebeca disse, segurando sua mão apressadamente, fazendo a menor lhe fitar novamente - Não!

- Então respire. Tudo bem? Sente alguma dor? Algo fora do comum? - Simone perguntou, subindo na cama e embalando Rebeca em seus braços. Rebeca negou lentamente, começando a parar de piscar tão rápido. Simone ficou acariciando suas costas até a garota voltar ao normal.

- Desculpe. - Rebeca pediu baixinho, afundando seu rosto na curva do pescoço de Simone.

- Não tem por que se desculpar, anjinho. - Simone disse calmamente. - Eu vou precisar comunicar o médico sobre isso, de qualquer forma, tudo bem para você? 

- Não, por favor. - Rebeca pediu, começando um choro baixinho. - Não me deixa sozinha.

- Shhh, tudo bem. Não vou sair do seu lado. Esperarei alguma enfermeira vir para a ronda noturna então, mas se algo mais estranho acontecer eu precisarei ir, tudo bem? - Rebeca assentiu, virando seu rosto na direção de Simone, prestando atenção em cada detalhe.

- Eu não sou normal? - A garota perguntou subitamente, fazendo Simone olhar na direção de seu próprio ombro, que era onde o rosto de Rebeca estava.

- Por que está me perguntando isso? - Rebeca enrubesceu e Simone notou os olhos voltarem a piscar muito rápido, deixando a sensação de preocupação inundar seu ser novamente.

Simone decidiu se virar e apertar o botão ao lado da cama, que era usado somente para urgências. Depois se desculparia por isso, mas precisava de alguém ali.

- O moço da TV falou de vida amorosa, que era normal na minha idade, mas eu... - Os olhos não paravam de piscar e Simone começou a balançar lentamente as duas, como se estivesse ninando a garota. - Eu não sou normal? - A voz saiu baixa e triste.

Simone não pôde responder àquela pergunta, pois o quarto fora invadido por toda uma equipe de médicos, com equipamentos prontos para uso. Simone sorriu sem graça e desceu da cama.

- Então, eu precisava de alguém aqui. - Simone começou sua explicação, um pouco envergonhada. - Mas eu não podia sair do quarto então eu... oh, céus, sinto muito. - Ela disse enrubescendo. Algumas pessoas reviraram os olhos e saíram, mas um médico ficou.

- Pois não? - Ele perguntou gentilmente.

- Estávamos conversando e, de repente, ela começou a piscar muito rápido e às vezes pressionava os olhos fortemente. Eu fiquei preocupada, isso não é normal. - Simone disse.

- Era para tentar parar. - Rebeca disse e então o médico se aproximou da cama.

- Tentar para o quê? - O doutor perguntou, acendendo sua pequena lanterna nos olhos da garota. - Siga meu dedo com os olhos. - Ele pediu e Rebeca o fez.

- De piscar. - Rebeca replicou. - Eu apertei os olhos fortemente para tentar parar de piscar.

- Sentiu algo? Tontura, dor, mal-estar? Algo diferente? - Rebeca pareceu pensar e logo assentiu.

- As minhas bochechas arderam. - O médico assentiu, olhando para Simone.

- Sobre o que falavam?

- Si, não! - Rebeca pediu com veemência, enrubescendo; seus olhos começaram a repetir o mesmo de alguns minutos antes ao piscarem rapidamente. Rebeca apertou fortemente eles e negou com a cabeça. - Não param! Argh! - Rebeca disse.

- Vou levá-la para uma ressonância e precisarei que você toque neste mesmo assunto com ela quando estivermos lá. - Ele disse, fazendo Simone assentir.

- Devo ligar para a mãe dela? - Simone perguntou aflita, cruzando os braços. O doutor apenas sorriu e negou.

- Se for o que eu estou pensando então não tem com o que se preocupar. - Ele disse calmamente. - Vamos fazer a ressonância, hm? Depois disso se o resultado for algo negativo você chama a mãe dela, mas eu acredito que não será necessário. - Simone assentiu, vendo o homem acariciar seu braço sem malícia, apenas a confortando.

- Hey, princesa... - Simone chamou assim que o médico saiu, se debruçando sobre a cama. - Vamos fazer um exame rápido em você, tudo bem? Eu vou estar lá com você.

- Vai doer? - Rebeca perguntou assustada.

- Não. O médico só vai tirar uma foto do seu cérebro. - Ela disse, sentindo os dedos de Rebeca se entrelaçarem nos seus.3

- Igual o moço da TV? - Perguntou curiosamente e Simone negou com a cabeça.

- De jeito nenhum. O moço da TV é um homem bobo. Não quero que pense que você tem algum problema ou que é anormal, tudo bem?

- Mas eu não sou igual a maioria da minha idade. Eu deveria ser. - Ela disse, sentindo Simone acariciar seu rosto.

- Vou contar um segredo. - Ela disse baixinho. - Ninguém é igual ninguém. Não quero que se sinta triste com o que ele disse, tudo bem?

- Você promete que não liga? - Simone sorriu e assentiu.

- De dedinho. - Simone respondeu, entrelaçando seu dedo mindinho com o de Rebeca.

- Então eu deixo o médico tirar foto do meu cérebro. - Rebeca disse sorrindo, fazendo Simone sorrir também, porém internamente ela sentia um medo avassalador. Mesmo com o médico achando não ser algo preocupante, Simone só se acalmaria quando soubesse do que se tratava aquele piscar de olhos.

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me desculpem qualquer erro, não esqueçam de deixar a estrelinha e seu comentário <3

Em um piscar de olhos - REBILESOnde histórias criam vida. Descubra agora