P.O.V. S/N
Eu caminhava ao lado de Luke, que, como sempre, parecia animado e atento a tudo ao nosso redor. Ele era uma presença reconfortante e, em meio à alegria e às dúvidas que eu carregava, conversar com ele sobre o casamento com Rhaenyra se tornava quase uma necessidade.
— Então, como está sendo? — ele perguntou, um brilho curioso no olhar. — Não só o casamento, mas... como você está lidando com tudo isso?
Eu sorri, sabendo que Luke não esperava uma resposta simples. Ele queria saber como eu estava de verdade.
— Estou muito feliz, Luke. Rhaenyra é tudo o que eu queria, mais do que eu imaginei que teria — confessei, com um sorriso sincero. — Mas, ao mesmo tempo... é como se houvesse uma sombra de preocupação. Tenho medo de que estar tão próxima dela, em um lugar de destaque, acabe distraindo a corte ou até o próprio reino. Que as pessoas vejam nosso casamento como um sinal de fraqueza ou descuido.
Luke franziu as sobrancelhas, pensativo.
— Mas você não é uma distração, S/N. Você a apoia, você a fortalece. Eles podem não entender agora, mas Rhaenyra é uma rainha forte justamente porque ela tem você ao lado dela.
Seus olhos mostravam uma seriedade que raramente aparecia, mas a sua expressão também carregava compreensão.
— Eu sei... — murmurei, olhando para o chão por um momento antes de voltar o olhar para ele. — É que tem momentos em que me pergunto se realmente pertenço a esse lugar. Como se, ao assumir esse papel, eu pudesse estar desviando o foco dela. Eu quero que ela seja uma rainha forte, que o reino a veja assim. Mas, ao mesmo tempo, quero estar com ela.
Luke colocou uma mão no meu ombro, firme e reconfortante.
— S/N, você pertence aqui tanto quanto qualquer um de nós. Você está onde deveria estar. A rainha precisa de você, o reino precisa da paz que você traz para ela. Se há alguém que deve questionar isso, eles vão perceber com o tempo o quão errado estão.
P.O.V. Rhaenyra
Os últimos dias tinham sido... diferentes. Desde que eu e S/N nos casamos, eu finalmente sentia uma paz que parecia quase irreal. Todas as batalhas, as perdas, as tensões que o trono trouxe pareciam insignificantes perto do amor que construímos juntas. S/N era minha força e minha calmaria, e eu nunca imaginei que teria alguém que entendesse as sombras que o título de rainha traz. Mas algo, nos últimos tempos, estava mudando.
No começo, eram pequenas coisas. Às vezes, eu a chamava para passar um tempo em meus aposentos, uma leitura no fim do dia ou simplesmente para compartilhar uma taça de vinho. Ela vinha, mas com uma cautela que eu não entendia. Os beijos antes de se despedir tornaram-se mais curtos, quase formais, diferentes do que estávamos acostumadas. Na cama, os momentos de carinho dela eram doces, mas apressados. Não que eu esperasse que sempre fosse a mesma paixão intensa, mas essa era uma distância nova.
Cada vez que eu a observava de canto, ela parecia absorta em pensamentos, as sobrancelhas levemente franzidas. Sua expressão mostrava uma preocupação que ela nunca admitiu em voz alta, pelo menos não comigo. Eu a conhecia o bastante para perceber que algo estava pesando sobre ela, mas parecia hesitante em dizer.
Em uma tarde de céu cinzento, enquanto resolvíamos alguns assuntos no conselho, notei que ela estava particularmente distraída. S/N se afastou para conversar com alguns nobres e parecia mais distante que o habitual. Quando terminamos a reunião, tentei iniciar uma conversa casual, mas ela parecia buscar uma desculpa para se retirar, sorrindo levemente antes de desaparecer no corredor.
