Aparentemente inocente

capítulo 11

Caminho pelos corredores brancos, alguns enfermeiros passam por mim, olho em volta e subo a escada até chegar no segundo andar. Procuro pelo quarto indicado na recepção e encontro no final do corredor, caminho segurando as flores em meu braço, paro em frente a porta e olho pelo pequeno vidro que não tem ninguém além da paciente. Dou duas batidas fracas na porta e abro, entro no quarto e fecho a porta outra vez.

- Olá.._ digo e caminho até perto da cama, a menina me olha surpresa e se senta.

- Cyndi Mendes?_ ela diz e sorri, vejo a faixa em sua cabeça, seu pescoço também está enfaixado - Oi, nossa não esperava uma visita sua _ ela sorri contente.

- Fiquei preocupada com você, eu fui uma das primeiras pessoas que te viu no dia do acidente _ falo e deixo as flores ao lado da cama - Como você está, Samantha?_  me sento em uma poltrona perto da cama e olho para ela.

- Bem, estou fora de risco agora _ ela fala e junta as mãos em sua perna - Mas foi por pouco, o ferimento em minha cabeça foi muito grande, tive que passar por uma pequena cirurgia mas agora está tudo bem. _ observo seu semblante tranquilo, lembro de como ela estava dias atrás completamente ensanguentada no chão da escola.

- O que aconteceu?_ pergunto e ela olha para mim - Pode me contar como foi?

- Sim.._ ela olha para baixo e então começa a contar -  Naquele dia eu estava ansiosa para voltar para a minha sala, eu tinha que terminar de anotar algumas coisas no trabalho que eu esqueci. Quando eu vi que o intervalo já estava quase acabando eu fui logo para a minha sala, não tinha ninguém nos corredores, entrei e fui direto terminar as anotações, terminei e sai da sala, e foi aí que tudo aconteceu... _

Ela engole em seco, suas mãos se apertam uma na outra, Samantha olha para mim e eu vejo o medo em seus olhos, me levanto e me sento na cama ficando em sua frente, seguro em sua mão e espero até que ela se acalme.

- A coisa que me atacou não foi um ser humano..._  sinto um arrepio por minha pele, a sensação de que estamos sendo observadas cresce em meu coração - Eu juro que eu não estou louca, Cyndi. Aquela coisa era enorme, tinha os olhos vermelhos e garras assustadoras, ele me pegou pelo pescoço e me enforcou com tanta força que eu sentia que meus olhos estavam saindo para fora..

- Meu Deus...._ falo e me sinto assustada tanto quanto ela.

- Eu sentia que ia morrer, o sangue já estava cobrindo os meus olhos, aquela coisa me jogou no chão e foi quando eu machuquei a cabeça, mas aí eu vi quando alguém agarrou o pescoço daquela criatura e esmagou como se não fosse nada._  ela olha para mim e sorri fraca- Não consigo me lembrar do rosto, mas eu vi Cyndi... Ele matou aquela coisa com uma única mão._

Só há uma pessoa que pode ter matado aquela criatura, no dia do acidente foi ele quem desceu as escadas correndo antes de alguém chegar. Então tudo que ele me disse, é verdade, não foi ele quem tentou matar essa menina, na verdade ele salvou a vida dela...

- Você acredita em mim?_ ela pergunta e eu confirmo - Eu contei aos meus pais, contei aos médicos e ninguém acreditou, eles acham que eu não estou bem da memória.

- Eu acredito em você, sei que está falando a verdade, eu sinto isso _ falo e  me levanto - Mas não comente isso com ninguém, eles vão fazer você acreditar que realmente é coisa da sua cabeça, mas você sabe que não é.

- Obrigada por acreditar em mim _ ela fala e sorri - E também por ter vindo me visitar, sempre quis conversar com você, te acho muito incrível Cyndi _ me abaixo um pouco e lhe abraço com cuidado, me afasto e vejo o médico entrar na sala.

- Você é forte, e vai ficar tudo bem- olho para o relógio e vejo que já está na hora de ir embora - Tenho que ir agora, deixei meu número ali junto das flores, me liga quando quiser.