O Jogo Final

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Londres estava coberta por uma névoa espessa quando o avião pousou. A cidade, com suas ruas antigas e edifícios históricos, oferecia uma certa tranquilidade para aqueles que a visitavam, mas Clara, Miguel e Luísa sabiam que por trás de sua beleza, havia perigos ocultos.

Do aeroporto, eles seguiram diretamente para o hotel que haviam reservado, uma escolha discreta em uma área central. O edifício que buscavam, marcado nas coordenadas encontradas no código, ficava a apenas alguns quilômetros de distância. Mas agora, cada passo parecia estar sendo monitorado. A sensação de estar sendo observado era constante, e Clara sabia que Os Bastidores provavelmente já estavam de olho neles.

— Precisamos ser rápidos. — Clara disse, assim que entraram no quarto. — Quanto mais tempo ficarmos aqui, mais perigoso se torna.

— Certo. — Miguel concordou, jogando sua mochila em cima da cama. — Vou fazer a última checagem no código. Se há algo que ainda não deciframos, pode ser crucial para entender o que nos espera no prédio.

Enquanto Miguel trabalhava, Clara olhou pela janela. A névoa estava mais densa do que antes, e as luzes dos postes cintilavam fracamente através dela. Londres era um labirinto de segredos, e eles estavam no coração dele.

— Já consigo ver um padrão. — Miguel disse, depois de alguns minutos. — Essas coordenadas... elas não estão apenas indicando um prédio. Estão nos levando a um andar específico, uma sala específica.

— Um cofre? — Luísa perguntou.

— Não exatamente. Parece mais com um centro de controle. — Ele franziu o cenho. — Algo relacionado à organização.

Clara se aproximou, seus olhos fixos na tela do laptop. Um calafrio percorreu sua espinha ao ver a quantidade de informações armazenadas naquele servidor, e o quanto aquilo ainda era um mistério.

— Precisamos ir agora. — ela disse com firmeza. — Não podemos esperar mais.

O prédio em Londres era imponente, com sua arquitetura moderna contrastando com os edifícios antigos ao redor. Clara, Miguel e Luísa chegaram perto da meia-noite, a hora perfeita para evitar olhares indesejados.

Eles entraram pela entrada lateral, mais uma vez usando um cartão de acesso falso. Dentro do prédio, as luzes eram suaves e o silêncio predominava. Subiram as escadas rapidamente até o andar marcado nas coordenadas, o nervosismo crescendo a cada passo.

— Aqui. — Miguel sussurrou, parando em frente a uma porta simples, mas altamente segura.

Ele começou a trabalhar no painel de acesso, suas mãos firmes apesar da pressão. Clara e Luísa estavam em alerta máximo, prontas para qualquer sinal de problema. O prédio estava quieto demais, e isso as incomodava.

Finalmente, a porta se abriu com um clique suave, revelando uma sala pequena e quase vazia. No centro, um único computador de aparência comum estava ligado, com uma tela que mostrava várias janelas de dados e gráficos.

— É isso? — Clara perguntou, surpresa. — Um simples computador?

— Não é um computador qualquer. — Luísa disse, aproximando-se da máquina. — Isso é um terminal de controle. Através daqui, eles monitoram e manipulam informações globalmente. Este é o verdadeiro coração da operação.

Miguel se sentou na cadeira em frente ao computador e começou a trabalhar. Em poucos minutos, ele acessou a rede da organização. Na tela, nomes e dados surgiam em cascata, e um em particular chamou a atenção de todos.

— Rafael. — Clara disse em um sussurro, ao ver o nome de seu irmão aparecer.

O arquivo de Rafael estava codificado com várias camadas de proteção, mas Miguel as quebrou com rapidez. Quando finalmente conseguiram abrir o arquivo, a verdade surgiu como um soco no estômago.

Rafael não era apenas uma vítima da organização. Ele estava envolvido com Os Bastidores desde o início, trabalhando como uma das mentes por trás das operações. As coordenadas, os códigos, tudo estava relacionado a ele. Ele havia guiado Clara e seus amigos para um jogo perigoso, manipulando-os para chegar até aquele momento.

— Não... isso não pode ser verdade. — Clara disse, atônita. — Ele nunca faria isso.

— Clara... — Miguel começou, mas ela balançou a cabeça, recusando-se a aceitar.

— Não! Rafael nunca faria isso. Ele estava tentando se proteger. Eles o forçaram. — Ela insistiu, mas no fundo, uma parte dela sabia que a verdade estava ali, clara como o dia.

De repente, um som de alerta preencheu a sala. As luzes ficaram vermelhas, e Clara soube que haviam sido descobertos. O tempo estava se esgotando.

— Temos que sair daqui! — Luísa gritou, já se levantando.

Miguel rapidamente desconectou o computador, mas antes de partir, ele inseriu um comando que apagaria os dados e bloquearia o sistema por tempo suficiente para que pudessem escapar.

Eles correram pelos corredores, descendo as escadas o mais rápido possível enquanto o som de alarmes ecoava pelo prédio. O ar estava pesado com o perigo iminente, e Clara sentia que estavam sendo seguidos a cada passo.

Quando finalmente chegaram à saída, Clara parou por um breve momento, olhando para trás.

— Rafael... — ela sussurrou, sabendo que, embora seu irmão tivesse feito escolhas que a traíram, ela ainda o amava.

Eles escaparam pela noite nebulosa de Londres, com a sensação de que, apesar de terem sobrevivido, a guerra ainda não havia terminado. Rafael poderia estar em qualquer lugar, manipulando os eventos das sombras. Agora, Clara sabia que o verdadeiro desafio seria confrontá-lo e enfrentar a dura verdade sobre quem ele havia se tornado.

E enquanto se afastavam do prédio, Clara jurou que faria o possível para salvá-lo — não importa o que isso custasse.

FIM

Garoto do RioOnde histórias criam vida. Descubra agora