Capítulo 10

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Cinco anos depois...

O sol estava a nascer por trás das colinas, banhando a nova casa de Tomás e Afonso com uma luz suave e dourada. A casa, comprada há três anos, situava-se nos arredores da cidade, numa zona tranquila com um grande jardim onde os seus dois Golden Retrievers, Lua e Sol, corriam alegremente, saltitando na relva enquanto a brisa matinal lhes acariciava o pelo dourado.

Dentro de casa, a manhã começava com sons familiares, as patas dos cães a bater no chão de madeira, o som do café a ser feito na cozinha, e uma gargalhada infantil a encher o ar. Tomás estava na cozinha a preparar o pequeno-almoço, enquanto Afonso brincava na sala com o filho adotivo, Rafael, que completara três anos há pouco tempo.

A adoção de Rafael fora o culminar de um longo processo, mas também de uma das maiores realizações do casal. Ambos sempre souberam que queriam ser pais, e a chegada de Rafael foi um momento inesquecível nas suas vidas. O pequeno era uma criança cheia de vida e curiosidade, com os olhos brilhantes de um verde intenso que pareciam captar cada detalhe à sua volta. Desde o primeiro momento em que o seguraram nos braços, souberam que ele era o pedaço que faltava no puzzle da sua vida.

- Rafa, anda ajudar o papá Tomás com o pequeno-almoço. - Chamou Afonso, sorrindo enquanto levantava o filho ao colo e o levava para a cozinha.

Tomás olhou para os dois e não pôde evitar sorrir. A imagem de Afonso com Rafael nos braços, ambos com um brilho de alegria no rosto, era uma visão que o deixava sempre com uma sensação de gratidão. Nunca imaginara que a vida lhe traria tanto amor e felicidade.

- Bom dia, campeão. - Disse Tomás, inclinando-se para beijar Rafael na testa, e depois, dirigindo-se a Afonso, deu-lhe um beijo suave nos lábios. 

- Estava a preparar torradas com queijo para ti, e o Rafael tem o seu iogurte favorito.

- Papá Tomás faz o melhor pequeno-almoço! - Gritou Rafael, rindo e balançando as pernas na sua cadeira.

Enquanto se sentavam à mesa, a manhã prosseguia em harmonia. Tomás e Afonso falavam sobre os planos para o dia, enquanto Lua e Sol deitavam-se aos pés deles, sempre atentos ao seu pequeno humano, que de vez em quando atirava um pedaço de comida para os cães.

Mais tarde, enquanto Rafael brincava no jardim com os cães, Tomás e Afonso aproveitavam um momento a sós na varanda, observando a cena. O jardim, espaçoso e cheio de vida, era o refúgio perfeito para a família. Ao fundo, via-se a pequena horta que Afonso cuidava com dedicação, uma extensão da tranquilidade que ambos sempre procuraram na sua vida.

- Ainda me parece um sonho, sabes? - Disse Tomás, de olhos brilhantes, enquanto observava Rafael a correr atrás dos cães.

Afonso colocou o braço à volta dos ombros de Tomás, puxando-o para mais perto. 

- Eu sei o que queres dizer. Às vezes fico a pensar em como tudo mudou desde o início, desde a livraria, até este momento aqui. E cada mudança parece ter-nos trazido ainda mais felicidade.

Tomás sorriu. 

- A nossa livraria ainda continua a crescer, o Rafa está a crescer a cada dia que passa... e a nossa vida, bem, acho que conseguimos tudo aquilo com que sonhámos.

Afonso virou-se para Tomás, com um olhar cheio de amor. 

- Mais do que sonhámos. E ainda temos tanto pela frente.

Nos anos que se seguiram à adoção de Rafael, a vida de Tomás e Afonso continuou a florescer. A livraria à beira-mar mantinha-se um refúgio acolhedor, e a loja no centro da cidade continuava a prosperar, sendo agora um ponto de encontro cultural para leitores e desportistas, tal como Afonso sempre sonhara. Juntos, eles também escreveram e publicaram o livro "Era uma Vez..." sobre a sua jornada, misturando ficção com as suas próprias experiências de vida, o que lhes trouxe ainda mais reconhecimento.

No entanto, o maior desafio, e também a maior alegria, continuava a ser a criação de Rafael. Ele preenchia os seus dias com energia e criatividade, sempre pronto para explorar o mundo com a curiosidade de quem vê tudo pela primeira vez. Tomás e Afonso envolviam-se em cada etapa do crescimento do filho, desde as suas primeiras palavras até ao seu primeiro dia de escola.

Rafael, agora com cinco anos, mostrava uma incrível paixão por livros, algo que Tomás não podia deixar de se orgulhar. Muitas noites eram passadas com ele no colo, a ouvir as histórias que o pai lhe lia. Afonso, por outro lado, introduziu-o no mundo dos desportos, passando as manhãs de fim de semana a jogar futebol no jardim ou a correr atrás dos cães pela praia.

Uma tarde, enquanto caminhavam pela praia, Rafael de mãos dadas com ambos os pais, Lua e Sol a correr à frente, Tomás olhou para Afonso e, com um sorriso suave, disse.

- Se me dissesses, há anos atrás, que estaríamos aqui com uma casa linda, o nosso filho, os nossos cães, e uma vida construída em amor e aventura, acho que nem saberia como acreditar.

Afonso apertou a mão de Tomás. 

- Sabes, às vezes também me pergunto como tivemos tanta sorte. Mas depois lembro-me que não foi sorte. Foi o que construímos, juntos, passo a passo.

Tomás parou por um momento, observando o pôr-do-sol no horizonte, a luz dourada refletida no mar calmo. Era um momento perfeito. Rafael corria na areia, Lua e Sol atrás dele, a rirem-se e a brincarem como sempre. Ele respirou fundo, sentindo a brisa salgada no rosto, e disse suavemente:

- Este é o nosso final feliz, não é?

Afonso virou-se para ele, os olhos cheios de ternura, e sorriu. 

- É o nosso final feliz. E o começo de tantas outras histórias.


FIM

Era uma Vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora