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DOMINGO
Você raramente via seu pai.
Quando você nasceu, seus pais já tinham se divorciado, e ele escolheu permanecer praticamente alheio à sua vida. Você conheceu seus avós e recebeu alguns presentes de Natal e aniversário, mas nada que causasse um impacto duradouro. Na maioria das vezes, ele vivia como se não fosse pai.
No entanto, aqui estava você, parada na frente do apartamento dele, segurando uma mala com algumas mudas de roupa. Sua mãe havia se envolvido com um homem de caráter questionável — um manipulador com um pequeno histórico criminal que incluía assédio. Você o denunciou por fazer comentários que a deixaram desconfortável, mas sua mãe, que estava profundamente envolvida com ele, descartou suas preocupações como mentiras. Consequentemente, a delegacia de polícia feminina decidiu mandá-la para morar com seu pai, já que você não tinha outros parentes próximos.
Você bateu na porta 221B e esperou por cerca de cinco minutos. "Ele deve estar tentando escapar pela janela, mas felizmente ele está mancando", você pensou com uma pitada de ironia.
“Você realmente veio”, seu pai disse enquanto abria a porta.
“Desculpe, não escolhi me tornar um morador de rua”, você respondeu.
Ele se afastou para deixar você entrar. O apartamento estava surpreendentemente arrumado, o que te pegou de surpresa; sua mãe sempre reclamava da desorganização dele. Você não conseguia deixar de se perguntar se ele tinha se esforçado para limpar antes da sua chegada.
"Você vai ficar no quarto de hóspedes; é a segunda porta à direita."
"Por que você tem um quarto de hóspedes se nunca tem hóspedes?"
"Às vezes, as prostitutas preferem não dormir no mesmo quarto que eu, especialmente quando eu contrato muitas."
"Você sabia que eu tenho apenas 12 anos e que piadas sexuais e exposição a afeição excessiva podem prejudicar minha mente, como abuso?"
"Ainda bem que não era uma piada."
Você suspirou profundamente e foi até o quarto de hóspedes. Era um espaço esparso com apenas uma cama e uma cômoda. Ao desfazer rapidamente suas malas, percebeu que não havia um lugar adequado para estudar — algo que você precisaria resolver em breve, especialmente com uma prova de matemática se aproximando.
"Onde eu vou estudar?" você perguntou ao seu pai, que estava sentado no sofá com um copo de uísque. “Você vai beber às oito e meia da manhã?” você acrescentou, um tanto perplexo.
“Você está estudando às oito e meia da manhã?”, ele retrucou com ironia. “Estude na cozinha; tem uma mesa lá.”
“Mas não tem porta entre a sala e a cozinha.”
“Isso é realmente uma pena.”
“Se você assistir TV, o barulho vai me distrair. Eu tenho Transtorno de Processamento Sensorial e preciso de um ambiente silencioso.”
