𝖢𝖺𝗉𝗂́𝗍𝗎𝗅𝗈 𝟣𝟥- "Um possivel recomeço?"

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Cecy acordou ansiosa naquela manhã. Era o seu primeiro dia como aluna em Hogwarts, e ela sabia que precisaria lidar com a disciplina rígida do pai. Vestiu seu uniforme e desceu até a sala de Poções, onde a aguardava uma turma de alunos do primeiro ano.

Severus Snape já estava lá, em pé ao lado de seu quadro, com os braços cruzados e uma expressão séria que intimidava até os alunos mais confiantes. Cecy sentiu um arrepio ao se aproximar, e ele não fez questão de suavizar sua postura quando a viu.

— Sentem-se em silêncio e preparem os materiais — ordenou Severus, enquanto os alunos rapidamente encontravam seus lugares, Cecy entre eles.

Durante a aula, Severus não aliviou para sua filha. Cada erro que ela cometia era seguido por uma correção rígida, um olhar crítico, ou uma palavra de advertência.

— Senhorita Snape, você deveria saber que a essência de belladonna precisa ser diluída antes de ser adicionada! — Severus exclamou em voz alta, fazendo Cecy corar diante de todos.

— Desculpe, professor... — murmurou ela, sentindo as lágrimas brotarem nos olhos.

A aula parecia durar uma eternidade para Cecy, que se esforçava ao máximo para não desagradar o pai, mas sentia que nada do que fazia era bom o suficiente. Quando finalmente a aula chegou ao fim, ela arrumou seus materiais em silêncio e saiu da sala, segurando as lágrimas até encontrar um canto vazio nos corredores de Hogwarts.

Enquanto vagava pelo castelo, tentando se acalmar, Cecy esbarrou em uma menina de cabelos cacheados e sorriso caloroso.

— Oi! Eu sou Diana. Você é a Cecília, certo? — perguntou a menina, estendendo a mão.

Cecy enxugou rapidamente os olhos e forçou um sorriso antes de apertar a mão de Diana.

— Sim, sou eu... — respondeu ela, com a voz um pouco embargada.

— Vi você na aula de Poções hoje. O professor Snape foi bem rígido com você, né? — comentou Diana, com um olhar compreensivo.

Cecy suspirou e assentiu.

— Ele é... bem, ele é meu pai. Acho que só quer que eu me saia bem, mas... é difícil, sabe?

Diana sorriu de forma gentil e colocou uma mão no ombro de Cecy.

— Sei sim. Mas se precisar de ajuda ou companhia, estou por aqui. Podemos explorar o castelo juntas quando você quiser.

Cecy se sentiu um pouco mais reconfortada com as palavras de Diana e prometeu a si mesma que tentaria fazer novos amigos e aproveitar sua estadia em Hogwarts.

Enquanto isso, no laboratório de Poções, Kathrine aguardava Severus, que estava organizando os frascos. Ela tinha visto a interação entre ele e Cecy na aula e percebeu que a menina estava profundamente magoada. Decidiu que precisava conversar com ele sobre isso.

— Severus, precisamos conversar — começou Kathrine, sua voz firme, mas cheia de preocupação.

— Se for sobre a aula, não vejo necessidade de explicações. Cecília precisa aprender como qualquer outro aluno — respondeu Severus, sem desviar o olhar dos frascos.

— Severus, ela só tem sete anos. Você não acha que está sendo um pouco duro demais? Eu sei que quer que ela aprenda, mas do jeito que está, só vai afastá-la ainda mais — argumentou Kathrine, cruzando os braços.

Severus finalmente parou e olhou para ela, seus olhos revelando um cansaço que raramente mostrava.

— Eu... não sei como agir, Kathrine. Eu tento prepará-la para os desafios que virão, mas parece que só estou errando — admitiu ele, sua voz carregada de frustração.

— Talvez seja hora de parar de ser apenas o professor rígido e tentar ser o pai dela também. Lembra de como vocês costumavam se divertir fazendo poções juntos? — sugeriu Kathrine, com um sorriso suave.

As palavras de Kathrine ecoaram na mente de Severus. Ele se lembrou dos momentos em que Cecy ainda era muito pequena e ele a ensinava, paciente, sobre os ingredientes e suas propriedades. Talvez fosse hora de tentar retomar aquilo.

Mais tarde naquela noite, Severus chamou Cecy de volta ao laboratório de Poções. Ela entrou, ainda com um ar de incerteza, e parou na porta, esperando que ele começasse a falar.

— Cecília, venha aqui — disse ele, indicando a bancada onde uma série de ingredientes estavam dispostos.

— O que é, professor? — perguntou ela, ainda um pouco desconfiada.

— Hoje, vamos preparar uma poção juntos. Uma como aquelas que fazíamos em casa, antes de você vir para Hogwarts — disse ele, e sua voz era um pouco mais suave do que Cecy estava acostumada.

A menina olhou para os ingredientes e, lentamente, um sorriso começou a se formar em seu rosto. Ela caminhou até a bancada e começou a ajudar, seguindo as instruções de Severus. Aos poucos, a tensão entre os dois foi se desfazendo. Eles trabalharam em silêncio, mas era um silêncio confortável, repleto de uma familiaridade que ambos haviam esquecido.

Quando a poção finalmente estava pronta, Cecy olhou para o pai com um brilho nos olhos.

— Eu senti falta disso, papai... — disse ela, quase em um sussurro.

Severus se permitiu um pequeno sorriso e assentiu.

— Eu também, Cecília. Eu também.

Ele sabia que ainda tinha muito a melhorar, mas aquela pequena reconciliação era um primeiro passo. E, pela primeira vez em muito tempo, Severus sentiu que talvez, apenas talvez, ele pudesse ser o pai que Cecília merecia.

A  Princesinha Da Sonserina (O Diário de Cecilia Snape)Onde histórias criam vida. Descubra agora