Conto 7: Visco

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Apertei o casaco contra meu corpo na intenção de me proteger contra o frio que fazia nas ruas de Londres naquele vinte e quatro de dezembro de dois mil e quatorze. A cada passo em meio à neve e o asfalto, a expectativa crescia em vê-lo mais uma vez. Já era o quinto Natal que passávamos juntos - sempre com a família dele já que meus pais estavam sempre tão ocupados.

Meu coração estava aquecido com o que poderia acontecer quando eu o visse ali na porta. Era verdade que, depois de todos os rumores com aquele homem, ele estava se recuperando. Apesar de insistir de que era tudo mentira, foi um período complicado para nós. Lutávamos para apagar esse capítulo amaldiçoado das nossas vidas e seguir em frente sem a interrupção da mídia.

Infelizmente, boatos de que eu saía com outra pessoa e de que Robert estava com outra garota agora nos rondavam, e eu não podia deixar de sentir um imenso ciúmes dele. Mas nós éramos loucos um pelo outro e boato nenhum conseguiria mudar este sentimento.

Parei na porta da mansão dos Pattinson, tocando a campainha. Ajeitei os fios rebeldes dos meus cabelos e engoli em seco, enfiando as mãos dentro dos bolsos do casaco. Eu não diria que estava deslumbrante, não havia me arrumado o bastante para uma grande festa, mas sabia que eles sempre se reuniam apenas em família.

A verdade é que, com tudo o que andava acontecendo em nossas vidas - as viagens, os boatos, os filmes, estávamos afastados -, fazia um bom tempo que não sentia o abraço, o beijo e o toque dele. Eu sentia falta do meu Robert e não trocaria nossas noites de Natal juntos por nada no mundo.

Victoria e Lizzy nunca apareciam com acompanhante nenhum e nunca me falaram sobre alguém por quem haviam se interessado a ponto de fazer isso, mas eu estava afastada deles e nem sabia como seria recebida nesse ano.

Com certeza não do jeito que havia sido recebida no ano de dois mil e doze, quando os rumores quase acabaram com o nosso relacionamento. Todos estavam muito tristes, o silêncio prevalecia assim como as expressões tristes. No fim das contas, eu passei o Natal daquele ano vagando pelas ruas de Londres e no aeroporto até que pudesse voltar para Los Angeles.

Mas tudo estava melhor no ano passado e a noite terminou perfeitamente bem. Não havíamos contado para ninguém que estávamos juntos para que não corresse o risco dos rumores escaparem e a mídia caísse em cima de nós dois novamente.

Quem abriu a porta para mim foi Tom Sturridge, para a minha surpresa. Eu o abracei fortemente, matando a saudade do velho amigo de Robert. Sorri abertamente e suspirei, sentindo ele retribuir o abraço. Eu sabia que ele sempre havia gostado e apoiado o meu namoro com Robert.

- Como você está? - Perguntou, me afastando.

- Muito bem. - Abri um grande sorriso. - Robert?

- Na sala com os outros. - Ele apontou com o polegar na direção da sala de estar.

Assenti e me afastei, temendo por quem seriam "os outros". Esperava que essa nova suposta namorada de Robert não estivesse incluída, porque eu não estava feliz com essa história.

Quando apareci na porta da sala de estar, todos os olhares se voltaram para mim: Clare, Richard, Vick, Lizzy, Sienna - a mulher de Tom -, Marlowe - a filha deles -, Robert e... Tahliah, a suposta namorada. Engoli em seco e forcei um sorriso. Ela estava sentada no braço do sofá, de short preto de couro, com botas pretas até o joelho, uma maquiagem forte, uma blusa também preta de manga longa.

Me aproximei de um por um, beijando seus rostos, abraçando tão fortemente Clare e Richard que achei que ia chorar com a retribuição na mesma intensidade. Engoli em seco, me limitando apenas a beijar o rosto de Robert, que já tinha um tanto de barba por fazer, e então beijar o rosto de Tahliah.

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