17.

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P.O.V. S/N

Eu estava em um dos salões do castelo, conversando com Rhaenyra sobre questões urgentes do reino. Apesar da tensão entre nós ultimamente, havia uma formalidade que mantínhamos em público. Eu falava sobre as últimas informações dos movimentos inimigos e sobre como reforçar defesas estratégicas, mas percebia que Rhaenyra estava inquieta, as mãos repousando sobre seu ventre inchado. Ela estava no final da gestação do seu sexto filho e, mesmo tentando focar nas questões políticas, parecia desconfortável.

De repente, ela se contraiu de dor, interrompendo a conversa. Seus lábios se apertaram e seu rosto ficou pálido. Um suor frio começou a surgir em sua testa.

— Rhaenyra... — chamei preocupada, largando o mapa sobre a mesa e me aproximando dela.

— Está tudo bem, S/N... — respondeu ofegante, mas era óbvio que não estava. — Apenas... contrações. Deve ser... o início...

— Não, não está tudo bem. — Fui firme, aproximando-me para segurar seu braço, dando suporte ao seu corpo. — Vamos chamar a parteira.

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, outra contração a dominou, e ela quase caiu de joelhos, gemendo de dor. Meu coração disparou, e sem esperar sua resposta, chamei os criados que estavam perto da porta. A agitação foi imediata. As criadas correram em várias direções, alertando as parteiras e os curandeiros.

— Preparem os aposentos da rainha! — uma das criadas gritou, e logo vieram ao nosso encontro para ajudar Rhaenyra a subir.

Levei-a, cuidadosamente, até seus aposentos enquanto as criadas preparavam panos, bacias com água quente e todos os utensílios necessários para o parto. Apesar do caos, não me afastei dela. Eu a mantinha segura em meus braços, ajudando-a a subir os degraus em direção ao quarto.

O salão se encheu rapidamente. Parteiras se colocavam ao lado da cama, e a respiração de Rhaenyra ficou ofegante. Deitei-a suavemente sobre a cama enquanto as criadas ajustavam travesseiros ao redor dela, para dar mais conforto. Ela segurou minha mão com força, como se a dor e a tensão pudessem ser transferidas para mim.

— Fique... — ela sussurrou, os olhos cheios de dor e algo mais. — Não me deixe agora, S/N.

Meu peito apertou. Eu não poderia deixá-la. Não naquele momento.

— Não vou a lugar algum — prometi, apertando sua mão de volta.

A sala estava tomada pela tensão. As contrações ficaram mais frequentes e intensas. O cheiro de ervas fervidas enchia o ambiente, junto com o suor que escorria da testa de Rhaenyra e o som abafado de seus gemidos de dor. A parteira principal, uma mulher mais velha com mãos calejadas, deu instruções firmes às outras mulheres que estavam à volta da cama.

— Vai ser um parto difícil — a parteira murmurou para mim, enquanto as outras a ajudavam a ajeitar as pernas de Rhaenyra. — Mas ela é forte.

Rhaenyra fechou os olhos, mordendo o lábio com força enquanto o corpo tremia com outra onda de dor. A cada grito que ela soltava, eu sentia meu coração afundar. Havia sangue — muito sangue. Eu nunca havia presenciado algo assim de tão perto.

— Respire, Rhaenyra, respire... — tentei acalmá-la, mas até minha voz parecia trêmula. Eu não sabia o que dizer. Não sabia como aliviar sua dor.

— Está vindo...! — A parteira anunciou com urgência, colocando-se entre as pernas de Rhaenyra. — Empurre, minha senhora! Empurre!

Rhaenyra soltou um grito alto, e eu senti minha mão ser esmagada pela força dela, mas eu não larguei. Segurei firme, dando o máximo de apoio que podia enquanto ela empurrava, suando e gemendo de dor. Meu olhar ficou fixo no dela. A dor em seus olhos, o suor escorrendo pelo rosto, seus cabelos grudados à pele pálida.

— Vamos, Rhaenyra... — murmurei, desesperada. — Você consegue.

Os gritos ecoavam pelos corredores do castelo, e a tensão na sala só aumentava. O som do esforço de Rhaenyra enchia o ar, misturado com as instruções firmes da parteira e o murmúrio preocupado das criadas ao redor. O tempo parecia se arrastar em um ritmo lento e doloroso, enquanto Rhaenyra dava tudo de si para trazer o filho ao mundo.

Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, o choro de um recém-nascido preencheu a sala. O alívio tomou conta de mim, e as parteiras rapidamente envolveram o bebê em panos limpos. Mas havia sangue demais...

Rhaenyra ainda gemia de dor, seu corpo exausto e seus olhos semicerrados. Ela estava fraca. Me aproximei da cama, limpando seu rosto com uma toalha, tentando manter a calma, mesmo que meu coração estivesse acelerado.

— Você conseguiu... — sussurrei. — Está tudo bem.

Mas eu sabia que Rhaenyra ainda estava em perigo. O parto tinha sido difícil, e sua recuperação seria longa. Eu continuaria ali, ao lado dela, até que pudesse vê-la estável.

— Fique comigo... — ela pediu novamente, sua voz fraca, mas ainda assim cheia de um pedido que eu não poderia recusar.

Eu não iria embora. Eu nunca iria embora.

P.O.V. Rhaenyra

Horas se passaram desde o tumultuado nascimento da minha filha, e o cansaço ainda se fazia sentir em cada fibra do meu ser. No entanto, o alívio e a alegria de finalmente ter minha pequena em meus braços eclipsavam a dor que havia enfrentado. O choro dela era como música para meus ouvidos, e o calor do seu corpo, envolto em um cobertor macio, me trouxe uma nova vida.

S/N estava ao meu lado, seus olhos fixos em minha filha com uma mistura de admiração e ternura. A maneira como ela olhava para a menina, com um semblante tão suave, me fez perceber o quanto ela se importava. Eu sabia que a relação entre nós tinha se tornado mais complicada, mas, naquele momento, tudo o que eu queria era compartilhar essa nova alegria com ela.

— Ela é linda, não é? — perguntei, minha voz ainda fraca, mas cheia de emoção. — Vou chamá-la de Rhaena.

S/N sorriu, um sorriso genuíno que iluminou seu rosto cansado.

— Rhaena é um nome perfeito. Ela vai ser tão forte quanto você.

Senti um calor subir pela minha pele, e meu coração acelerou com suas palavras. Mas eu ainda estava vulnerável, e a conexão que havia se formado entre nós nas últimas semanas não poderia ser ignorada. Olhei para a pequena Rhaena e depois para S/N, que parecia tão serena ao meu lado.

— Você não quer segurá-la? — perguntei, inclinando-me um pouco para entregar a menina a ela. — Ela vai precisar de tantas pessoas que a amem. E eu quero que você faça parte disso.

S/N hesitou por um momento, seus olhos se arregalando em surpresa. Mas logo um sorriso gentil se espalhou por seu rosto, e ela estendeu as mãos, tomando a pequena Rhaena em seus braços. A forma como ela segurava a menina, com delicadeza, me deixou aliviada e feliz.

— Ela é tão leve... — S/N murmurou, olhando para Rhaena como se estivesse admirando um tesouro precioso.

O ato de S/N segurando minha filha me fez sentir uma onda de amor e esperança. Era um sinal de que, apesar das dificuldades, poderíamos encontrar um caminho para construir algo bonito juntas. A visão de S/N envolvendo a pequena em seus braços me fez perceber que, em meio a toda a dor e confusão, havia espaço para amor e conexão.

— Ela já tem uma grande amiga — eu disse, sorrindo enquanto observava S/N. — Tenho certeza de que você será uma influência incrível na vida dela.

S/N olhou para mim, seus olhos brilhando, e eu percebi que havia uma nova determinação em seu olhar. Eu sabia que a jornada que nos aguardava não seria fácil, mas, pela primeira vez, senti que não estávamos sozinhas. Nós éramos um time. E, com Rhaena em nossas vidas, havia esperança para o futuro.

A sala estava tranquila, e o cheiro do bebê, combinado com a fragância das ervas que estavam ao nosso redor, trouxe um sentimento de paz. Poderíamos ter enfrentado tempestades e separações, mas naquela hora, tudo parecia perfeito.

— Vai me ajudar a cuidar dela, não vai?

S/N assentiu, e a resposta em seu olhar me disse tudo o que eu precisava saber. Não importa o que acontecesse a seguir, juntas éramos mais fortes.

Harth of the Dragon │Rhaenyra Targaryen and You!Onde histórias criam vida. Descubra agora