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"Está tentando me broxar?"

Era uma pergunta simples e teimosa que qualquer lésbica saudável com libido faria para sua 'parceira de foda' quando a dita 'parceira de foda' decidisse te acusar abertamente de cometer suicídio sexual.

Obviamente, ela estava falando merda.

Mas em vez de expressar isso com a potência e a indignação que exigia, a pergunta saiu arrastada da minha língua como xarope para tosse espesso, fortemente dosado em apreensão.

Incerteza.

...Medo.

Hordas de emoções indesejadas gritavam para o mais alto dos céus dentro da montanha-russa irregular do meu coração, mas meu medo era o mais alto.

"Porque se estiver, está funcionando..." Eu adicionei coerentemente sob minha respiração, instantaneamente saindo do colchão dela.

"Não estou tentando fazer nada..." Karina declarou humildemente, seus olhos escuros praticamente queimando minha pele enquanto ela me observava ansiosamente me mexendo para endireitar minhas roupas amassadas. "Estou apenas repetindo o que ouvi..."

Ela está brincando comigo.

Ela tem que estar.

Certo?

Quer dizer, eu não empataria minha própria foda.

Certo?

Era a única explicação plausível.

A culpa é dela.

Certo?

Certo.

A culpa é dela.

"Bem, você 'ouviu' errado", esclareci sarcasticamente enquanto dava as costas para seu olhar aparentemente crítico, indo furiosamente para onde meus sapatos e meu blazer do uniforme estavam.

O redemoinho de tensão crescente que nos cercava se expandiu por toda a atmosfera, silenciosamente me forçando a encará-la novamente.

Mas como eu poderia?

Aqueles mesmos olhos negros que geralmente me deixavam loucamente obcecada agora me deixavam cambaleando em vulnerabilidade.

Eu não conseguia olhar para ela.

Eu não queria.

"Você está indo embora...?" Ela perguntou baixinho do seu lugar no colchão, quebrando o silêncio tenso entre nós em fragmentos.

Foi só quando ela falou que eu realmente percebi que estava saindo apressadamente pela porta do quarto dela, mochila nos ombros, nervosa e abalada.

Chame isso de palpite-

-Um nó de pressentimento.

Instinto.

Tanto faz.

Algo dentro de mim me pedia desesperadamente para correr como o capeta.

E eu não tinha ideia do porquê.

Mas eu com certeza não ficaria por perto e deixaria Karina descobrir por si mesma.

"Não estou mais no clima", eu me desculpei mal enquanto alcançava a maçaneta, minhas costas ainda voltadas para ela. "E se não vamos transar, não faz sentido eu ficar. Quero dizer, essa é a única razão para eu estar aqui pra começo de conversa, então realmente não importa se eu sair-"

Meu discurso sem sentido rapidamente se dissolveu em nada quando uma mão compassiva delicadamente pousou em meu ombro.

"...Minjeong... está tudo bem," Karina sussurrou serenamente e suavemente, sua figura esbelta se comprimindo inevitavelmente contra minhas costas rígidas. "Minjeong... tudo bem... apenas fale comigo..."

Dirty [Winrina]Onde histórias criam vida. Descubra agora