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𝒮𝓊𝓇𝓎𝒶

Eu sentia o suor escorrer por minha nuca enquanto o vento seco levantava pequenas nuvens de poeira ao meu redor. A areia dourada se estendia por quilômetros, como uma extensão infinita de solidão e desespero. O calor do sol nas Terras do Leste era abrasador, uma brisa quente varria as dunas douradas e a vegetação esparsa. Eu estava montada em cima de um coiote gigante, sua pelagem cinzenta e espessa contrastando com a areia que se espalhava pelo horizonte. As patas dele afundavam levemente na terra, mas seu movimento era ágil, quase imperceptível, enquanto me escondia entre as grandes rochas esculpidas pelo vento e pelo tempo. Aquele animal, maior do que qualquer cavalo, era meu companheiro de caça e também de fuga, me levando por entre as sombras sem deixar rastro, eu o chamava de Cisto.

Eu observava de longe o grupo. Maxon estava à frente, de pé em uma rocha elevada, com um sorriso despreocupado nos lábios. Seus cabelos brancos, agora desgrenhados pelo vento, caíam sobre os ombros, e ele vestia uma túnica de tecido leve, feita para aguentar o calor extremo. Era uma cor bege, quase se confundindo com o cenário ao redor. Suas botas eram de couro reforçado, preparadas para qualquer terreno, enquanto ele segurava um arco largo, a corda firme como se estivesse pronto para lançar a flecha a qualquer momento.

Os cavaleiros que vieram conosco, quatro dos melhores de Maxon, também estavam ali, espalhados pela área. Taius, o mais velho e experiente, com seu olhar atento e uma barba curta já com alguns fios grisalhos, olhava ao redor, tentando me encontrar. Ele era alto, robusto, vestia uma armadura leve de couro escuro, com uma capa marrom solta nas costas. Ao lado dele, os gêmeos Mikel e Sael trocavam risadas abafadas, os cabelos loiros e longos presos em rabos de cavalo, ambos parecendo tão idênticos quanto mortais, exceto pelos pequenos detalhes que apenas os mais atentos perceberiam — Mikel tinha uma cicatriz no queixo, enquanto Sael mantinha uma adaga presa ao cinto que nunca desgrudava dele. Eles usavam vestes similares, camisas soltas e calças de couro, prontos para qualquer combate ou diversão.

E, claro, Alwing, o mais novo de todos, estava um pouco afastado, observando com olhos curiosos. Ele parecia um adolescente entre feéricos, com um rosto suave, quase inocente, mas seus olhos azuis profundos revelavam a sabedoria de centenas de anos. Seus cabelos eram curtos e bagunçados, e ele carregava uma lança nas costas, vestido com roupas leves e práticas, que contrastavam com sua natureza sempre alerta.

Eu mal podia conter o riso enquanto observava:

— Eles não têm a menor ideia — sussurrei para Cisto, acariciando o pelo grosso do seu pescoço. Ele mexeu as orelhas para mim em resposta, como se também estivesse ansioso pela brincadeira.

Eles não sabiam que eu já havia abatido a presa. Eu o havia amarrado nas costas de Cisto, com seus grandes músculos tensionando o peso do animal enquanto ele caminhava em silêncio pelas dunas:

— Ela sumiu de novo, não é? — ouvi a voz de Taius, rouca e cansada, ecoando entre as rochas enquanto ele guiava seu cavalo pela trilha.

— Pode apostar — disse Mikel, sua voz carregada de ironia. — Mas o cheiro de sangue está no ar. Aposto que ela abateu a presa antes de nós.

— Como sempre, apressada — completou Sael com uma risada.

Eu sorri ao ouvi-los, sentindo o peso do arkaris nas costas de Cisto. O sol brilhava intensamente, mas as sombras começavam a se formar conforme o entardecer se aproximava. Me movi com Cisto para me aproximar sorrateiramente deles. O coiote gigante sabia se mover com uma precisão assustadora, mesmo em terrenos traiçoeiros como aquele. Maxon estava mais à frente, sua postura sempre séria, mas seus olhos inquietos me procuravam entre as dunas.

Me aproximei em silêncio até estar bem perto deles, escondida atrás de algumas árvores raquíticas que cresciam em uma das poucas áreas sombreadas. E então fiz meu movimento.

Corte de Sangue e Estrelas - Livro 2 - Fanfic ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora