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DANTE

Um mês depois do ataque… 


Entro no carro pela porta aberta por Fabian e me acomodo, mais puto do que eu imaginava. 

Tenho negócios importantes para resolver nesta maldita viagem, mas a merda de um tufão, que surgiu sei lá de onde e sem aviso, impossibilitou a decolagem de qualquer tipo de aeronave. 

- Mansão, padrinho? 

- Sim, Joaquim. - Fabian entra depois que o motorista liga o carro e se acomoda diante de mim. - Alguma notícia? 

- Não, padrinho. 

- Está tudo quieto demais. 

- Eu sei. 

- Então, faça algo. - Rosno sem nenhuma paciência. - Não quero ser pego de surpresa, Fabian. Você sabe como fico quando isso acontece. 

- Não vai acontecer, padrinho.

Passo a mão no rosto e olho para fora, pela janela do carro que corre pela noite escura no meio da enxurrada. 

A única coisa boa nesse imprevisto é que poderei passar um tempo com as minhas princesas.

Nunca pensei que seria um bom pai, mas estou me superando em ser ainda pior do que o meu. Desde o desaparecimento da mãe delas, minha vida foi virada pelo avesso. 

Ainda não consegui colocar as coisas em ordem. O resultado é que não tenho conseguido passar nem algumas horas em casa. Isso não pode continuar. Não depois de tudo que aconteceu. 

Um raio atravessa o céu e logo escutamos os tambores barulhentos de um trovão. 

A chuva está grossa e volumosa, dificultando ainda mais o trânsito que já é pesado por si só em dias normais. Joaquim faz o que pode, pegando atalhos e vias secundárias, mas em vão.

Acho que se passam horas até colocar os pés na mansão e respiro fundo quando me encontro na sala, a caminho da escada que leva ao andar dos quartos. 

- Boa noite, patrão. Vai querer comer alguma coisa? 

- Boa noite, Rita. - A governanta sorri para mim. - Já está tarde. Não deveria estar dormindo?

- Fabian me avisou sobre o cancelamento dos voos. - Olho feio para o chefe da minha segurança, mas ele parece um jarro, expressão zerada, como sempre. - Não se preocupe. Velhos dormem menos, patrão. 

- Está longe de ser uma velha, Rita. - Ela sorri e seus olhos acinzentados brilham. - Sirva o jantar no meu quarto. Mas espere um pouco. Quero tomar banho antes de ver minhas princesas. Aviso quando eu estiver pronto. 

- Tudo certo, patrão. - Assinto e volto a subir os degraus. 

Entro no meu quarto já arrancando as roupas do corpo. Estou ansiando por um banho quente no meu banheiro. Local que não vejo há muitas semanas. 

A última vez em que estive por aqui, mal tive tempo de dar uma olhada nas gêmeas antes de sair para resolver mais problemas. 

Não demoro, porém. A ansiedade hoje é maior e preciso sentir o cheiro bom das minhas meninas. 

O cheiro da inocência delas, longe de toda a violência e agressividade que permeia meu dia a dia. Tão necessário e tão escroto. Visto uma calça de moletom e decido não vestir nada na parte de cima. 

Adoro sentir minhas princesas na minha pele, como quando elas nasceram e as duas dormiram no meu peito nu. Eu as aqueci e elas me salvaram, de certa forma. 

A babá perfeita - EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora