Entre o querer e o temor

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A noite estava clara, mas o clima entre Pri e Carol era denso, cheio de emoções não ditas. Pri se afastou de Carol, deixando-a sozinha na cozinha, o coração acelerado e a respiração entrecortada.

O sorriso que se formou nos lábios de Carol era uma mistura de satisfação e desespero. Ela adorava o efeito que tinha sobre Pri, aquela centelha de ciúmes que iluminava os olhos da outra, mas ao mesmo tempo, sentia uma pontada de dor por tê-la afastado.

"Eu faria de tudo para ter você em meus braços novamente", pensou Carol, enquanto suspirava pesadamente. A culpa a consumia; ela sabia que tinha deixado Ricardo atravessar seu caminho naquela noite de reuniões, e isso havia machucado Pri. "Se ao menos eu tivesse me imposto...", refletiu, mas já era tarde demais.

Enquanto isso, Pri se trancou em seu quarto, revivendo aquele momento na cozinha. A lembrança da risada de Carol e a proximidade delas ainda dançavam em sua mente. "Mas ela me vê apenas como um brinquedo", pensou Pri, o peito apertando com a frustração. "Ela nunca vai assumir que me quer de verdade." Um suspiro escapuliu de seus lábios antes que ela finalmente se entregasse ao sono.

Na manhã seguinte, a cozinha estava cheia de silêncios desconfortáveis. Todos estavam presentes, exceto Carol, que havia saído muito cedo para a empresa sem sequer cumprimentar ninguém. Pri olhou para o lugar onde Carol costumava sentar-se e respirou aliviada por não ter que encarar os olhos dela naquela manhã. "Talvez isso seja melhor", pensou.

No escritório, Carol se sentia sufocada pelas lembranças da noite anterior. O calor subiu à sua face enquanto ela tirava o casaco, tentando se distrair com o trabalho. Mas a tranquilidade do dia não apagava a imagem de Pri em sua mente.

Quando a noite finalmente chegou e Carol voltou para casa, encontrou Ben e Pri juntos na cozinha. O cheiro do jantar enchia o ar, mas o clima entre as duas ainda estava tenso como um fio prestes a se romper. Ao ver Pri com Ben, Carol sentiu uma pontada no peito; havia algo faltando.

"Oi Ben!", disse Carol com um sorriso forçado, tentando ignorar a presença distante de Pri. Quando estava prestes a perguntar algo ao filho, a campainha tocou inesperadamente.

"Quem será agora?", pensou ela enquanto se dirigia até a porta. Para sua surpresa, era Ricardo.

"Oi Carol", ele disse com um sorriso meio nervoso. "Desculpe por aquele dia... Queria te convidar para sair agora como amigos. O que acha?" Ele deu um passo à frente, mas Carol recuou instintivamente.

"Desculpe Ricardo", respondeu ela firmemente, cruzando os braços na frente do corpo como um escudo protetor. "Quero manter nosso relacionamento apenas no profissional."

Mas naquele exato momento, Pri apareceu na entrada da cozinha e seu olhar se encheu de frustração ao ver os dois próximos um do outro. O coração de Pri disparou com ciúmes ao perceber a proximidade deles.

Carol notou o olhar de Pri e rapidamente se afastou de Ricardo. "Você precisa ir embora", pediu com uma firmeza que não deixava espaço para discussões.

"Pri!", tentou chamar Carol assim que Ricardo saiu pela porta, mas já era tarde demais; Pri virou-se e pediu licença antes de desaparecer em direção ao quarto.

A porta do quarto se fechou atrás dela como um eco distante da dor que ambas estavam sentindo. O silêncio após a saída foi pesado e carregado de promessas não cumpridas e palavras não ditas.

A babá que mudou tudo Onde histórias criam vida. Descubra agora