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Nicole


Um mês. Esse é o tempo que se passou desde que comecei no meu novo emprego. E, acredite, ainda não tive o prazer, ou desprazer, quem sabe, de conhecer Dante Alvarez, o famoso patrão e o pai das meninas.

Não consigo lidar com esse tipo de coisa. Eu penso assim: se você não tem tempo para estar com seu filho e cuidar dele, não tenha um. Simples. Então, me pergunto por que esse ser humano resolveu colocar essas duas princesas lindas no mundo, se sequer consegue dar uma passada em casa para vê-las.

Esse tempo também foi importante para que eu conhecesse o funcionamento da mansão na prática e para conhecer as pessoas que trabalham por aqui. Seguindo as dicas da amada Rita, nossa governanta, evito os seguranças e alguns outros sujeitos maliciosos que trabalham na mansão.

O sujeito que estava na guarita quando cheguei aqui pela primeira vez é o mais insistente. Ele até parece ser um cara legal, mas estou sempre com um pé atrás. Mesmo porque, ainda tenho aquela sensação terrível de estar sendo observada. 

Não é sempre. Sabe? Mas, de vez em quando, essa sensação me atinge como um raio e aí eu fico meio paranoica, procurando câmeras onde quer que eu esteja. Inclusive, no banheiro. Nunca achei nada, é claro. Mas, a sensação é real e isso me desnorteia e incomoda muito.

Ainda não tratei sobre esse assunto com Rita, porque tenho medo que ela me mande embora por eu estar enlouquecendo. Não posso perder esse emprego. Nem pensar. Estou conseguindo guardar bastante dinheiro, uma vez que não preciso gastar com nada.

Hoje é a quarta folga que tenho desde que cheguei e a primeira que vou usar para socializar, ou seja, para sair com alguns colegas de trabalho. A biblioteca e seus milhares de livros tem sido meu local de descanso nas folgas, então, ainda não saí pra lugar nenhum com ninguém.

Depois de muita insistência por parte da turminha com quem sempre troco uma ideia, resolvi aceitar essa saída de hoje. O local escolhido para a diversão é uma boate bem badalada no momento.

Não é meu tipo de diversão, mas resolvi dar uma chance e variar um pouco as coisas. A primeira coisa que tive que fazer foi ir a um shopping para comprar alguma coisa que eu pudesse usar para esse programa, porque Lívia disse que não sairia comigo se eu usasse qualquer uma das roupas que mostrei a ela. 

Lívia é uma das copeiras da mansão que é mais velha do que eu, três anos apenas. Meus colegas mais chegados são todos na minha faixa etária, por motivos óbvios. Então, estou confortável até o momento, apesar de não ser bem a minha ideia de diversão favorita. 

O local está lotado, é muito barulhento, tem fumaça demais e iluminação de menos, o cheiro não é dos melhores e as únicas coisas que vejo a galera fazer são, nessa ordem, beber, fumar, dançar e se pegar. Sem nenhum constrangimento. 

Sério. Onde diabos eu vim me meter?

Não gosto de bebida alcoólica, pois é, sou dessas. Não curto barulho e música alta. Nunca fumei e não sinto vontade. Pegação é algo que acho vulgar e dançar não é o meu forte. Desde que chegamos, estou sentada à mesa, olhando o que acontece ao redor. 

- Vamos! Você tem que desgrudar essa bunda da cadeira e curtir o momento. - Sorrio de lado e acabo me deixando arrastar para a pista de dança por Lívia. - Rebola, garota. Você tá linda nesse vestidinho safado. - Ela grita e minhas mãos voam para a barra do vestido. 

Puxo o tecido pra baixo pela milésima vez no último minuto e sigo fingindo que sei o que estou fazendo, porque não sei de verdade. Apenas me sacudo um pouco de um lado para o outro, olhando para todos os lados e me sentindo horrível. Isso não é pra mim, é o pensamento reinante. 

A babá perfeita - EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora