16 de fevereiro de 2001
Imperial, Rio de janeiroOs pais de Isadora nos convidaram para um jantar na casa deles, já sabia que não iria acontecer nada de bom, mas eu precisava ir para conhecer, já que o intuito do jantar era exatamente isso. Se conhecermos.
Coloquei a roupa mais ajeitada e comportada que eu tinha, não queria passar uma má impressão para Isadora não levar algum sermão. O caminho foi um completo silêncio desconfortável, Isa já estava lá e disse para não nos atrasarmos muito, porque seus pais não eram rígidos com horário.
—A gente pode desistir ainda, né?— Axel brinca assim que estacionamos em frente a casa deles.
—Não mais, tem certeza que quer mesmo participar? Podemos ir apenas nós e você fica aqui.— Thierry olha para Axel e ele balança a cabeça, saindo do carro.
—Eu tenho que enfrentar de qualquer forma, vamos antes que eles se estressam e eu não estou afim de discutir com brancos.
Quando batemos na porta, Isadora veio rapidamente nos atender com uma cara de poucos amigos, algo com certeza já tinha acontecido antes de chegarmos. Ela nos dá espaço e entramos todos em silêncio.
Entrei pela porta principal e logo senti a atmosfera de elegância e conforto. A sala de estar é ampla, com um teto alto, janelas enormes que deixam a luz natural invadir o espaço, e cortinas de linho que dançam levemente ao vento. O chão é de madeira escura, polida, contrastando perfeitamente com as paredes em tons neutros e alguns quadros modernos pendurados estrategicamente. No centro, um sofá enorme em L, revestido de veludo cinza, é acompanhado por uma mesa de centro espelhada e decorada com livros de arte e um vaso de flores frescas. O lustre no teto, feito de cristal, reflete a luz de forma mágica.
—Sejam bem vindos, essa é a casa dos meus pais.— Ela diz com um sorriso fraco e nos conduz para um corredor. —Eles estão na cozinha, estão ansiosos para conhecer todos vocês.
Caminhando para a cozinha, tudo é sofisticado, mas funcional. Os armários são brancos com detalhes dourados, os eletrodomésticos embutidos são de última geração e há uma ilha central com mármore italiano. Na grande mesa localizado no centro da cozinha, tinha três pessoas. A mãe de Isadora foi a primeira a nos cumprimentar assim que nos viu, era a cópia de Isadora: loira, olhos azuis, baixa e pele branca e delicada. O pai também era branco mas tinha cabelos escuros e olhos castanhos, tinha uma postura prepotente e arrogante. Ambos vestiam roupas de marcas luxuosas e por um segundo me senti extremamente pobre com as minhas roupas.
A terceira pessoa claramente era uma empregada, tinha roupas superiores e era parda, mantinha a cabeça baixa o tempo inteiro e bem longe da mesa.
—É um prazer conhecer todos vocês, a Isadora fala muito de vocês.— A mãe de Isa diz com um sorriso forçado, seu olhar de decepção por não ter um amigo rico no meio era perceptível. Já o pai não disfarçava o olhar de desgosto para cada um de nós, se prolongando em Axel de propósito.
—Me lembro de dizer que o jantar começaria as sete, creio que Isadora disse o horário certo, não?— Ele pergunta com deboche, olhando o relógio no pulso com impaciência. Não havia se passado menos de quinze minutos de atraso, mas parece que já era o suficiente para ele se irritar.
—Foi culpa minha, eu demorei a me arrumar. Isadora disse que era uma ocasião muito importante e eu não queria decepciona-lá, peço perdão.— Abro a boca para dizer primeiro que todo mundo, seu pai me olha duro mas não diz nada, ele não gritaria comigo como gritaria com algum dos meninos se falassem.
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As Sombras da Mata- OS VITURINOS [LIVRO 1]
FantasíaLIVRO 1 DA SAGA: OS VITURINOS Zanaina Viturino viveu toda a sua vida sendo uma ótima viajante do tempo: salvando pessoas, cumprindo profecias, abandonando pessoas importantes e conhecendo as épocas e seus desafios de sobrevivência. Agora Zanaina de...