A noite avançava, e Orm se revirava na cama, incapaz de encontrar uma posição confortável. As cobertas pareciam muito quentes, e a sensação de estar sozinha em um espaço que deveria ser acolhedor não ajudava em nada. A mente dela estava uma confusão de pensamentos, lembranças e, claro, Ling.Com um suspiro resignado, Orm desceu da cama e caminhou até a sala, esperando que um pouco de ar fresco e a vista do apartamento ajudasse acalmar seus pensamentos.
Ling estava jogada no sofá, cercada pelas várias almofadas pretas que, de alguma forma, se tornaram uma fortaleza de conforto ao seu redor. A luz da lua filtrava-se pelas janelas, refletindo sobre o rosto sereno de Ling, que estava profundamente adormecida. Ela parecia tão pacífica, quase angelical, um contraste gritante com a energia vibrante que costumava exalar.
— Olha só para você... — Orm murmurou — Dormindo como se não tivesse preocupações no mundo.
Ling estava encolhida, uma mão segurando um travesseiro e a outra pendurada ao lado do sofá. A expressão em seu rosto era de pura tranquilidade, e por um momento, Orm se perdeu naquela imagem, esquecendo todas as confusões e complicações da vida.
Orm puxou uma das almofadas, se sentando no chão ao lado do sofá. Ela ficou observando Ling, admirando os traços delicados de seu rosto e a forma como os cabelos dela caíam desordenadamente sobre a testa.
— Se eu soubesse que dormindo você é um anjo, teria levantado mais cedo — Por um momento, o desejo de tocar Ling foi quase irresistível. Mas ela hesitou, consciente de que qualquer movimento poderia acordá-la. Em vez disso, permitiu desfrutar daquele momento silencioso, sentindo-se mais leve apenas por estar perto de alguém que, de alguma forma, tornava tudo mais tolerável. Mesmo dormindo, Ling parecia saber que Orm estava ali. Uma leve mudança na expressão da mais velha indicava que ela estava sonhando com algo bom.
— Você não é tão insuportável assim, sabe? — Orm sussurrou novamente, um sorriso travesso no rosto. — Na verdade, às vezes você é até... adorável.
O cheiro doce e reconfortante de panquecas flutuava pelo ar, penetrando nos sonhos de Ling e puxando-a lentamente da escuridão do sono. Ela esfregou os olhos, tentando se lembrar onde estava. Assim que a consciência foi voltando, o aroma irresistível a guiou até a cozinha.
Ao entrar na cozinha, Ling encontrou Orm de pé, completamente concentrada em sua tarefa. A luz suave da manhã iluminava o espaço, destacando os cabelos de Orm, que caíam sobre seu rosto enquanto ela mexia a massa. Mas não era apenas isso que chamava sua atenção, as panquecas que estavam na frigideira eram de um tom preto profundo, um verdadeiro espetáculo de cores.
— Uau, você está se esforçando para agradar? — Ling perguntou.
Orm se virou, surpresa, mas logo reverteu a expressão para uma ligeira indignação. — Não é nada disso! — Respondeu, tentando se manter séria, mas o brilho em seus olhos não mentia. — Já que vamos morar juntas, achei que seria bom começarmos a nos dar bem... E essas panquecas são uma maneira de mostrar que estou disposta a fazer um esforço.
Ling se aproximou, com uma expressão de incredulidade. — Sério? Isso é preto? — Ela gesticulou dramaticamente em direção à frigideira. — Não estão queimadas, estão? Porque, se sim, vou ter que chamar o Corpo de Bombeiros!
— Muito engraçada! — Orm retorquiu, revirando os olhos enquanto tirava uma panqueca da frigideira e a colocava em um prato. — É só um pouco de corante. Não quer que tudo seja tão monótono, certo?
Ling se inclinou mais perto, examinando as panquecas. — Então, é isso? Você está tentando criar uma nova moda de panquecas pretas? — Ela arqueou uma sobrancelha. — Espero que tenha outros planos culinários, porque isso aqui... bom..
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a Dança do Eclipse- LingOrm
أدب الهواةEm um universo onde religião e ordem ditam a verdade, até que ponto um amor pode ser considerado impossível, quando nem o céu nem o inferno conseguem conter o desejo ardente entre duas almas? Após um inesperado reencontro, paixões antigas ressurgem...