A Brecha

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O aeroporto de Brasília era mais movimentado do que Clara esperava. A capital parecia pulsar com um ritmo próprio, mais formal, mais burocrático. Mas por trás dessa aparente tranquilidade, ela sabia que segredos perigosos estavam escondidos.

Ao lado de Miguel e Luísa, Clara caminhou rapidamente pelos corredores até a saída, onde um carro discreto os aguardava. Marcos havia providenciado o transporte, e um motorista que parecia saber muito bem o que estava acontecendo acenou com a cabeça quando os três se aproximaram.

— Vocês são os passageiros? — perguntou o motorista, sem se identificar.

— Sim. — Clara respondeu, olhando brevemente para os outros.

Sem mais palavras, ele abriu a porta do carro e eles entraram. Durante a viagem até o local onde a operação seria realizada, o silêncio no carro era denso. Clara estudava mentalmente o plano repetidamente, tentando se preparar para qualquer imprevisto. A missão parecia simples no papel, mas a realidade sempre era mais complicada.

Eles estavam indo para um prédio de escritórios do governo, onde, segundo Marcos, um dos fragmentos do código estava escondido em um servidor altamente protegido. A brecha no sistema de segurança que permitiria sua entrada duraria apenas quinze minutos — tempo suficiente para acessarem o servidor e saírem, se tudo corresse bem.

— Estamos nos arriscando demais. — Luísa murmurou, quase para si mesma, enquanto o carro serpenteava pelas ruas da cidade. — E se não der certo?

— Temos que fazer dar certo. — Miguel respondeu com firmeza. — Não podemos falhar logo no começo.

Clara ficou em silêncio. O tempo estava passando depressa, e em breve eles teriam que colocar em prática tudo o que haviam planejado.

Ao chegarem ao local, o motorista parou em uma rua lateral. O prédio era imponente, com grandes colunas na entrada e seguranças visíveis nas portas de vidro. Do lado de fora, parecia ser apenas mais um dos muitos edifícios administrativos de Brasília, mas Clara sabia que dentro dele havia algo muito mais valioso do que documentos oficiais.

— Vocês têm quinze minutos, lembram? — o motorista disse, sem olhar para eles. — A brecha no sistema de segurança acontecerá em breve. Quando a luz verde aparecer na parte de trás do prédio, vocês entram. Vou esperar por vocês aqui.

Clara, Miguel e Luísa saíram do carro, tentando manter a calma. A noite já havia caído, e as sombras os envolviam conforme se aproximavam do ponto de entrada, uma porta lateral escondida entre árvores e um beco estreito. Clara olhou para os outros, seus rostos iluminados apenas pela fraca luz da rua.

— Estamos prontos? — ela perguntou em um sussurro.

— Como nunca estivemos. — Miguel respondeu com um sorriso nervoso, enquanto Luísa assentia.

Eles esperaram, os corações batendo forte, até que uma luz verde suave brilhou na porta lateral. A brecha havia começado.

— Agora. — Clara sussurrou.

Com passos silenciosos, eles se aproximaram da porta e Miguel rapidamente a abriu com um cartão de acesso falso que Marcos havia providenciado. Entraram no prédio, e Clara sentiu o frio do ar-condicionado misturado à tensão que pesava no ar. O relógio já estava correndo. Quinze minutos.

Eles atravessaram o corredor em silêncio, subindo as escadas para evitar os elevadores e o risco de serem capturados pelas câmeras de segurança que ainda estavam ativas. Segundo Marcos, o sistema de vigilância seria temporariamente desativado na área onde o servidor estava localizado, mas o resto do prédio continuaria monitorado.

Ao chegarem ao andar correto, Clara avistou a sala que procuravam. O ambiente era esterilizado, com portas de vidro e iluminação branca que refletia em cada superfície. Miguel aproximou-se do painel eletrônico ao lado da porta da sala do servidor e começou a trabalhar no código de acesso.

— Rápido. — Clara sussurrou, observando o corredor para garantir que ninguém se aproximasse.

Miguel pressionava as teclas com precisão, e logo um clique suave indicou que o acesso havia sido concedido. Eles entraram na sala fria, repleta de equipamentos de última geração. As luzes piscavam nas máquinas ao redor, e o som dos ventiladores girando era a única coisa que quebrava o silêncio.

— Vamos logo. — Luísa disse, aproximando-se do servidor indicado por Marcos. Clara retirou o pendrive que haviam trazido e o conectou a uma das máquinas.

O processo de cópia dos arquivos começou imediatamente, mas parecia mais lento do que esperavam.

— Está demorando demais. — Miguel disse, olhando o cronômetro que ele havia iniciado no pulso. — Temos menos de cinco minutos.

Clara mordia o lábio, esperando que o download fosse mais rápido. O barulho do ventilador da máquina parecia amplificado pelo silêncio ao redor, e ela podia sentir a tensão crescer a cada segundo.

— Mais rápido... mais rápido... — Luísa murmurava.

Finalmente, um som de notificação indicou que o processo estava completo. Clara retirou o pendrive rapidamente e o guardou no bolso interno do casaco.

— Vamos sair daqui. — ela disse, sentindo o alívio de ter conseguido a primeira parte da missão.

Eles saíram da sala e correram pelos corredores vazios, tomando cuidado para não fazer barulho. O tempo estava quase esgotado quando finalmente chegaram à porta de saída. O motorista estava esperando, como prometido.

Sem hesitar, eles entraram no carro, ofegantes, mas aliviados por terem completado a primeira etapa.

— Conseguiram? — o motorista perguntou, já arrancando com o carro.

— Conseguimos. — Clara disse, segurando o pendrive com força em seu bolso.

Mas, enquanto o carro se afastava rapidamente do prédio, ela sabia que aquilo era apenas o começo. Ainda faltavam Londres e Seul, e cada vez mais, o perigo parecia se aproximar, como uma sombra que eles não poderiam evitar.

Garoto do RioOnde histórias criam vida. Descubra agora