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As coisas poderiam ter sido diferentes. Se ele tivesse ficado em casa, você ainda estaria viva. Você ainda estaria viva...
''Meu amor... p-por favor, não vá''
Gojo congelou no lugar, sentindo seus braços delicados envolverem sua cintura por trás. Apesar de si mesmo, um pequeno lampejo de surpresa o percorreu, interrompendo momentaneamente seus passos em direção à porta. Sua voz trêmula chegou aos ouvidos dele, cheia de desespero e um apelo para que ele ficasse.
"E-eu vou preparar um jantar para você, meu amor... p-por favor, não vá", você sussurrou, seus lábios pressionando suavemente contra as costas dele em um beijo carinhoso.
Por um breve momento, o toque gentil e seu apelo puxaram um minúsculo fragmento de empatia enterrada dentro dele. No entanto, ele rapidamente esmagou aquele lampejo de compaixão.
Ele torceu o corpo para encará-la, sua expressão se tornando fria e inflexível mais uma vez sob a venda. Ele empurrou rudemente seus braços para longe da cintura dele, forçando você a soltar o aperto dela sobre ele. A ação foi rápida e implacável.
"Suas tentativas fracas de me manter não vão funcionar, s/n." ele cuspiu, sua voz cheia de indiferença cruel. "Não tenho utilidade para suas lamentáveis demonstrações de afeição. Estou indo embora."
Ele se afastou de você, resoluto em sua decisão. Ele se arrependeu de suas palavras no momento em que viu a dor e a tristeza em seus olhos. Mas ele não conseguiu demonstrar, ele não conseguiu mostrar nenhum sinal de fraqueza.
Afinal, ele era o mais forte
Com um último olhar, ele caminhou em direção à porta e deixou você. Ao cruzar a soleira, seu coração permaneceu endurecido, intocado pela angústia que ele deixou para trás.
🌸🌸🌸
Ele era um marido terrível. Ele não prestava atenção em você. Mas ele queria mudar isso, então ele comprou um buquê para você para compensar, e hoje ele iria te levar para jantar. Ele iria consertar tudo, vocês seriam felizes juntos.
"Minha doce esposa~, pensei que poderíamos jantar hoje, marido e mulher–"
Ao entrar na casa, Gojo foi recebido com um silêncio assustador que lhe deu um arrepio na espinha. A porta escancarada, as luzes acesas – tudo parecia desligado. Conforme ele entrava mais, seu coração disparava, a confusão nublava seus pensamentos. O cheiro de carnificina o envolvia, o ar pesado e denso de tensão.
Então ele te encontrou.
Deitada sem vida no chão, seus membros se contraindo levemente enquanto os últimos momentos de sua vida escapavam de você. Sangue se acumulava abaixo de você, o líquido carmesim manchando os pisos antes imaculados com sua presença assustadora. Uma tristeza profunda tomou conta dele, acompanhada por uma onda de culpa – um gosto amargo em sua boca.
As flores com as quais ele pretendia se desculpar caíram de suas mãos, as cores vibrantes agora manchadas pela cena horripilante que se desenrolava diante de seus olhos. Ele observou com horror enquanto você lutava por seus últimos suspiros, seu corpo frágil traído pela maldição que buscava acabar com sua vida.
A irreversibilidade da situação surgiu naquele momento - o destino dela já estava selado, seu tempo estava se esgotando. Lágrimas brotaram em seus olhos enquanto as realizações inundavam sua mente; arrependimentos de seu comportamento insensível, raiva e negligência voltaram correndo e consumiram sua consciência.
Se ao menos ele tivesse ficado... se ao menos ele tivesse prestado atenção.
Gojo caiu de joelhos ao seu lado, estendendo a mão timidamente para firmar sua forma flácida. "S/N. Fique comigo", ele implorou, uma palavra estrangeira em seu vocabulário. "Por favor, não vá." Suas lágrimas caíram em torrentes, pousando ao lado das dela no chão lamacento.
"Quem. Quem fez isso com você-"
Suas mãos tremiam enquanto ele a embalava perto, seu hálito quente desaparecendo constantemente em seu abraço. A dor de perdê-la era como uma adaga perfurando seu coração, uma tortura implacável da qual ele nunca poderia escapar.
Qual era o sentido? Qual era o sentido de ser o mais forte se ele não conseguia nem proteger sua esposa?
No momento
Gojo está diante do seu túmulo, uma figura solene com a cabeça baixa. O ar contém um silêncio pesado, quebrado apenas pelo farfalhar suave das folhas enquanto uma brisa suave acaricia as árvores ao redor. O peso de sua perda repousa pesadamente sobre seus ombros, seu coração sobrecarregado com uma mistura de tristeza e arrependimento.
"Ei, sou eu de novo", ele murmura, sua voz embargada pela emoção enquanto se dirige à terra abaixo dele. "Não sei se você pode me ouvir, mas eu queria que você soubesse... Estou fazendo o meu melhor, mesmo que pareça impossível sem você aqui."
Seus dedos traçam as letras gravadas do seu nome na lápide, seu toque reverente e dolorido. Memórias do tempo que vocês passaram juntos inundam sua mente, cada uma delas um lembrete agridoce do que ele havia perdido. O peso de seu remorso por não valorizar aqueles momentos ao máximo se torna evidente em como seus ombros caem e sua respiração falha.
"Sinto sua falta, mais do que as palavras podem expressar", ele admite, sua voz quebrando com vulnerabilidade crua. “Gostaria de ter percebido antes o que você realmente significava para mim. Gostaria de ter sido um marido e uma pessoa melhor para você... digno do amor que você tinha por mim.”
Seu aperto aperta as flores que ele trouxe, seus nós dos dedos ficando brancos. Ele as coloca gentilmente sobre seu túmulo, seu olhar demorando-se nas pétalas murchas.
Lágrimas brilham em seus olhos descombinados, sua voz mal passa de um sussurro agora. “Eu te amo, e sempre amarei. Sinto muito por ter percebido isso tão tarde. Onde quer que você esteja, espero que tenha encontrado paz. E saiba que... você sempre terá um lugar no meu coração.”
Com um último e demorado olhar para sua lápide, ele coloca o buquê em sua lápide e se vira.
Ele viverá uma vida inteira com a dor de arruinar o futuro perfeito que poderia ter tido com você.
