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Nicole


Na manhã seguinte àquela noite terrível, acordei sentindo dores por todo meu corpo. Como se eu tivesse malhado por horas no dia anterior. 

Meus músculos pareciam ter sido moídos de tão doloridos. Tensos demais. Além disso, havia marcas por todo meu corpo. As marcas das mãos daquele maldito.

Fechei os olhos e me lembrei de tudo, como se estivesse acontecendo naquele momento de novo. A mão dele na minha boca, a outra na minha intimidade, a saliva que ele espalhou ali. 

Depois, quando pairou sobre mim após rasgar minha calcinha, cheguei a sentir a cabeça inchada do membro na entrada do meu sexo. Foi um momento aterrorizante. Um dos piores.

Estava disposta a morrer lutando. Eu sabia que não teria jeito e que ele iria me violentar sem que eu pudesse fazer nada para impedir além de implorar. 

Mas eu percebi o quanto minha resistência o afetava de forma errada. Para Javier foi um jogo. Uma espécie de diversão sádica. Foder uma mulher exatamente porque ela não queria isso. 

O alívio que senti quando o homem inescrupuloso foi tirado de cima de mim, é algo que não há como explicar. Foi como se eu estivesse à beira da morte e a vida voltasse de repente.

Mesmo assim, não consegui agir. Eu estava em choque. Paralisada pelo medo e pela surpresa. Acho que se Rita não tivesse me tirado de lá eu ainda estaria no mesmo lugar. Congelada.

Abri os olhos e tentei identificar onde estava. Mas não consegui. Era um quarto grande. Maior do que um apartamento. A decoração era muito impessoal e em tons escuros. 

Há algo que notei desde que comecei a trabalhar na mansão. Não há fotos. Nada. Em lugar nenhum e de ninguém. Nem mesmo no quarto das gêmeas. Não sabia como Dante, meu empregador, se parecia.

Naquele quarto não era diferente. Não havia nada que me dissesse a quem pertence. 

- Que estranho. 

- O que, menina? O que é estranho? - Sorri ao ouvir a voz da minha salvadora. 

- Oi. - A mulher, enérgica como sempre, entrou no quarto na companhia de Livia que pareceu meio assustada. 

- Me perdoa, Nicole. Eu te perdi de vista ontem. Quando voltei à nossa mesa, você não estava lá e nem no bar. Liguei várias vezes pro seu celular. 

- Acho que perdi - No meio de tudo que aconteceu, sequer me lembrei desse detalhe. - Tá tudo bem, Livia. Eu estou bem. 

- Agora está. - Olhei para Rita em um pedido silencioso para que ela não dissesse nada sobre o que aconteceu. - Volte pro seus afazeres, Livia. Eu cuido da nossa doentinha. 

- Tá tudo bem mesmo? - Ela ainda insistiu. 

- Sim. Estou bem. Fique tranquila. - A garota assentiu e sorriu de leve. 

- A culpa, em parte, também é dela - Rita disparou assim que ficamos sozinhas. 

- Não diga isso! 

- É a verdade. Você é uma garota do interior. Sem nenhuma noção do que acontece nessas boates infernais. Se você fosse o tipo de pessoa que frequenta esses lugares, não teria sido drogada. 

- A culpa é minha. 

- Não! O único culpado de verdade nessa história é aquele violador de mulheres. Que ódio que sinto dele! 

- O que aconteceu ontem? - Ela parou de servir meu café na bandeja e olhou pra mim. - Quem tirou Javier de cima de mim?

- Não importa, criança. O que importa é que chegamos a tempo. 

A babá perfeita - EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora