Surprise

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Orm acordou com a luz suave do sol filtrando pela cortina do quarto. O silêncio que a cercava era reconfortante, quase como um abraço. Ela sempre teve uma afinidade com aqueles momentos de tranquilidade, quando o mundo exterior parecia estar parado. Levantou-se da cama e olhou em volta, aliviada ao perceber que Ling não estava ali, como se toda a confusão da noite anterior tivesse sido apenas um pesadelo, tomou um banho quente que ajudou a clarear a mente e a energizar o corpo. A água a refrescou, como se estivesse lavando não apenas o cansaço da noite, mas também as dúvidas que ainda a atormentavam.
Após se vestir, sentiu-se preparada para enfrentar o dia, seguiu em direção à sala e sorriu novamente. Ling não tinha deixado rastros. E mais importante, não havia nenhuma das provocações típicas que geralmente acompanhavam a presença da filha de Lúcifer.

Com uma sensação de leveza, Orm decidiu que era hora de se mover, então se dirigiu para a academia. Enquanto caminhava, sua mente se encheu de pensamentos sobre como gostaria de passar aquele dia longe de confusões e dramas. A academia sempre foi seu refúgio, um lugar onde podia colocar para fora todas as tensões, onde cada gota de suor parecia limpar as angústias acumuladas, era quase como uma terapia. O espaço era um santuário onde ela podia se perder, esquecer do mundo e focar apenas em si mesma. Embora não se cansasse tanto quanto um humano normal — afinal, ela possuía uma resistência de outro mundo, literalmente — cada gota de suor que escorria pelo seu rosto trazia consigo uma sensação de alívio e libertação.

Quando os músculos começavam a queimar e o esforço se tornava intenso, era nesse momento que Orm realmente se sentia viva. Aquela dor, aquela sensação de estar se esforçando até o limite, a fazia lembrar que, apesar de suas origens divinas, ela ainda era capaz de sentir, de se esforçar, de lutar. Era uma conexão que a mantinha ancorada, um lembrete de que, mesmo em sua existência imortal, havia algo profundamente humano dentro dela.

Ela se movia entre os equipamentos, ajustando o peso das cargas e sentindo a adrenalina pulsar em seu corpo. Cada repetição era como uma meditação, um ritual que a ajudava a se reconectar com sua essência. O som das máquinas, as batidas de uma música envolvente ao fundo e o cheiro de suor e esforço no ar tornavam tudo mais real.

E enquanto sua mente se desligava das preocupações e inseguranças, ela se permitia fluir, esquecendo por um tempo as complicações que a vida lhe impunha, especialmente com Ling e todas as questões que surgiam daquela relação. Aquela hora na academia era o seu momento de clareza, de foco e de liberdade.

O cheiro do café fresco a envolveu assim que chegou em frente ao apartamento, o aroma sempre a agradava, significava que estava em casa, no seu refúgio do mundo, entre as 4 paredes que lhe traziam conforto, tranquilidade e acima de tudo, paz.

— O que raios aconteceu aqui? —  O sofá estava coberto de almofadas pretas em várias formas e tamanhos, como se um pequeno furacão tivesse passado por ali. Almofadas retangulares, quadradas, algumas até com estampas de caveiras e estrelas. Orm parou na porta, a boca um pouco aberta em choque

Ling apareceu na cozinha, um sorriso travesso estampado no rosto. — Surpresa! O que você achou do meu toque especial na decoração? — A empolgação de uma criança que acaba de entregar um desenho a seus pais.

Orm se virou, a expressão de incredulidade transformando-se em um misto de irritação e diversão. — Você está brincando? Isso aqui não é uma loja de artigos de Halloween!

Ling riu, se aproximando, as mãos nas costas. — Oh, vem cá, você não pode dizer que não traz um certo charme ao lugar! Imagine as almas vindo aqui e admirando essa estética única.

— Única? Mais como um pesadelo! Por que você escolheu almofadas pretas? Isso é tão... você

— As cores claras não combinam comigo. — Ling fez uma pose dramática, como se estivesse no palco de um teatro.

a Dança do Eclipse- LingOrmOnde histórias criam vida. Descubra agora