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Sórdido.

Vil.

Vergonhoso.

E ainda assim...

...Lindo.

Magnífico.

Divino.

Sim.

Divino.

Tão...divinamente perverso.

A mistura distinta de adjetivos rivais descreveu melhor a catástrofe que se manifestou no espelho embaçado do banheiro diante de mim, sua moldura prateada parando um pouco abaixo dos meus ombros para esconder minha nudez. Uma névoa tranquila envolveu os espaços apertados do banheiro enquanto os efeitos posteriores do meu banho brilhavam alegremente na minha pele úmida.

Deus sabe quanto tempo fiquei ali em toda a minha nudez, totalmente imersa na principal arma da sociedade, o narcisismo.

Vaidade.

Eu desprezava tal palavra.

Mas naquele exato momento, eu estava fascinada.

Mistificada.

Meus cabelos úmidos pareciam ainda mais curtos que o normal puxados para trás, revelando descaradamente meu pescoço —

—A principal atração do circo que é o meu corpo.

Chupões recém-feitos e manchas roxas coloriram minha pele, arrastando-se da parte superior do meu pescoço até a parte esquerda da minha clavícula.

Uma visão traiçoeira eu era.

Uma visão tão conflitante em seu verdadeiro significado.

Era pura brutalidade.

Para meus olhos, era beleza.

Arte.

Um verdadeiro enigma que representava a sexualidade manchada da princesa adorada de Horangi.

Sim.

Meu corpo era apenas uma tela para a maldade não refinada de Karina Yu. A feiura crua de sua imperfeição estava tatuada em minha pele, gravada nas fibras da minha alma.

Eu estava marcada — marcada como um presente de despedida não intencional do nosso caso no vestiário.

As pontas dos meus dedos deslizaram levemente pela pele machucada, descendo logo depois para examinar de perto os hematomas em meus pulsos.

Um resultado desagradável da minha eterna luta com a gravata do meu uniforme.

Sua forma de contenção.

Merda.

Aquela garota deu um nó infernal.

Felizmente, consegui afrouxar os nós o suficiente para poder me soltar.

Não me arrependi.

Claro, fui amarrada, provocada e abandonada por Karina devido ao espírito de vingança infernal que toda mulher possui. No entanto, se tivesse a chance de repetir esses eventos, eu não mudaria nada.

Eu sou a porra do brinquedinho dela.

Me dê corda, me use e me desgaste.

Não importa o que fizesse comigo, sempre estarei pronta para mais.

Pouco a pouco, a ‘Senhorita Perfeição’ ganhou experiência neste perigoso jogo de desejo.

De obsessão.

Quanto mais eu observava seu trabalho no espelho, mais eu ansiava por aqueles lábios vermelhos para se reconectarem com minha pele...

"De repente... minha virgindade não parece mais tão especial..."

Dirty [Winrina]Onde histórias criam vida. Descubra agora