"Nem tudo se compra"

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Billie saiu da sala com passos firmes, tentando manter a compostura, mas assim que as portas se fecharam atrás dela, o semblante calmo desapareceu. Ela entrou no carro com um olhar sombrio, praticamente arrancando o celular do bolso para ligar para Finneas.

— Ei, você não vai acreditar na reunião que acabei de ter. — Billie começou antes mesmo que Finneas pudesse dizer "alô". Ela falava rápido, quase atropelando as palavras. — Essa tal de SN... a mulher é impossível! E, tipo, impossível no pior sentido possível!

O agente de Billie, sentado ao lado dela no carro, olhou de canto enquanto Billie continuava, a voz ficando cada vez mais afiada.

— Sério, Finneas, ela recusou de novo! De novo! E sabe qual é a desculpa dela? — Billie fez uma pausa dramática, e Finneas murmurou algo do outro lado da linha. — "Sua música faz parte de um passado que eu quero esquecer." O que isso quer dizer? Desde quando uma coisa pessoal interfere assim no profissional, hein?

— Talvez ela só tenha... — Finneas tentou interromper, mas Billie não deixou.

— Não, não, você não tá entendendo! — Billie interrompeu, a frustração borbulhando. — Ela basicamente me disse que minha música é a trilha sonora de algum trauma dela e, por isso, não vai trabalhar comigo. Tipo... o que? Isso é ridículo! Ela é uma profissional! E eu estou oferecendo a oportunidade da vida dela! Milhões de pessoas dariam tudo para estar no lugar dela!

O agente, ao lado, pigarreou, claramente desconfortável com o desabafo furioso de Billie. Mas ela nem percebeu, já estava totalmente envolvida em sua própria raiva.

— É como se ela estivesse me punindo por algo que nem é minha culpa! — Billie continuou, gesticulando enquanto falava. — E o que mais me irrita é que ela é boa. Tipo, muito boa no que faz! Ela é exatamente o que precisamos para essa turnê, e ela simplesmente... diz não. Não por causa do trabalho, não por causa do valor — que, aliás, eu deixei bem claro que podemos negociar. Não, ela diz não porque a minha música a faz lembrar de uma ex maluca! É sério isso?

— Parece complicado. — Finneas respondeu, tentando manter a calma enquanto a irmã continuava a despejar sua frustração.

— Sim, é complicado! — Billie quase gritou no telefone, exasperada. — E por que precisa ser assim? É como se eu estivesse jogando um jogo que nem sabia que estava jogando! Ela fica lá, com aquele ar de superioridade, recusando, como se minha música fosse algum tipo de veneno que ela não quer tocar. E sabe o que é pior? — Billie nem esperou por uma resposta. — Ela é uma profissional de respeito! Isso não devia ser sobre o que ela sente! Isso devia ser sobre o que a gente pode criar juntas! Eu não entendo, Finneas. Eu simplesmente não entendo.

No banco da frente, o agente de Billie tentava intervir, mas sabia que aquele não era o momento.

— Olha, Bill, — Finneas começou, tentando acalmar a irmã — eu sei que você está frustrada, mas talvez tenha mais coisa por trás disso. Talvez seja mais emocional do que profissional para ela...

— Exatamente! — Billie interrompeu de novo, agora se movendo inquieta no banco. — E é isso que me deixa maluca! Não pode ser emocional, isso é trabalho! E, sério, que tipo de desculpa é essa? Ela nem ao menos quis tentar negociar. Tipo, eu sei que as pessoas têm suas razões pessoais, mas... onde fica o profissionalismo? Será que ela não pode separar uma coisa da outra? Isso não deveria importar! Eu estou oferecendo a chance de trabalhar no maior projeto da minha vida, e ela me olha como se isso não significasse nada! Como se eu não significasse nada.

Ela jogou a cabeça para trás, respirando fundo, claramente exausta de tanto falar.

— Finneas, eu não sei o que fazer. Eu nunca precisei convencer alguém assim antes. Normalmente, as pessoas querem fazer parte disso. E agora tem essa mulher que, por algum motivo que eu mal consigo entender, só... não quer. Não importa o quanto eu tente.

Do outro lado da linha, Finneas suspirou, compreensivo.

— Às vezes, as pessoas têm seus motivos, Bill. E talvez não seja algo que você possa mudar. Mas isso não significa que você não vai conseguir outra pessoa pra esse trabalho. Talvez seja hora de deixar isso pra lá.

Billie balançou a cabeça, mesmo que Finneas não pudesse ver.

— Não. Eu não posso deixar pra lá. — Ela respondeu, mais firme agora. — Não é só sobre a turnê. É sobre ela. Eu preciso entender o que está por trás disso. Tem alguma coisa nessa história que ainda não faz sentido pra mim. E eu não sou de desistir assim.

O agente lançou um olhar cauteloso, mas não disse nada. Ele sabia que, quando Billie colocava algo na cabeça, não havia quem a fizesse mudar de ideia facilmente.

— Certo, mas... só tenta não se desgastar demais com isso, ok? — Finneas aconselhou, preocupado.

— Eu vou tentar. — Billie disse, um pouco mais calma agora. — Mas eu ainda vou descobrir por que ela está fazendo isso.

Ela desligou o telefone, recostando-se no banco e fechando os olhos por um momento. O carro se moveu suavemente pelas ruas da cidade, mas a mente de Billie estava longe. Ela não conseguia parar de pensar no rosto de SN, na frieza em sua recusa. Algo ali estava profundamente errado, e Billie estava determinada a descobrir o que era.

Eilish e SnWhere stories live. Discover now