A Coroa e O Caos

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Amanheceu, eu estava deitado quando alguém arrombou a porta. Me levantei rapidamente, era o capitão:

– Acorda princesa — ironizou o capitão — Seu julgamento é em uma hora — ele me puxou pelo braço — levanta daí e te arruma!

Assenti e fiz um sinal pra ele sair do quarto para eu me trocar. Ele saiu e pude ficar uns minutos sentado na cama pensando na vida, no que eu havia me metido, o que minha mãe fez para a rainha de copas ter ódio dela.

Meus pensamentos estavam a mil, eu não conseguia focar no julgamento, eu não consigo me concentrar. Enquanto eu trocava de roupa, alguém bate na janela e entra em pulos, a lebre?

— O que você tá fazendo aqui? — pergunto surpreso

– Sou seu advogado de defesa!

(Pelo menos a rainha usou cabeça dessa vez (se é que podemos chamar aquilo de cabeça)).

– Seguinte, eu anotei várias provas de que você é inocente. E de fato você é inocente.

– E porque a rainha me acusou?

– Porque ela quis! Ela não é rainha, ela é tirana. Os súditos odeiam ela, mas se eles expressarem isso, ele terão suas cabeças cortadas.

Alguém bateu a porta, eu olhei pelo olho mágico, era Hedy? Abri a porta e ela entrou agitada.

– Eu tenho um plano — anuncia ela — Só precisamos das outras pessoas...

Eu tento falar algo mas ela faz sinal e me interrompe.

– É arriscado mas vale a pena, você não vai ao julgamento.

– Então pra onde eu vou? — pergunto ansioso

– Pro reino branco, o reino da minha tia. Fica a algumas milhas daqui, mas vale a pena. Tem uma carruagem na caragem na garagem. Pula da janela! Não se preocupa tem um arbusto de rosas no chão, você não vai se machucar.

– Mas é muito alto, e como o coelho pulou da janela sendo que isso é uma torre?

– O que você espera daqui? Leis da física corretamente aplicadas como no seu mundo? Isso não funciona aqui seu idiota.

Alguém bate bruscamente na porta.

– Você tem 10 minutos para comparecer ao Atrium!

– Atrium?

– Tribunal em latim. — diz ela — É não tem jeito, temos que ir

***

Eu estava com o coração acelerado, o suor escorrendo pela testa. Sabia que as opções eram limitadas. Ignorar o plano de Hedy parecia impossível, mas a situação o empurrava cada vez mais para o inevitável: o julgamento.

Decidido, eu e a lebre fomos conduzidos até o Átrium por guardas, enquanto Hedy observava de longe, incapaz de intervir naquele momento. O lugar era intimidante: colunas de mármore branco reluziam, enquanto a enorme sala estava repleta de súditos. No centro, um trono dourado, onde a Rainha Vermelha se sentava, imponente e sorrindo maliciosamente.

– Começamos o julgamento do criminoso! — anunciou ela, batendo o cetro contra o chão.

Olhou para a lebre, que balançou as orelhas como quem dizia: "Confie em mim". Ele tentou se concentrar, mas os nervos começaram a bagunçar sua mente. A voz da rainha ecoava como um martelo na minha cabeça.

– O réu é acusado de traição ao Reino Vermelho! — gritou a rainha. — Como se declara?

Anthony abriu a boca para responder, mas sua visão começou a se distorcer. Algo dentro dele não estava certo. De repente, ele sentiu uma sensação de afundamento, como se estivesse perdendo o controle de si mesmo.

A lebre sussurrou algo, tentando me trazer de volta, mas já era tarde. Em minha mente, a presença de Casper crescia, assumindo o controle.

"É a minha vez agora...", murmurou uma voz dentro de mim. Era Casper, uma parte de si que sempre esteve ali, oculta, esperando. E agora, Casper era livre.

Meus olhos mudaram. Meu rosto antes confuso e assustado agora estava calmo, mas com uma intensidade perturbadora. Ele riu baixinho, olhando ao redor com desdém.

– Acusado? — disse erguendo as mãos — Acusado de quê? De existir em um mundo que não faz sentido? Vocês são todos marionetes de uma rainha sem coroa de verdade!

A rainha franziu a testa, irritada com a ousadia. — Silêncio! — ordenou. Mas o novo Anthony não se calaria.

Casper deu um passo à frente, suas palavras se tornando mais agressivas. — Esse tribunal é uma farsa! Esta rainha é uma tirana cega! — E então, com um gesto repentino e inesperado, Casper estendeu a mão em direção ao trono. — Esse governo é uma tirania, vocês puseram uma ditadora no poder! Como vocês puseram suportar essa fraude por anos? Como vocês podem ser tão burros e cegos a ponto de porem uma mau caráter no poder? Como vocês...

– CORTEM-LHE A CABEÇA! — ordenou a Rainha furiosa — E PONHAM FOGO EM SEUS MEMBROS!

De repente, uma explosão ressoou no Átrium. As colunas de mármore começaram a rachar, o teto tremia, e os súditos gritavam em pânico. O chão cedeu, fragmentos de pedra voavam para todos os lados, e a estrutura do tribunal se desmoronava.

A rainha se levantou, aterrorizada, tentando ordenar algo aos guardas, mas era tarde demais. O Átrium estava em ruínas, e no meio da destruição, Casper apenas sorria, satisfeito com o caos que havia se instaurado.

Enquanto tudo desmoronava ao redor, uma parte de mim tentava lutar para voltar ao controle, mas a força de Casper era esmagadora. Ele estava preso, assistindo impotente enquanto Casper destruía tudo, incluindo sua própria sanidade.

E, então, no caos, Hedy apareceu novamente, gritando meu nome. Ela se aproximou com cautela, tentando romper a conexão entre Anthony e meu alter ego, mas era arriscado.

– Anthony! — gritou ela. — O que diabos tá acontecendo aqui?

Meu rosto se contorceu, e por um breve momento, voltei à realidade. Confuso, olhei ao redor, vendo o desastre que havia causado.

– O que... eu fiz? — sussurrei caindo de joelhos, minhas mãos iam ao encontro dos meus cabelos em forma de desespero

Mas antes que pudesse processar tudo, guardas invadiram o Átrium. A situação estava fora de controle. Agora, eu não era apenas um réu acusado de traição. Eu era um fugitivo, uma ameaça real ao Reino Vermelho.

– Guardas! — berrou a Rainha — Peguem o traidor!

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