Capítulo 8

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Após o retiro literário e o pedido de casamento, a vida de Tomás e Afonso parecia estar a mover-se num fluxo constante de felicidade e descobertas. A organização do casamento era um misto de entusiasmo e nervosismo, mas, como em tudo, ambos equilibravam-se perfeitamente. Enquanto Tomás se preocupava com cada detalhe, desde os convites até às flores, Afonso mantinha uma abordagem mais descontraída, lembrando-o constantemente de que o mais importante era o que significava o momento, e não a perfeição de cada pormenor.

O casamento estava marcado para o início do verão, e os dois decidiram que a cerimónia seria numa pequena capela à beira-mar, não muito longe da livraria. A paisagem era perfeita: uma vista panorâmica sobre o oceano, onde as ondas batiam suavemente nas rochas, e os ventos salinos traziam uma sensação de liberdade e paz.

No dia do casamento, o céu estava limpo, e o sol banhava a costa com uma luz dourada. A capela estava decorada com flores brancas e azuis, simbolizando a serenidade e o frescor do mar que ambos tanto amavam. Amigos e familiares tinham-se reunido para celebrar a união, e a energia no ar era de pura felicidade.

Tomás estava nervoso enquanto esperava junto ao altar, olhando para o horizonte, o mar a brilhar ao longe. Ele ainda não conseguia acreditar que aquele dia finalmente tinha chegado. Afonso, sempre tão calmo e seguro, estava ao seu lado, mas desta vez até ele parecia um pouco emocionado.

Quando a cerimónia começou, o silêncio foi quebrado apenas pelo som das ondas e da música suave que acompanhava os votos. Quando chegou o momento de trocarem alianças, Tomás sentiu as mãos a tremer ligeiramente, mas o sorriso reconfortante de Afonso acalmou-o. Com uma voz firme, Afonso começou.

- Tomás, desde o momento em que te vi naquela livraria, com os teus livros e a tua paixão pelo conhecimento, soube que havia algo de especial em ti. Tu trouxeste para a minha vida uma tranquilidade que nunca pensei precisar. A tua presença faz-me sentir em casa, em qualquer lugar. Hoje, aqui, prometo continuar a construir essa casa contigo, dia após dia. Amo-te!

Tomás, emocionado, sentiu uma lágrima escapar e respondeu, com a voz embargada.

- Afonso, tu entraste na minha vida como um furacão, calmo por fora, mas com uma intensidade que me desafiou e mudou. Contigo, aprendi que o amor pode ser livre, descomplicado, mas profundo. Prometo estar ao teu lado, em cada corrida, em cada página virada, em cada novo sonho que criarmos juntos. Amo-te mais do que as palavras podem descrever.

Com os votos trocados, os dois deslizaram as alianças nos dedos um do outro. Quando o celebrante os declarou oficialmente casados, a capela explodiu em aplausos e risos. Os amigos mais próximos estavam visivelmente emocionados, e os pais de ambos não conseguiam conter as lágrimas.

A receção aconteceu ao ar livre, num campo verdejante com vista para o mar. A música tocava, as pessoas dançavam, e o amor no ar era palpável. Tomás e Afonso aproveitaram cada momento, desde o primeiro brinde até à última dança. Os dois dançaram descalços na relva ao som de uma balada suave, rindo e sussurrando promessas de futuro enquanto a lua nascia no horizonte.

Mas, como a vida tende a fazer, o tempo avançou, e com ele surgiram novos desafios.

Algumas semanas após o casamento, a livraria começou a passar por uma fase de mudança. O aumento da popularidade dos eventos organizados por Tomás e Afonso atraiu mais e mais atenção, a ponto de a livraria se tornar pequena demais para o número crescente de visitantes. Foi então que Afonso, sempre visionário, sugeriu uma expansão.

- E se abríssemos uma segunda livraria? Noutro lugar, talvez mais no centro da cidade, onde pudéssemos alcançar mais pessoas. Esta livraria aqui pode continuar a ser o nosso refúgio, mas podíamos levar o nosso conceito a outros.

Tomás ficou em silêncio por um momento. A ideia era emocionante, mas também intimidante. A livraria tinha sido sempre o seu porto seguro, o lugar onde se sentia mais ele mesmo. Expandir significava correr riscos e ele não sabia se estava preparado para isso.

- Não sei, Afonso. E se perdermos a essência do que criámos aqui? E se não funcionar?

Afonso sorriu, compreensivo, e segurou-lhe a mão. 

- Amor, sei que mudanças podem ser assustadoras. Mas nós já conseguimos tanto. E não precisamos de fazer nada sem pensar. Vamos com calma, explorar a ideia. E se não for o caminho certo, paramos. Mas acho que temos algo especial nas mãos, algo que pode crescer ainda mais.

Tomás ponderou as palavras de Afonso. O seu lado mais cauteloso dizia-lhe para continuar com o que já funcionava, mas outra parte dele aquela parte inspirada por Afonso e pela aventura que a vida com ele trazia dizia-lhe para arriscar, para sonhar maior.

Com o tempo, começaram a explorar a possibilidade de abrir a nova livraria. Visitaram vários espaços no centro da cidade, procurando o lugar perfeito. Cada vez que entravam num novo espaço, Tomás conseguia imaginar as prateleiras cheias de livros, os clientes a perderem-se entre as páginas, e Afonso a organizar mais eventos inovadores que uniam leitura e desporto.

Foi numa tarde chuvosa, ao entrarem numa loja antiga com grandes janelas de vidro, que ambos sentiram que aquele era o lugar certo. O espaço tinha uma luz natural perfeita, uma aura acolhedora, e estava situado numa rua movimentada. Sentiram imediatamente que aquele seria o novo capítulo na história da livraria e nas suas próprias vidas.

E assim, começaram o processo de abrir a segunda livraria. As dificuldades eram muitas, encontrar os fornecedores certos, contratar uma nova equipa, equilibrar o tempo entre os dois espaços... Mas juntos, como sempre, encontravam força no apoio mútuo.

A vida de Tomás e Afonso era agora uma combinação de momentos de calma na pequena livraria à beira-mar e o entusiasmo vibrante da nova loja no centro da cidade. O sucesso continuava a crescer, mas o que nunca mudou foi o laço profundo que tinham um com o outro. Entre as viagens, os novos clientes, os desafios de negócios e as noites tranquilas em casa, o seu amor só se tornava mais forte.

Um dia, depois de fecharem a nova livraria após um dia longo, os dois sentaram-se no sofá do escritório, exaustos mas satisfeitos. Tomás encostou a cabeça ao ombro de Afonso e sussurrou.

- Conseguimos... Outra vez!

Afonso sorriu e beijou-lhe a testa. 

- Sempre conseguimos, Tomás. E sempre conseguiremos. Desde que estejamos juntos.

E assim, com cada nova página da vida que partilhavam, Tomás e Afonso continuavam a escrever a sua própria história uma história de amor, crescimento, e a eterna descoberta de que, com a pessoa certa ao nosso lado, tudo é possível.

Era uma Vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora