Aparentemente inocente

capítulo 47

POV _ Killian Vitalli

Circunstâncias difíceis exigem atitudes  exageradas e foi oque eu fiz quando Cyndi foi embora, me senti uma verdadeira aberração, uma escória de merda, um monstro como sempre fui. Levado pelo ódio eu entrei no quarto e acabei com tudo, cada pintura, cada canto daquele maldito lugar eu destruí, tudo que sobrou foram os pedaços pelo chão.

Minha mente está simplesmente vazia, essa era a reação que eu esperava que Cyndi tivesse, foi por isso que eu não contei antes, foi por isso que esperei todos esses anos, porque sabia que ela não iria acreditar em mim.  Seu olhar frio sobre mim me fez despertar algo que a muito tempo não sentia, sua distância trouxe de volta aquele sentimento, suas palavras foram lançadas e perfuraram meu coração como uma espada.

Tudo que vivi nesses anos foi a mais completa solidão, por escolha minha e por tudo que fiz, Cyndi não tem ideia de como eu me sinto, ela não tem ideia da verdade, e por mais que eu me esforce tudo é em vão porque ela não acreditou em mim. Cada momento que passamos juntos, cada palavra que saiu da minha boca, era verdade, nunca disse um "eu te amo" sem realmente amar, nunca disse esse palavra para outra pessoa, disse unicamente e somente para ela.

O killian que ficou lá sentado no chão enquanto ela foi embora, se ainda existia alguma coisa dentro dele, acho que sumiu. Minha alma sempre foi fria e vazia, mas ela trouxe de volta, meu coração sempre foi frio e machucado, mas ela preencheu oque faltava, e agora ela retirou tudo que me deu, ela levou de volta oque me mantinha de pé, ela levou minha humanidade e só restou meu sangue frio.

O avião pousa sobre terras italianas, aguardo o momento certo e desembarco, sigo pelo aeroporto e pego minhas malas, sigo para fora e pego um táxi. Não avisei a ninguém a hora que chegaria, só disse que seria hoje, então ninguém veio me buscar e eu prefiro assim.

Olho para fora enquanto o carro segue pelas ruas bonitas de Florença, a cidade onde nasci e cresci, aqui fui criado e aprendi muitas coisas, aqui muitos me conhecem, mas nem todos são por um bom motivo.  O táxi segue até o endereço que lhe falei, quarenta minutos são a distância do aeroporto até chegar em casa, e exatos minutos depois o carro para em frente ao portão da mansão dos Vitalli.

Pago o taxista e pego minhas malas, subo na calçada e toco a campainha já que não tenho a chave, olho para a câmera de segurança que pega a frente da casa, sinto minhas mãos coçarem é a vontade de fumar, não pude fazer isso dentro do avião e estava quase me estressando lá dentro. 

Escuto um barulho vindo do outro lado e o portão finalmente é aberto, uma mulher atende e me cumprimenta

- Bem vindo de volta senhor Zayn _ a funcionária da casa me cumprimenta educada e pega uma das malas - Entre por favor, sua mãe está na cozinha _

- Grazie _ pego a outra mala e sigo pelo jardim, olho em volta e tudo ainda está como me lembrava.

Abro a porta da entrada e deixo a mala no canto, entro na sala enorme e vejo que minha mãe ainda mantém minhas fotos horríveis na estante. Caminho devagar em direção a cozinha, sinto o cheiro de comida vindo de lá, escuto um barulho e paro na porta, ela está de costas e não me vê chegando.

- Ha un buon odore, mamma _ falo encostado na parede e rapidamente ela se vira para mim, suas mãos soltam o pano que segurava e ela corre até mim

- Zayn mio amore!_ ela me abraça forte e chora em mim - Que saudade il mio ragazzo_

- Madre.._ afundo o rosto em seu pescoço e me permito descansar no melhor abraço que existe, ela chora e acaricia minhas costas.

Aqui dentro desse abraço eu não sou um monstro, não sou um mentiroso enganador, aqui eu sou apenas o filho que voltou para casa, aqui eu sou apenas Zayn Rodrigues.