Passei a noite com aquelas perguntas me corroendo. Alguma coisa estava errada, e por mais que eu tentasse me convencer de que era apenas uma fase, a dúvida crescia em mim como uma erva daninha.
No dia seguinte, encontrei-a no pátio, observando os cavaleiros que treinavam. A maneira como ela olhava para eles, como se estivesse tão imersa em seus pensamentos, me partia o coração. Me aproximei devagar, sem querer assustá-la, e fiquei em silêncio ao seu lado por um momento, esperando que ela se virasse. Quando ela finalmente me notou, seu sorriso parecia cansado.
"Rhaenyra, eu não percebi que você estava aqui..."
"Eu sei." Sorri suavemente, mas meus olhos procuravam os dela, tentando encontrar algum vestígio do que estava a perturbando. "Você está bem?"
Ela assentiu, desviando o olhar novamente para os cavaleiros, como se aquilo fosse uma desculpa para não me encarar diretamente. "Estou... estou bem. Só... pensativa."
"E sobre o quê, exatamente?"
Ela hesitou, e naquele momento, vi o conflito em seus olhos. Como se quisesse dividir o que a incomodava, mas estivesse com medo de que isso a deixasse vulnerável demais. Ou, talvez, com medo de que eu pudesse ver algo que ela não queria admitir.
"Rhaenyra..." Sua voz saiu mais baixa, quase um sussurro. "Eu amo você. Mais do que tudo."
Eu sorri, tentando ignorar o aperto que senti no peito ao ouvi-la começar dessa forma. Não era um tom que prometia boas notícias. "Eu sei. E eu amo você."
Ela suspirou, olhando para as próprias mãos antes de continuar, como se as palavras a abandonassem, deixando-a à deriva. "Mas... às vezes eu me pergunto se... se estou sendo uma distração. Eu sou a sua esposa, sim, mas também sou uma mulher como qualquer outra. E... me pergunto se estou prejudicando o reino ao... ao estar ao seu lado como estou."
Minha mente girou, tentando processar as palavras. Distração? Para o reino?
"Por que está dizendo isso, S/N?" Meu tom soou mais intenso do que eu pretendia, e vi uma leve surpresa em seu rosto. "Você é minha esposa. Você é parte do reino tanto quanto eu. E se há alguém que não vê isso, essa pessoa não merece sequer nosso olhar."
Ela balançou a cabeça, ainda confusa. "Eu sei. E por um tempo, pensei o mesmo. Mas as conversas... as especulações..."
"Quem ousa especular algo sobre você?!" Meu tom era uma mistura de surpresa e indignação. Quem, em todo o reino, teria a coragem de questionar a posição de minha esposa?
"Não se trata de um único alguém, Rhaenyra. São sussurros, olhares. Algo que sinto, mesmo sem provas diretas. E... eu apenas não queria que você tivesse que carregar esse fardo."
Eu segurei o rosto dela entre minhas mãos, forçando-a a olhar para mim. "Escute-me bem, S/N. Se existe um fardo aqui, é o de não poder proteger você de tudo. Nunca foi e nunca será uma distração. Meu amor por você só me faz mais forte."
Ela sorriu, mas seu olhar ainda estava hesitante. "Eu só... eu só queria que você soubesse que, se precisar que eu me afaste para preservar sua imagem como rainha... eu faria isso."
Meus dedos se apertaram levemente em seu rosto, e eu a beijei com a força de quem não queria perder nem um segundo ao lado de alguém tão amado. "Jamais. Você é minha esposa e minha rainha, S/N. Que todos ouçam isso e aceitem, pois eu não mudarei minha escolha."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Harth of the Dragon │Rhaenyra Targaryen and You!
FanfictionS/N Hightower, irmã de Alicent, sempre foi diferente da ambiciosa rainha que se alinha com os Verdes. Desde jovem, S/N buscava equilíbrio e justiça, distante dos jogos de poder de sua família. Ao longo dos anos, seus laços com Rhaenyra Targaryen cre...