O Encontro com Marcos

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A noite estava carregada de tensão. A cidade do Rio de Janeiro, que normalmente exalava a energia vibrante de suas ruas e praias, parecia agora um palco silencioso, com cada esquina escondendo segredos sombrios. Clara, Miguel e Luísa estavam em uma corrida contra o tempo, e o destino os guiava em direção a Marcos, um homem misterioso cujas conexões poderiam ser a chave para desvendar o mistério de Rafael.

Os três estavam em silêncio enquanto dirigiam pelas ruas vazias, com a luz dos faróis cortando a escuridão. Clara, com a cabeça cheia de perguntas, olhava pela janela, mas sua mente estava longe. O caderno, o código, e a verdade sobre o envolvimento de Rafael com algo tão grandioso e perigoso ainda pairavam em sua mente.

— Você acha que Marcos vai nos ajudar? — Luísa quebrou o silêncio, a voz cheia de incertezas.

Clara olhou para ela, com um semblante sério.

— Eu não sei, Luísa. Marcos sempre foi enigmático. Ele tem as respostas, mas nunca se deixou conhecer de verdade. É como se ele estivesse sempre dois passos à frente de todos.

— E isso é bom ou ruim? — Miguel perguntou, mantendo os olhos na estrada.

— Depende de quem você pergunta. Se ele achar que podemos ajudá-lo de alguma forma, talvez ele se arrisque a nos dar o que precisamos. Mas, se ele achar que somos um obstáculo, ele pode desaparecer da nossa vida para sempre.

O carro foi diminuindo a velocidade conforme se aproximavam do bairro de Lapa, uma região famosa por sua vida boêmia e seus bares agitados. As luzes da cidade estavam mais vivas ali, mas a sensação de urgência não deixava o trio relaxar. Eles sabiam que o tempo estava contra eles.

Finalmente, o carro parou em frente a um prédio antigo e mal iluminado. Marcos, como esperado, tinha um gosto peculiar por lugares discretos. O prédio parecia inóspito, como se fosse um local onde segredos eram guardados e protegidos.

— Estamos aqui. — Clara falou, seu tom grave refletindo a importância daquele momento.

Eles saíram do carro e, com passos firmes, atravessaram a rua até a entrada do prédio. Clara segurava o caderno com força, como se fosse a última coisa que poderia manter a conexão com Rafael. O elevador antigo os levou até o terceiro andar, e, ao saírem, uma sensação de estranheza os envolveu. O corredor estava silencioso demais, como se o ambiente fosse uma cápsula isolada do mundo lá fora.

À frente da porta de Marcos, Clara hesitou por um instante. Era difícil colocar em palavras tudo o que precisavam, e ainda mais difícil saber como Marcos reagiria.

— Eu vou bater. — Clara disse, olhando para Miguel e Luísa, que acenaram com a cabeça.

Ela bateu na porta, e o som ecoou pelo corredor vazio. A resposta veio quase instantaneamente, quando a porta foi aberta. Marcos, com seu olhar penetrante e expressão inabalável, apareceu diante deles. Ele parecia o mesmo de sempre, mas algo em seu olhar estava diferente — mais cauteloso, como se soubesse que aquele encontro não seria simples.

— Clara, Miguel, Luísa... — Marcos disse, sua voz baixa e calculada. — O que estão fazendo aqui, no meio da noite?

— Precisamos conversar. É sobre Rafael. — Clara disse sem rodeios, seu olhar fixo em Marcos, tentando ler o que ele estava pensando.

Ele os observou por um momento, como se estivesse decidindo se os deixaria entrar ou os afastaria de vez. Finalmente, fez um gesto com a mão, convidando-os a entrar.

— Entrem, mas saibam que você têm apenas cinco minutos. — Marcos fechou a porta atrás deles e caminhou até a sala, onde a luz suave de lâmpadas antigas iluminava o ambiente. — Fale.

Clara respirou fundo, sentindo o peso da situação. Ela começou a explicar o que havia acontecido com Rafael, como ele havia sumido e como descobriram o código que ele estava tentando quebrar. Marcos a ouvia atentamente, mas seu rosto permanecia impassível.

— O que você sabe sobre esse código, Marcos? — Miguel perguntou, com a voz tensa. — Rafael estava em risco por causa dele. Você pode nos ajudar a entender?

Marcos fez um movimento quase imperceptível, como se estivesse ponderando se deveria ou não revelar algo que poderia mudar tudo. Ele se recostou na cadeira, seu olhar em Clara.

— Eu já sabia que Rafael estava perto de descobrir algo grande. O código, como você chamaram, é apenas a ponta do iceberg. Ele estava investigando uma rede internacional de corrupção e espionagem digital. Não é só tráfico de dados, é algo muito maior, muito mais perigoso. E quem está por trás disso não hesitará em destruir qualquer um que se coloque no caminho.

Clara engoliu seco, o peso das palavras de Marcos caindo sobre ela como uma onda de desespero.

— Então, Rafael não estava apenas tentando expor algo, ele estava tentando impedir algo muito maior... — Luísa murmurou, com a mão na testa, tentando processar as novas informações.

Marcos assentiu lentamente.

— Exatamente. Mas agora é tarde demais para Rafael. Eles sabem que ele estava se aproximando demais da verdade. Ele tinha pouco tempo, e talvez, só talvez, você ainda tenha uma chance de impedir que tudo isso se torne realidade. Mas se decidirem entrar nesse jogo, não há volta. Vocês precisarão de aliados poderosos, porque o que está por trás disso envolve pessoas que ninguém ousaria enfrentar.

Clara sentiu o estômago revirar. Ela sabia que nada do que estava acontecendo seria simples, mas agora parecia que estavam entrando em um jogo onde as apostas eram mais altas do que jamais imaginara.

— Então, o que precisamos fazer? — Clara perguntou, sua voz firme, apesar da tensão crescente.

Marcos levantou-se, pegando um pequeno dispositivo que estava sobre a mesa.

— Encontrar quem está por trás disso. E quebrar o código. Eu posso ajudá-los a chegar lá, mas vou precisar de um favor em troca. E será algo que pode colocar todos nós em risco. Se estiverem dispostos, então vamos em frente. Caso contrário, vocês devem ir embora agora.

Eles se entreolharam. O caminho estava mais claro, mas os riscos eram maiores. A decisão estava tomada. Não havia como voltar atrás.

Garoto do RioOnde histórias criam vida. Descubra agora