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DANTE


Nicole passa pela porta sem nenhuma estabilidade nas pernas. Está tão ou mais alterada do que eu, mas ela não aceitou meu avanço. 

Eu arrisquei. Quis testar uma teoria e ela deu todos os sinais de que cederia ao desejo. Tanto no quarto das meninas quanto no closet, mas me rejeitou quando avancei um pouco mais.

Quando vi sua reação. A forma como virou o rosto, fechou os olhos e se encolheu. Como se eu fosse a merda de um estuprador. Como se eu fosse Javier. 

Não muito antes ela estava inflamada. Pronta para o que tenho para dar. Não fosse a chegada do maldito, eu teria conseguido derrubar sua resistência. Agora, ela me rejeita.

Foi infantil da minha parte dizer aquilo. Nicole não precisa implorar. Basta um sinal seu e ela estaria aos pés, entre as minhas pernas, de preferência ajoelhada e com a boca no meu pau.

Não posso negar. Vê-la doente daquele jeito me preocupou mais do que gosto de admitir. Mas, tudo está relacionado ao tesão que sinto pela garota. Sequer vejo mais o vídeo. Não adianta. Nada resolve. Quero Nick sob o meu poder.

Quero dobrar a garota. Quebrá-la em pedaços miúdos. Controlar até mesmo sua respiração. Quero Nicole. Como uma criança que cisma com um brinquedo específico. Nada mais serve, a não ser o alvo de sua obsessão. 

Nunca senti algo igual. Nem mesmo por Lucía. É algo urgente. Queima. Incomoda. 

Respiro fundo e me sento na cama. Passo as mãos no rosto e me deixo cair deitado no colchão macio. O desejo que sinto de tê-la em meus braços é quase sufocante.

Meu corpo clama pelo dela. Chega a doer. É a porra de uma obsessão maldita. Preciso foder essa garota para tirá-la do meu sistema. 

Eu me conheço. Sei como funciono. Preciso apenas de uma oportunidade e tudo terá terminado. Ponto final.

O que me incomoda é essa obsessão que nem mesmo por Lucía eu senti. Minha esposa foi meu ideal de mulher desde nossa adolescência. Eu olhava para ela e pensava: essa é a mulher com a qual viverei até o final da minha vida.

Desejei isso com todo o ardor. Tanto, que me tornei um cego, mesmo tendo olhos perfeitos. Acreditei mesmo que tudo seria diferente do que foi minha família. Jurei amar, cuidar e proteger minha esposa e todos os filhos que viessem da nossa união.

Não sou santo. Longe disso. Fui um sacana. Um canalha mulherengo enquanto podia ser. Fodi toda garota que encontrei pela frente e quis o mesmo que eu. Mas eu tinha um projeto de vida. 

Eu e Lucía, juntos até a morte.

O riso é inevitável. Os olhos marejados é a segunda fase. Então, sinto o amargor da traição. A descoberta das mentiras. A verdade jogada na minha cara. Fúria, é o que corre nas minhas veias em seguida. Quero voltar no tempo. Quero matar todos eles. 

Mas a história sempre termina do mesmo jeito. O maldito destino - ou a fuga fantástica perfeita - roubou isso de mim. A chance de me vingar dos traidores. O prazer de os torturar por dias. De ver a luz se apagar de seus olhos.

Rosno e passo as costas das mãos fechadas em punho nos olhos. Homens como eu não podem ter sentimentos. Não é permitido. 

Não posso demonstrar fraqueza. Caso eu deixe qualquer pessoa ver minha dor, eles me engolem. No dia seguinte estou morto. Meu corpo flutuando em um rio ou jogado em uma vala de um beco escuro.

Hoje, o ódio e o amor me mantêm vivo. 

O ódio que sinto por ter sido um idiota sonhador que acreditava em amor e lealdade. Ódio por ter sido feito de idiota por quem eu amava. O amor, eu tenho pelas minhas filhas. Únicas a terem esse privilégio.

A babá perfeita - EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora