XXI. o horizonte é nosso, todas as marés são nossas.

627 85 240
                                    

Esse capítulo me arrancou tantos suspiros escrevendo...
Tá uma fofura. 


"O futuro é uma linha invisível que se estende à nossa frente, repleta de dúvidas e mistérios. Há dias em que ele nos parece uma imensidão intransponível, um horizonte que foge ao nosso alcance a cada passo que damos. Outras vezes, o futuro é mais uma sombra que paira, trazendo consigo a ansiedade de quem não sabe o que virá.
Mas, ao lado da pessoa certa, esse horizonte distante deixa de ser assustador. Há uma leveza em dividir o peso da incerteza, em saber que, mesmo sem ter todas as respostas, há mãos que te seguram e olhos que te guiam. O medo se dissolve quando encontramos alguém em quem confiamos de corpo e alma, alguém a quem podemos nos entregar sem receios.
Entregar-se a esse amor é um ato de coragem, mas também de profunda responsabilidade. Porque quando temos a sorte de encontrar aquele que nos faz sentir completos, o coração se torna guardião de um amor que precisa ser cuidado. É preciso saber amar não apenas com paixão, mas com atenção, paciência, e a promessa silenciosa de que, aconteça o que acontecer, há de se enfrentar juntos o que o futuro nos reservar."




João POV's.
Sábado, 3h30 da manhã.

Acordo com uma sensação terrível no corpo. Meu peito está apertado, como se houvesse um peso invisível sobre mim, e minha respiração parece um pouco mais difícil do que o normal. O ar que entra em meus pulmões é quente e pegajoso, como se estivesse preso em uma bolha de calor insuportável. Mesmo assim, tremo. Meus dentes batem levemente uns contra os outros, e a sensação de frio percorre minha pele em ondas, contrastando com o suor que escorre pela minha testa.

Pedro está deitado ao meu lado, como sempre, seus braços me envolvem de uma forma tão familiar, tão... segura. Ele me abraça numa conchinha, o corpo dele é um refúgio de calor, mas essa noite algo está diferente. Normalmente, o calor dele me acalma, me faz sentir protegido, mas agora tudo que sinto é desconforto por estar com calafrios no corpo e pelo meu suor que está encharcando a roupa de pedro e as cobertas. Sinto meu corpo tremer involuntariamente e tudo parece doer, mas preciso segurar o choro porque não quero acordar o Pedro.

Ele precisa descansar, ele tem feito tanto por mim nos últimos dias. Ele sempre faz tanto por mim sempre, e eu odeio a ideia de ser um peso, de preocupá-lo mais do que o necessário. Tento respirar fundo, esperando que o mal-estar passe, mas minha respiração falha e uma pontada de dor surge no fundo da minha cabeça, me deixando tonto. O ar parece faltar em meus pulmões e minha visão está ainda mais turva que o normal.

Com cuidado, começo a me mover, tentando sair dos braços dele. Cada movimento parece um esforço monumental, como se meu corpo estivesse grudado ao colchão, pesado demais para se mexer. Mesmo assim, me desvencilho devagar, passo a passo, tentando não fazer barulho, para não perturbar o sono de Pedro. Ele se mexe um pouco, suspira, mas não acorda. Isso é um alívio, pelo menos por agora.

Me sento na beira da cama, a escuridão do quarto parece girar ao meu redor, e respiro fundo, sentindo o chão frio contra os meus pés. Minhas pernas tremem. É quase como se não fossem minhas, como se eu estivesse desconectado do meu próprio corpo. O suor se acumula na base da minha nuca, descendo em pequenos filetes pelas costas, mas o frio que percorre minha pele me faz estremecer.

Preciso de um banho. Talvez a água quente alivie essa sensação e faça meu corpo entrar em equilíbrio novamente. Me levanto, mas a tontura me atinge como se eu estivesse em um embarcação no meio do mar aberto, e por um momento, penso que vou desmaiar ali mesmo, no meio do quarto. Seguro a respiração, me forçando a continuar. Cada passo até o banheiro é pesado, como se eu estivesse andando dentro d'água ou algo parecido.

PEJÃO | Akai ItoOnde histórias criam vida. Descubra agora