Capítulo 7: Cuidando das Feridas

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Capítulo 7: Cuidando das Feridas

Renan estava deitado no sofá da sala, enquanto dona Marta preparava os materiais para cuidar do ferimento em seu braço. A dor ainda latejava, mas o que mais incomodava Renan não era o tiro, e sim o que havia acontecido minutos antes. A imagem de Rafael, o policial que ele sempre viu como inimigo, ajudando-o a escapar da morte, ainda rondava sua mente.

“Meu filho, fica quieto aí, deixa eu cuidar desse braço”, Marta disse, sentando-se ao lado dele com gaze, álcool e uma agulha para fechar o ferimento.

Renan olhou para o teto, ainda processando tudo. “Mãe, eu não tô entendendo nada... Por que aquele cara me ajudou? Ele é da polícia, eles vieram pra me pegar.”

Marta sorriu enquanto começava a limpar o ferimento, tentando não fazer muita pressão para não aumentar a dor do filho. “Ele já te disse, Renan. O menino odeia ser policial, tá lá por causa do pai. Ele tem outros sonhos, outras vontades.”

Renan fez uma careta quando sentiu a agulha penetrar sua pele, mas logo em seguida bufou de frustração. “Mas isso não faz sentido. O cara é meu inimigo, policial e dono de morro não se misturam. E mesmo assim, ele apareceu ali e me salvou.”

Marta terminou de costurar o corte e olhou para o filho com um ar divertido. “Você sabe o que eu acho disso tudo, né? Eu tô te falando, Renan, tem alguma coisa rolando aí entre vocês dois.”

Renan a olhou com descrença. “Mãe, pelo amor de Deus, de novo com essa história de casal?”

Marta deu de ombros e continuou a enfaixar o braço dele. “Tô só dizendo o que eu vejo. Um policial salvando o dono do morro? Ele podia ter te deixado lá, podia ter te entregado, mas não. E não vem me dizer que é só porque ele odeia ser policial. Tem algo mais aí.”

Renan suspirou profundamente, ainda confuso com tudo. “Eu não consigo entender, mãe. O cara é um policial, e mesmo assim... ele fez aquilo. Me salvou. E, pior, eu nem consigo odiar ele por isso. Tô mais grato do que qualquer outra coisa.”

Marta terminou de enfaixar o braço e deu um tapinha leve no ombro de Renan, sorrindo de forma carinhosa. “Às vezes, a vida é assim, meu filho. Pessoas que a gente nunca espera acabam entrando no nosso caminho de formas inesperadas. E quem sabe o que isso significa, né? Só o tempo vai dizer.”

Renan ficou em silêncio por alguns segundos, a mente girando com as palavras da mãe. Ele ainda não conseguia processar totalmente a ideia de que talvez houvesse algo mais entre ele e Rafael, mas não podia negar o impacto que a presença do policial já estava tendo em sua vida.

“Você realmente acha que pode acontecer alguma coisa entre nós, mãe? Entre eu e um policial?”, Renan perguntou, quase com receio da resposta.

Marta riu levemente e balançou a cabeça. “Não sei, meu filho. Mas que tem uma faísca aí, tem. Só presta atenção e vê onde isso vai te levar. Às vezes, o destino nos surpreende.”

Renan suspirou mais uma vez, sabendo que sua mãe, apesar das brincadeiras, sempre tinha uma intuição afiada. Enquanto Marta terminava de cuidar dele, ele não conseguia tirar Rafael da cabeça. Havia algo sobre o policial que mexia com ele, algo que ele ainda não conseguia entender completamente. Mas uma coisa era certa: aquela noite mudaria tudo.

E enquanto a dor no braço diminuía, outra sensação, mais profunda e confusa, começava a crescer dentro dele.

Continua…

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