CAPÍTULO 7

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Luana afastou-se da janela com uma perturbação gritante em seu interior pela cena que tinha visto, não sabia que a Marilia estava namorando, nem ao menos cogitava a hipótese de que a morena havia lhe esquecido. Por muitos anos alimentou a ideia de que era inesquecível nas memórias e no coração da Marilia, achara também que a morena a cultuava por todos esses anos, assim como ela fez com a Marilia.


Como a Marilia a tinha esquecido depois de tudo que viveram juntas? Juntas descobriram o amor, porcaria! Esse tipo de coisa não se esquecia facilmente. Tinha suspeitas de que a Marilia não tinha esquecido... Até porque a morena passara cinco anos sem dar às caras. O seu ego dizia que o afastamento de anos era apenas por um motivo: Para não vê-la e por medo de que o amor treslouco que as envolviam explodisse novamente.

Não. Um amor assim não se acabava, negava-se acreditar e não iria acreditar. Sabe por que? Porque desde que a Marilia saiu daquela maldito carro que o coração de Luana batia descontroladamente, e fazia muito tempo que não tinha essa reação. Quando os seus olhos baterem em Marilia, a viu maravilhosamente linda, bem mais do que cinco anos atrás, e o seu mundo se iluminou novamente. Infelizmente a escuridão a envolveu quando viu a Marilia beijando aquela individua. O ódio amargou a sua boca, sentiu tanto ciúme que se tivesse uma arma descarregaria na cabeça daquela mulherzinha por ousar se aproximar do seu amor.

Tivera que se afastar da janela por não suportar mais ver aquele beijo tão apaixonado. Inferno! Limpou as lágrimas que queimavam os seus olhos, e focou o teto. Estava há cinco anos em um casamento infeliz com o tedioso do Chris. Não o suportava mais. Estava na hora de sua vida sair daquela monotonia. Tinha se casado com o Chris por dinheiro, isso não era novidade, largara a Marilia porque ela não tinha recursos nem dinheiro para fazer a Luana luxar... Marilia sempre fora trabalhadora e empenhada, mesmo com os pais ricos sempre preferiu lutar para ter suas coisas sem ficar na sombra dos seus progenitores, e Luana detestava isso, queria aproveitar tudo o que o dinheiro tinha a oferecer e a solução imediata foi o Chris que já estava bem situado e não tinha a menor vergonha de pedir algo aos pais se precisasse.

Agora os contextos tinham mudando, finalmente a Marilia estava rica... Estava do jeitinho que Luana gostava, e ela iria aproveitar isso.

– O que faz olhando para o teto? – A voz do seu marido a despertou.

Luana o olhou com desagrado. Vitor não era um homem feio, ao contrário, era muito bonito, assim como todos os Mendonça, se parecia muito com o pai. Apenas na aparência, porque no caráter deixava a desejar. Era alto, forte. Tinha um rosto muito bonito, o cavanhaque lhe dava um charme a mais, as sobrancelhas grossas fazia parte do pacote, os cabelos castanhos penteados para trás de uma maneira bagunçada propositalmente era atraente. Menos para Luana que não sentia nada por ele.

Não gostava de homens. Nunca gostou, mas na vida sempre existia alguns esforços para ter o que bem queria. Ela não o amava, e jamais amaria.

– Nada. – Ela o olhou com mais atenção, ele usava uma camisa polo rosa, calça jeans e tênis.

– Preparada para ir cumprimentar o seu grande amor? – Vitor perguntou com sarcasmo na voz.

– Poupe-me de suas perguntas tolas. – Ela caminhou até o grande espelho e se olhou, estava belíssima, como sempre. O seu corpo era esplendido e com aquele biquíni minúsculo preto ficava sensacional, usava uma saída de banho branca aberta e saltos altos pretos. Tinha feito uma maquiagem suave no rosto, jamais ficava sem maquiagem, apesar de saber que não precisava daquele artificio. Passou as mãos nos cabelos longos, castanhos. – Eu não tenho tempo para elas, nem para você. – Andou até a cama e pegou o chapéu de praia.

Não tinha tolerância para o seu marido, e não iria ter hoje, especialmente hoje. Estava ansiosa para falar com a Marilia, de preferência sozinha. Passou pelo Vitor, mas ele a segurou pelo braço, a puxando para trás, os seus olhos colidiram.

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