P.O.V. S/N
O vento forte batia contra meu rosto enquanto eu conduzia Vhagar pelos céus, observando o mundo abaixo de nós se estender como um tapete verde e acidentado. Ao meu lado, Luke voava em seu dragão, Arrax, ambos navegando as correntes de ar com uma graça que só os Targaryen conheciam. Luke era um ótimo piloto para sua idade, e eu o observava com um certo orgulho. Ele sempre demonstrara talento e coragem, qualidades que herdara tanto de Rhaenyra quanto de Laenor.
Nós tínhamos aproveitado para fazer um voo juntos, uma chance de nos desconectar de tudo o que estava acontecendo no castelo, especialmente depois da tensa discussão que eu tivera com Rhaenyra mais cedo. Meu coração ainda doía com o peso das palavras ditas e não ditas entre nós. Luke, perceptivo como sempre, parecia ter notado minha expressão distante e, assim que pousamos em uma clareira afastada, ele me encarou com um olhar curioso.
— Você está quieta hoje, S/N — ele comentou, desmontando de Arrax e me observando enquanto eu descia de Vhagar. — Aconteceu alguma coisa?
Suspirei, relutante em compartilhar o que me perturbava, mas sabia que ele entenderia. Luke era mais maduro do que aparentava, e a conexão que eu tinha com ele era próxima e genuína. Decidi, então, abrir o jogo.
— Sua mãe e eu... tivemos uma discussão hoje, Luke — comecei, tentando escolher bem as palavras. — Ela ficou... incomodada ao me ver conversando com Mysaria.
Luke levantou as sobrancelhas, surpreso.
— Mysaria? Aquela mulher do porto? — Ele riu, balançando a cabeça. — Mas por que minha mãe se importaria com isso?
Dei de ombros, sorrindo de forma um pouco amarga.
— Rhaenyra achou que havia algo a mais acontecendo. Que Mysaria estava... flertando comigo, talvez. E ela ficou... bastante irritada.
Luke suspirou, parecendo já entender o problema.
— Ela é assim quando se sente ameaçada — ele explicou, cruzando os braços e me observando com um semblante mais sério. — Minha mãe ama você, S/N, muito mais do que eu já a vi amar qualquer outra pessoa. Acho que o medo de perder você a faz reagir de formas que ela mesma não consegue controlar.
As palavras de Luke eram honestas e, ao mesmo tempo, reconfortantes. Eu sabia que ele estava certo, e ouvir isso de alguém tão próximo dela me trouxe uma paz inesperada. No entanto, a insegurança de Rhaenyra me preocupava.
— Eu só queria que ela confiasse mais em mim, Luke — murmurei, olhando para o céu e tentando organizar meus pensamentos. — Ela é minha esposa, a pessoa que escolhi para estar ao meu lado. Nada e nem ninguém pode mudar isso.
Ele assentiu, o rosto jovem e sincero demonstrando compreensão.
— Talvez minha mãe só precise de um pouco de tempo para aceitar isso — ele sugeriu, sorrindo de leve. — E talvez... de algumas conversas francas.
P.O.V. S/N
A noite já caía sobre Pedra do Dragão, e as chamas nas tochas das paredes lançavam sombras suaves pelo quarto. Eu tinha passado o dia todo com a discussão pesando em minha mente e, enquanto aguardava Rhaenyra, meu coração estava acelerado, ansioso. Não podia deixar que aquela situação continuasse assim. Precisávamos nos entender, de uma vez por todas.
Para aliviar a tensão do dia, comecei a tirar minhas roupas para tomar um banho. Enquanto desatava os laços e deixava o tecido deslizar sobre minha pele, ouvi a porta abrir-se suavemente. Rhaenyra entrou no quarto, e nossos olhares se encontraram por um longo momento, silêncio pesado entre nós. Eu pude ver a intensidade no olhar dela, uma mistura de cansaço, frustração e algo mais que eu não conseguia definir.
Ela deu um passo à frente, os olhos seguindo o movimento das minhas mãos enquanto eu terminava de desfazer as últimas amarras do meu vestido. O tecido caiu ao chão, e eu me vi completamente exposta diante dela. Por um segundo, pensei em me cobrir, mas em vez disso, mantive meu olhar firme, demonstrando a confiança que sentia em nossa relação e na decisão de estar ao lado dela.
Rhaenyra respirou fundo, quebrando o silêncio com uma voz mais suave do que eu esperava.
— S/N... — ela começou, a hesitação evidente. — Eu... não quis desconfiar de você. Eu sei que não deveria, mas é difícil. O medo de te perder... de que alguém possa tentar se aproximar de você... — Ela mordeu o lábio, olhando para o lado, como se estivesse procurando as palavras certas. — É algo que eu não consigo controlar.
Eu caminhei até ela, parando a poucos passos de distância, tentando manter meu tom gentil, embora firme.
— Rhaenyra, você não tem que competir com ninguém. Ninguém pode tirar o lugar que você tem ao meu lado — disse, procurando seus olhos para que ela visse a verdade no que eu dizia. — Eu escolhi você, e escolho todos os dias. Você é minha esposa, minha rainha, e eu não tenho olhos para mais ninguém.
Ela se aproximou ainda mais, e senti seu olhar percorrendo meu corpo, a tensão entre nós transformando-se em algo mais profundo. Com um gesto hesitante, ela ergueu a mão e tocou meu rosto, seus dedos deslizando pelo contorno da minha mandíbula, como se buscasse consolo no contato.
— Eu preciso de você, S/N — ela sussurrou, a intensidade em seu olhar aquecendo o ar entre nós. — Nunca duvide disso.
Sem dizer mais nada, Rhaenyra envolveu minha cintura com seus braços e me puxou para perto, os lábios dela encontrando os meus em um beijo que carregava todos os sentimentos não ditos entre nós.
Sem desfazer o beijo, levei Rhaenyra pela mão até a banheira já preparada, onde a água morna exalava o aroma de ervas que eu havia escolhido, com notas sutis de lavanda e alecrim, para acalmar a mente e relaxar o corpo.
Nós duas entramos lentamente, e senti a água envolver a pele, quente e reconfortante. Rhaenyra se acomodou em frente a mim, e por um instante ficamos apenas em silêncio, aproveitando a proximidade e a sensação da água quente. O ambiente estava silencioso, exceto pelo suave tilintar das gotas que respingavam quando uma de nós se movia levemente.
Ela ergueu o olhar, e eu pude ver uma ternura que raramente aparecia quando estávamos cercadas por outras pessoas ou em meio às obrigações do reino.
— Não quero mais brigar com você, S/N — murmurou, a mão dela tocando meu rosto, o polegar traçando lentamente o contorno da minha bochecha. — Já enfrentamos tanto para chegar até aqui. Eu deveria ser mais sábia.
Segurei sua mão e a trouxe para junto do meu coração, deixando que ela sentisse a intensidade dos batimentos.
— Então vamos fazer disso nosso refúgio. Longe de todos, longe das preocupações. Aqui, só existe você e eu — sussurrei de volta, com um sorriso suave.
Rhaenyra sorriu, e os olhos dela cintilaram com algo que eu só via quando estávamos completamente sós, algo mais leve e vulnerável. Ela se aproximou lentamente, os lábios dela roçando os meus, e então me beijou profundamente, suas mãos explorando o meu corpo sob a água, criando uma dança íntima entre nós.
Meus dedos deslizaram pelos cabelos molhados dela, e puxei-a levemente para mais perto, sentindo o calor que emanava de nós duas, apesar da água. O beijo foi ficando mais intenso, e eu sentia a respiração dela entrecortada enquanto as mãos dela deslizavam até a minha cintura, apertando minha pele, sem pressa, como se quisesse saborear cada momento.
Rhaenyra, determinada, me virou gentilmente para que eu ficasse de costas para ela, e eu senti os braços dela me envolverem, o peito dela pressionando-se contra as minhas costas. Ela beijou o meu ombro, e pude sentir o coração dela batendo acelerado contra minhas costas. Ela deslizou as mãos pelos meus braços até nossas mãos se entrelaçarem debaixo da água.
— Acha que pode me satisfazer tanto quanto me provoca? — ela murmurou ao pé do meu ouvido, e eu sorri, deixando um riso suave escapar.
— Quero que descubra, minha rainha.
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Harth of the Dragon │Rhaenyra Targaryen and You!
FanfictionS/N Hightower, irmã de Alicent, sempre foi diferente da ambiciosa rainha que se alinha com os Verdes. Desde jovem, S/N buscava equilíbrio e justiça, distante dos jogos de poder de sua família. Ao longo dos anos, seus laços com Rhaenyra Targaryen cre...