Capítulo 19

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Marcos

Estou sentindo dores em partes do meu corpo que nem imaginei que seria possível. Durante a madrugada, após acomodar Gael em minha cama, tentei dormir um pouco, mas naquela poltrona não consegui encontrar uma posição confortável. Diferente de mim, que estou tendo uma noite infernal, Gael dorme tranquilamente. Pelo seu leve ronco, percebo que ele finalmente conseguiu acalmar sua mente. Olho pelas cortinas entreabertas e vejo que o céu está mostrando seus primeiros tons alaranjados, indicando que o sol logo aparecerá. Como não conseguiria dormir mais, decidi dar uma volta pela propriedade.

Ao sair do quarto, dou de cara com Luciano e, pelo seu rosto, percebo que ele também não conseguiu dormir.

— Noite ruim? — Ele perguntou. Queria dar uma resposta malcriada, mas me lembrei de com quem estava falando. Luciano não tinha muito senso de humor. Se colocássemos ele e Al juntos, seriam a dupla mais sem graça que já existiu.

— Quase isso.

— Vai correr? — Estranhei o interrogatório, mas fui o mais educado que pude.

— Até queria, mas minhas costas estão me matando.

— É o preço que a idade cobra. Um dia, todos sentirão essa dor — disse ele sorrindo.

— No meu caso, foi uma poltrona do tamanho de um ovo que fez esse estrago — falei enquanto descíamos a escada.

— Por que você estava dormindo em uma poltrona? O seu quarto não tem cama?

— Longa história.

— Tenho tempo.

— Eu não. — Acelerei o passo, tentando escapar de sua presença.

— Agora fiquei curioso.

Se contasse ao Luciano, logo todos saberiam. Nessa família, a fofoca era como fogo em folha seca. Parecia uma máfia da fofoca.

Chegamos à sala de jantar e, surpreendentemente, quase todos já estavam em volta da mesa. Essas pessoas não dormem? Ainda não eram nem sete da manhã. O pai e a irmã de Gael entraram na sala, cumprimentaram os presentes e se sentaram.

— Bom dia. — Alguém falou comigo, mas minha mente parou por alguns segundos. Eu realmente precisava dormir com urgência.

— Marcos? — Olhei para Tomás e vi sua cara de poucos amigos; foi ele quem falou comigo.

— O que foi? — Minha voz saiu um pouco rude.

— Perguntei se você está bem.

— Por que não estaria? Com esse ar puro do campo, na companhia de pessoas maravilhosas, não teria como não estar bem? Estou maravilhado — o sarcasmo saía por todos os poros do meu corpo.

— Por que essa cara então? — Mas Tomás não desistiria.

— Não dormi bem na noite passada, estou com dor de cabeça, dores nas costas e sem paciência para suas gracinhas.

Coloquei um pouco de café e inalei o cheiro fresco e revigorante.

— Viram o Gael? Acordei e ele não estava no quarto. — Continuei me servindo tranquilamente, mas o olhar de Sebastian e Luciano estava me fazendo perder o apetite.

— Não vimos ele, meu bem. Qual foi a última vez que falou com ele? — Tomás mostrou uma expressão preocupada. Afinal, ele os convidou e se sentia responsável por eles.

— Ontem à noite, quando voltei para o quarto, ele já estava dormindo.

— Temos que procurá-lo, mas talvez ele só tenha saído para ver o jardim — disse Tomás, tentando tranquilizá-los.

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⏰ Última atualização: Oct 18 ⏰

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