"O que foi dessa vez?"

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Nos dias seguintes, a turnê seguiu seu ritmo frenético: viagens, shows lotados, fãs por todo lado, e entrevistas intermináveis. Billie e SN conviviam de forma quase automática, entre olhares furtivos e momentos de tensão. A equipe ao redor delas parecia não notar, mas havia uma corrente elétrica que fluía sempre que as duas estavam no mesmo ambiente. E quanto mais a turnê avançava, mais as coisas esquentavam, tanto no palco quanto fora dele.

Entre uma entrevista e outra, Billie estava sempre atenta ao que SN fazia. Não podia deixar de notar como os outros membros da equipe pareciam gostar demais dela. Era comum ver SN sendo elogiada, seus comandos seguidos sem hesitação, e algumas vezes as interações ultrapassavam o profissionalismo. Uma troca de risadas aqui, uma mão no ombro ali. Billie sentia o ciúme crescer, ainda que ela tentasse racionalizar e convencer a si mesma de que isso não fazia sentido. Mas era incontrolável.

Após um show particularmente intenso, onde a conexão entre ela e a plateia fora avassaladora, Billie saiu do palco empolgada. O suor ainda escorria pelo seu rosto enquanto ela andava pelos bastidores, sentindo a adrenalina vibrar em seu corpo. Quando viu SN mais à frente, conversando com um dos técnicos de som, algo dentro dela se remexeu. A forma como ele olhava para SN, com aquele sorriso de admiração, fez o sangue de Billie ferver.

Não perdeu tempo e, sem pensar muito, se aproximou. Ela chegou por trás de SN e, sem dar tempo para que a outra processasse sua presença, puxou-a levemente pelo braço, afastando-a da conversa com o técnico.

— Posso falar com você um segundo? — Billie pediu, embora sua voz deixasse claro que não era exatamente uma solicitação. Havia urgência no tom, algo carregado de emoção.

SN franziu o cenho, sem entender a súbita abordagem, mas acenou para o técnico antes de se virar para Billie.

— O que foi dessa vez? — SN perguntou com uma mistura de impaciência e curiosidade. Já estava acostumada com os olhares de Billie, mas essa aproximação abrupta era diferente.

Billie a puxou para um corredor mais isolado, os sons do pós-show abafados pelas paredes ao redor. Quando ficaram a sós, Billie soltou o braço de SN, mas não se afastou muito.

— O que você tá tentando fazer, hein? — A voz de Billie era baixa, mas carregada de tensão. Havia frustração, mas também um desejo que ela não conseguia mais mascarar.

SN ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços.

— Do que você tá falando agora? — SN deu um passo para mais perto, ainda sem paciência, mas levemente intrigada com o comportamento de Billie.

— Eu vejo o jeito que eles te olham — Billie confessou, sem rodeios, seus olhos brilhando com o que poderia ser desejo, mas também uma ponta de raiva. — Os caras, a equipe... Você não percebe?

SN bufou, agora realmente achando graça da situação.

— E você acha que eu ligo? Eu tô aqui pra trabalhar, Billie. Se você tá com ciúmes de novo, isso é um problema seu, não meu — SN retrucou, virando-se para ir embora, mas Billie a impediu, tocando seu ombro de leve.

— Não é só ciúme. Você acha que eu não percebo o que tá acontecendo entre a gente? Isso tá crescendo, SN, e eu não vou mais fingir que não existe.

SN parou, virando lentamente para Billie. Havia algo no jeito que ela disse aquilo que fez SN vacilar por um segundo. O desejo que Billie estava sentindo era palpável, e a forma como seus olhos se fixaram nos de SN tornou tudo ainda mais intenso.

— E o que você quer que eu faça sobre isso? — SN perguntou, sua voz saindo mais baixa do que pretendia. Ela sempre fora marrenta, resistente, mas o jeito que Billie falava mexia com ela.

Billie deu um passo à frente, encurtando ainda mais a distância entre elas. O coração de SN acelerou contra sua vontade.

— Eu quero que você pare de fugir — Billie sussurrou, seus olhos caindo momentaneamente para os lábios de SN. O desejo era quase insuportável agora, mas ainda havia uma linha que Billie não cruzaria sem permissão.

O ar ao redor delas parecia ter ficado mais denso, carregado de tensão e de algo não dito. SN mordeu o lábio, lutando contra a própria vontade de ceder. Mas ela não era o tipo de pessoa que se deixava levar facilmente. Nem por Billie, nem por ninguém.

— Isso aqui ainda é trabalho, Billie — SN sussurrou de volta, tentando recuperar o controle da situação. — Não mistura as coisas.

— Difícil não misturar quando eu penso em você o tempo todo — Billie confessou, sua voz agora mais suave, quase um apelo. Ela estava cansada, sim, mas o desejo que sentia por SN a mantinha firme, impelindo-a a continuar.

SN fechou os olhos por um momento, tentando se recompor. Sabia que havia algo ali, mas estava tão machucada pelo passado que a ideia de ceder a qualquer coisa relacionada a Billie parecia insuportável. Mesmo assim, as palavras de Billie reverberaram dentro dela de um jeito que era impossível ignorar.

— Você não vai conseguir o que quer tão fácil, Eilish — SN respondeu, abrindo os olhos e encarando Billie com uma mistura de desafio e atração.

Antes que Billie pudesse responder, alguém apareceu no corredor, chamando Billie para a próxima entrevista. O momento se quebrou, e ambas respiraram fundo, percebendo que, pelo menos por agora, essa conversa ficaria inacabada.

SN deu um passo para trás, afastando-se de Billie. O olhar que trocou com ela foi rápido, mas cheio de significado. Havia algo ali, crescendo, e ambas sabiam que isso não ficaria adormecido por muito tempo.

Eilish e SnWhere stories live. Discover now