Laços e Lutas|Cobra Kai

Capítulo 7

Abri meu armário escolar revirando e procurando nem que fosse uma caneta para anotar o endereço do karatê do Miguel quando a porta se fechou bruscamente quase não tive tempo de tirar meus dedos de lá.

—Merda!—Eu exclamei após conseguir salvar meus dedos.Olhei vendo o Ron,ele estava suado e ofegante.—Você está bem?—Perguntei.

—Eu pareço bem?—Ele disse e não esperou minha resposta.—Você está me deixando assim.Eu estou perdendo a noção do tempo,me dedico em mil coisas diferentes pra fazer você me notar,por que não me nota?—Ron estava se humilhando bem na minha frente,eu fiquei com dó dele mas não,eu não vou ceder a isso.

—Desculpa Rony,podemos tentar ser amigos.—Eu falei na esperança de amenizar a carência do garoto.

—Eu não quero ser só seu amigo.—Ele disse.

—Foi a Lily quem pediu pra você dizer essas coisas?—Eu perguntei.

—Não,não foi ela.—Ele disse parecendo mesmo falar a verdade.Eu não quis ficar ali por mais tempo,sai andando na esperança de ele não me seguir,mas foi exatamente isso que ele fez.—Me diz,por que não me dá ao menos uma chance?Eu fiz de tudo pra chamar sua atenção.

—Porque eu já tenho alguém.—Me virei bruscamente para encara-lo.Ele ficou parado por alguns segundos tentando processar isso eu o deixei ali enquanto saia pro intervalo.

Lily estava de férias em Barcelona eu sinceramente não queria ficar sem ela já que a mesma não tem previsão de voltar,agora acho que terei que arrumar um novo ciclo de amigos.

Assim que cheguei no refeitório me deparei com o Miguel em cima da mesa segurando uma bandeja enquanto era aplaudido de pé,mais que diabos está acontecendo?Pessoas estavam com celulares nas mãos e assim que vi Kyler e alguns amigos dele com o Brucks no chão eu entendi tudo.Mas tudo acabou quando a conselheira Blatt tirou o Miguel de cima da mesa e o levou para diretoria.

—X—x—X—

E

m casa durante o jantar Demetri comentou sobre o karatê.

—Amanhã eu e a Emma vamos ter aulas experimentais de karatê.—Demetri disse.

—Parabens filhão.—Meu pai disse sem dar muita atenção,ele estava mais preocupado com algo em seu computador.

—E você mãe,o que acha disso?—Eu perguntei na esperança de ouvir uma resposta completa.

—Conversamos depois,querida.—Ela disse também ocupada,eu odeio isso,eles nunca podem nada,sempre estão ocupados no trabalho.

—Certo.—Sai da mesa com raiva,ah como eu odeio ser ignorada,eu me senti uma completa ridícula mendigando atenção de pessoas que deveriam se importar comigo sem quer eu ao menos pedisse.

Fui pro quarto fechando a porta com raiva,mas ela não ficou muito tempo assim já que Demetri entrou.

—Não sei porque você ainda insiste em chamar a atenção da mamãe.—Demetri sabe que a tempos eu me moldei inteira para ser a versão que mamãe queria ter sido.

Ela só casou com o meu pai por contra do Demetri,sua gravidez não desejada,após o pai dela,meu avô super religioso te-la forçado a se casar com o papai.Mas a família do nosso pai tem outro fator pelo qual ele também foi obrigado a se casar.Na época faltava um ano pra mamãe fazer dezoito e papai já tinha vinte e cinco anos,além do mais se a imprensa descobrisse as fábricas em nome da família O'Brian estariam arruinadas.

Mas não era isso que mamãe queria,ela queria ter boas notas,viver a vida ao máximo e seu sonho sempre foi ganhar uma bolsa para uma faculdade,qualquer uma que fosse.Ela só queria ser reconhecida pela sua capacidade,mas isso acabou quando Demetri nasceu,e quando ela cogitou em entrar em uma faculdade por conta própria eu acabei nascendo e acabando com os planos dela.As vezes agradeço por eles entenderem que a culpa não foi nossa,mas sim deles,não sei o que seria de mim se não fosse assim,mas,eles tinham que entender que um cartão não compra carinho e afeto.

—Eu queria ser reconhecida.—Falei enterrando a cabeça no travesseiro.

—Por quem?—Ele perguntou.

—Por ela.—Senti uma lagrima quente escorrer dos meus olhos e seguindo um caminho cruzado.