cotton candy

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O sol banha o parque com uma luz quente, enquanto o vento suave carrega o aroma das árvores e do algodão doce. Orm e Ling caminham lado a lado por uma trilha tranquila. Crianças correm ao redor, e casais conversam sentados nos bancos, mas Ling está completamente imersa em seu próprio universo. Cantarolando uma melodia leve e sem ritmo definido, provavelmente inventada na hora. Orm a observa de soslaio, sem conseguir identificar a música, intrigada pelo quão alheia ao mundo Ling parecia estar.

— Esse já é o terceiro algodão doce que você come — disse Orm, cruzando os braços. — Daqui a pouco, vai morrer com tanto de açúcar no corpo.

Ling parou de cantarolar e olhou para Orm, seus lábios manchados de rosa pelo doce, com um brilho sarcástico nos olhos.

— Morrer? — repetiu Ling, com um sorriso malicioso. — Você ficaria feliz, né? Se livrar de mim assim, bem fácil.

Orm segurou o riso, balançando a cabeça.

— Seria um descanso para os meus ouvidos — respondeu, o tom leve, mas carregado de ironia.

Ling deu de ombros e voltou a caminhar, mordendo mais um pedaço do algodão doce.

— Você me ama demais pra isso — retrucou, sem sequer olhar para trás, a voz carregada de provocação.

Orm suspirou, acelerando o passo para acompanhá-la, um sorriso discreto dançando em seus lábios enquanto seguia ao lado de Ling, que cantarolava novamente como se a leve tensão anterior nunca tivesse existido. Por mais diferentes que fossem, elas estavam ali, juntas, em uma missão que só elas poderiam cumprir — mesmo que uma delas estivesse decidida a comer todos os algodões doces do parque primeiro.

Ling parou abruptamente, virando-se para Orm com a boca cheia de algodão doce e um olhar travesso. Ela estendeu o doce pegajoso, como quem oferece algo valioso.

— Quer um pouco? — murmurou com a boca cheia, a voz abafada pelo açúcar.

Orm franziu o cenho e fez um gesto de recusa, desviando o olhar.

— Nem pensar. — um leve tom de desgosto.

Ling deu de ombros, voltando a devorar o que restava do algodão doce, mas parou repentinamente, seu olhar focado em algo à frente. Ela apontou disfarçadamente para um adolescente sentado em frente a uma padaria, olhando fixamente para a xícara de café em suas mãos.

— É ele. — disse Ling, um tom de satisfação na voz. — A alma que estamos procurando.

Orm estreitou os olhos, observando o garoto de longe. Ele parecia comum, mas sabia que nada ali era tão simples quanto parecia. Ela começou a traçar mentalmente um plano, já pensando em como se aproximar sem chamar atenção.

— Certo, precisamos de uma abordagem cuidadosa... talvez distraí-lo, descobrir o ponto fraco e... — começou Orm, claramente calculando cada passo.

Ling interrompeu, sorrindo com a simplicidade que lhe era característica.

— Podemos só derramar o líquido na xícara de café dele, e pronto. — disse, como se fosse óbvio.

Orm a olhou, incrédula.

— Você não pode estar falando sério...

Antes que pudesse terminar, Ling deu um sorriso malicioso e, em um piscar de olhos, desapareceu. Em segundos, estava diante do garoto, rápida e imperceptível. Colocou o líquido na xícara de café com precisão e reapareceu ao lado de Orm, como se nada tivesse acontecido.

— Simples e eficaz. — disse Ling, como se fosse óbvio.

— Ling, você não devia ter feito isso... — Orm começou, o tom de reprovação evidente. Ela deu um passo à frente, em direção ao garoto, mas era tarde demais.

a Dança do Eclipse- LingOrmOnde histórias criam vida. Descubra agora