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Nicole

A noite foi agitada, para dizer o mínimo. Não conseguia conciliar o sono. Pensava nele o tempo inteiro. Penso ainda. É revoltante. Acho que vi e tive encontros com Dante suficientes para compensar os dois meses de ausência.

Ele parecia estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Eu estava muito ciente de sua presença massiva. Como se a mansão fosse pequena pra comportar tudo que ele é ou que o bastardo acha ser.

Um maldito bilionário, egoísta, pervertido. Que usa seu poder e posição. Sua aparência. O dinheiro. Tudo, para ter o que deseja. Usando e descartando em um estalar de dedos. Os dele. Seus longos e habilidosos dedos.

Na cozinha, enquanto ele me observava, desejei que me tocasse. Desejei que os lábios que tocavam a taça cheia de suco de laranja tocassem os meus. Que os dentes, que mordiam o sanduíche, mordessem a minha carne.

Senti o calor vindo do meio das minhas coxas e saí correndo, o mais rápido que pude. Depois que entrei no quarto, me lembrei que precisava pegar o segundo livro da trilogia e fui à biblioteca. 

Depois, durante a madrugada, as meninas se agitaram. Estavam enjoadas. Reclamando. Resmungando. Eu as acalentava por um tempo. Elas voltavam a dormir, mas logo se agitavam de novo e de novo. 

Foi assim que eu o ouvi, quando berrou e caiu no chão. Ouvi o baque do corpo pesado contra o piso. Não sabia se deveria entrar no quarto dele ou não. A preocupação foi maior do que a cautela. 

Cheguei a abrir a porta, mas Dante disse estar bem. Fechei a porta auxiliar e voltei a cuidar das meninas. Uma trabalheira. Não reclamei e nem me maldisse sobre a situação. Crianças adoecem e as meninas nunca dão trabalho. 

Pela manhã eu estava exausta. Confesso que até meio zonza. Quando fui pedir ajuda à Rita, ela estava apagada. Queimando em febre. Então, voltei quase correndo, entrando no quarto dele sem bater. 

Vê-lo naquelas condições nunca foi minha intenção, apesar de ter entrado sem bater.

O homem é imenso. Isso eu já sabia. Mas vi muito mais tatuagens por todo seu corpo. O membro enorme e duro. Foi um segundo. Mas eu vi. Fiquei me perguntando como. 

Como ele poderia estar saindo do banho daquele jeito? Em quem estava pensando? Na pobre Eliane? A última que ele usou e descartou. Mesmo sabendo que ele é um porco, eu fantasio com o bastardo. 

Senti a pele ferver. A cabeça doeu. Ouvi o que ele disse, mas era como se estivesse longe. Fiz o máximo para me manter em pé e manter a postura. Senti alívio quando ele me liberou. Cheguei a abrir a porta, mas o chão... 

Não vi mais nada. Senti meu corpo cair. Me apoiei na maçaneta. Senti os braços fortes ao redor do meu corpo. Sonhei com isso, mas não naquela situação. Não enquanto eu perdia os sentidos por causa de uma virose qualquer.

- Como ela está? 

- Da mesma forma que as meninas e sua governanta. A febre está alta, porque é o primeiro dia. O sistema imunológico está lutando contra o vírus. Rita está medicada e acabei de fazer o mesmo pela moça. 

- O que mais? 

- Repouso, bastante líquido, tomar os remédios nos horários certos e deixar o organismo fazer sua mágica.

- Tudo bem. Agradeço por ter vindo rápido. 

- Qualquer coisa pelo padrinho.

Estou com os olhos fechados, mas escuto toda a conversa. Estou zonza e enjoada. A febre ferve meu sangue. Neste momento, me dou conta de que Fabian, o chefe da segurança, também trata Dante por padrinho.

A babá perfeita - EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora