Ecos de Sangue

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A luz do sol irradiava o meu rosto, aquilo incomodava mas eu pensava em dormir mais um pouco depois do caos que enfrentamos ontem. Mas de repente ouço gritos femininos de horror vindos do andar de baixo.

Levantei da cama imediatamente, e sai correndo pelos corredores escada a baixo, Hedy e o Chapeleiro estavam correndo no mesmo ritmo.

- O que diabos pode ter acontecido? - questionava o Chapeleiro com um sorriso no rosto

- Santo Deus Chapeleiro - olhei para ele espantado - Como você consegue sorrir desse jeito?

- Vai por mim garoto, é melhor rir do que chorar.

- Querem calar a boca e só... Correrem? - interrompeu Hedy ranzinza

Corremos o mais rápido que pudemos, ao chegarmos ao térreo, nos deparamos com uma cena horrível.

O corpo de um dos membros da guarda do palácio morto. Seu rosto estava com várias cicatrizes, suas roupas rasgadas, e vários litros de sangue espalhados de forma bagunçada pelas paredes como se uma criança de 2 anos tivesse pintado um quadro de forma que só ela entenderia.

A rainha olhava horrorizada para a cena, todos os membros da guarda cercando o cômodo para a nossa segurança. Francis estava calmo, mas percebia o temor em seu olhar.

Todos os amigos do chapeleiro estavam todos juntos tentando se protegerem.

Nós olhamos para os vitrais cheios de sangue e nos deparamos com a seguinte mensagem:

"A realeza não escapará da próxima vez."

O que ele queria dizer com aquilo?

"Isso é terrível" murmurava a rainha bem baixinho "o que eles querem dessa vez?"

Um senhor com longas vestes brancas e uma barba grande, descia calmamente as escadas. Francis pegou a rainha pelo braço e a conduziu até a esse senhor.

- Tudo bem meu amor. - dizia o homem - Nós vamos descobrir o responsável por esse ato.

Francis permaneceu ao pé da escadaria, observando os guardas ainda inquietos e os membros da corte tentando digerir o horror à sua frente. Ele pigarreou, chamando a atenção de todos, mas manteve o tom firme e calmo:

- Todos, ouçam-me. Sei que estamos diante de algo... repulsivo e ameaçador, mas não é o momento para o caos. Precisamos de organização. Capitão!

Um homem robusto, de armadura reluzente, deu um passo à frente e fez uma saudação firme.

- Capitão, redobre a segurança. Ninguém entra ou sai do palácio sem sua autorização direta. Organize patrulhas extras, mas faça-o sem alarmar a população.

- Sim, senhor! - respondeu ele antes de sair em direção às tropas.

Francis voltou-se para o restante.

- Alguém viu ou ouviu algo fora do comum ontem à noite?

O silêncio pesou no ar por alguns segundos, quebrado apenas pelo murmúrio nervoso de um dos Tweedles.

- Nós estávamos no jardim até tarde, mas... não vimos ninguém estranho.

- Nós vimos, não? - indagou o outro Tweedle

- Não seu idiota!

- Certo. Fiquem juntos e longe de áreas vulneráveis - instruiu Francis, o tom mais suave desta vez. Então, seus olhos pousaram em Hedy, no Chapeleiro e em mim. - Vocês três. Preciso que me contem qualquer coisa que tenham notado de diferente ultimamente.

Hedy cruzou os braços e revirou os olhos.

- Não somos detetives, Francis. Isso é trabalho da sua preciosa guarda.

O Chapeleiro deu um sorriso enviesado.

- Ah, Hedy... mas imagine o drama disso tudo. Um corpo, uma mensagem misteriosa, uma ameaça velada... - Ele se inclinou levemente para Francis segurando sua bengala. - Você tem alguma ideia de quem possa estar por trás disso?

Francis suspirou, um lampejo de cansaço escapando em seu rosto controlado.

- Não tenho suspeitas, nada concreto. Quem quer que seja, quer nos desestabilizar.

Você percebeu que, apesar da fachada de controle, ele carregava o peso do medo pelo palácio e seus habitantes.

No andar de cima, eu passava para trocar de roupa, quando o rei conduzia a rainha para dentro de um dos quartos. Ela tremia, ainda assombrada pela cena que testemunhara. Ele a sentou em uma poltrona próxima à lareira, segurando suas mãos com firmeza.

- Minha amada, olhe para mim.

Ela ergueu os olhos, marejados e inseguros.

- Como podemos protegê-los? Se isso continuar, seremos os próximos...

Ele apertou suas mãos com força, a voz grave, mas reconfortante.

- Prometo que ninguém tocará em você, nem em nossa família. Já vi dias mais sombrios, e ainda assim estamos aqui. Confie em mim.

Ela assentiu, embora a insegurança ainda pairasse em sua expressão. Ele se levantou e a abraçou com força, deixando-a repousar contra seu peito.

- Somos mais fortes do que acreditamos. E, enquanto eu respirar, não permitirei que nada nos destrua.

A rainha fechou os olhos, deixando-se amparar por aquelas palavras que, ainda que frágeis diante do terror, traziam um fio de esperança.

Ela se levantou, e andou delicadamente até a grande janela e a encarou por alguns minutos, repousando suas mãos em seu peito.

- A última crise que tivemos foi da última vez que Alice veio através do espelho e houve... Toda aquela confusão do tempo. E agora... O filho da Alice, aqui, em Wonderland. - ela se virou para o rei - Um assassino a solta pelo Reino Branco... Essa era a última coisa que eu teria de me preocupar.

Ela se sentou no parapeito e olhou a vasta paisagem, enquanto o rei se aproximava e se sentava a frente dela.

- Não se preocupe querida - ele segurou firmemente suas mãos - Tudo ficará bem, nós vamos deter o criminoso e voltaremos a era de paz que havia antes.

Depois disso, eles se abraçaram, e ficaram assim por alguns minutos até se separarem e trocarem palavras de afeto.

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⏰ Última atualização: Jan 27 ⏰

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