XV. órbita do teu pescoço.

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Oiie, cheguei

esse capítulo tá uma delicinha, aproveitem! Deixem suas estrelinhas e seus comentários <3



Conhecer alguém é como desvendar um mapa traçado na pele, onde cada linha e cada curva carregam histórias que apenas seus dedos sabem decifrar. É navegar por paisagens familiares, mas que sempre surpreendem com novas cores, novos silêncios. Você memoriza cada detalhe — as falhas, os atalhos, os caminhos sinuosos — e, mesmo assim, a cada encontro, há uma nova descoberta, um brilho escondido no que parecia simples. Cada toque é um reencontro, e o que antes era apenas pele agora é um território inteiro de sentimentos, onde se perde e se encontra sem nunca querer partir.


Pedro POV's.

Quarta feira, 11h.


Eu estava perdido nos meus próprios pensamentos enquanto João falava. As palavras dele se tornaram um murmúrio vago ao fundo, enquanto eu me concentrava no vapor do meu expresso duplo se dissipando no ar. A bebida já esfriava, mas minha cabeça estava longe, presa em uma lembrança ou outra. Não é a primeira vez que isso acontece, confesso.

— Você está ao menos me ouvindo, Pedro? — A voz de João me atingiu como um choque, trazendo-me de volta. Ele parecia irritado, e com razão.

Levantei os olhos rapidamente e fui recebido com seu olhar de reprovação.

— Desculpa, me distraí aqui... você pode repetir, por favor?

Ele suspira pesadamente, revirando os olhos enquanto mexe seu matcha com o canudo, como se a paciência estivesse pendurada por um fio. Estamos em uma cafeteria perto da USP, um daqueles lugares com mesas pequenas e iluminação amena. João sempre gosta de vir nos intervalos das aulas, mas hoje parece que a tensão entre nós está um pouco diferente. Eu me pergunto o que exatamente ele estava falando, algo que viu mais cedo, talvez? Não faço a menor ideia e não sei como disfarçar.

— Enfim... eu estava dizendo que no feriado prolongado da semana que vem eu vou para Américo Brasiliense, visitar minha família... — Ele para por um segundo, como se medisse minha reação antes de continuar. — Queria saber se você quer vir junto...

Antes que eu pudesse processar o convite, senti meu rosto contorcer-se involuntariamente. Não é que eu não quisesse ir, mas... voltar para Américo? Não sei se estou pronto para encarar isso. E claro, João percebeu:

— Já entendi... você não quer, tá tudo bem, Pedro. Eu vou sozinho mesmo — ele disse, dando de ombros para disfarçar o desapontamento. A voz também soou mais fria, como se ele estivesse erguendo uma barreira ao redor de si.

— Não, não é isso — me apressei em corrigir, sentindo-me um completo idiota. — É só que eu já tinha feito uns planos para o feriado...

Ele me lançou um olhar lateral, como se tentasse decidir se valia a pena insistir. Sem paciência, sua expressão muda para uma mistura de irritação e decepção.

— Então você não vai comigo só porque quer ir pra alguma festa insalubre com os seus amigos? — João pergunta, sua voz carregada de frustração genuína. O jeito que ele falou quase me fez rir, embora eu soubesse que ele não estava brincando.

— Não, lindo... meus planos na verdade eram com você. Eu queria aproveitar que vamos estar sozinhos para... — hesito um instante — enfim, era besteira.

PEJÃO | Akai ItoOnde histórias criam vida. Descubra agora