Victor correu até Daiana e pegou-a nos braços. Suas mãos queriam fraquejar, mas ele tirou forças de onde não tinha para que pudessem fugir dali. Correu com ela por através dos portais, arfando. Queria forças, apenas um pouco mais. Ainda ouviam-se gritos e tiros no salão que ficara para trás.
Ao fechar a porta principal, Victor desceu Daiana ao chão, ainda nervoso, com o coração batendo fervorosamente. Com cuidado tentou acordá-la. Chamou pelo seu nome repetidas vezes, mas ela não lhe dava resposta. Seus olhos permaneciam fechados.
O portal em suas costas abriu estrondosamente, e Victor foi arremessado pelas escadarias. No chão, sentiu uma dor feroz invadir seu peito. Antes que pudesse respirar direito, as garras do monstro agarraram-no pelo seu pescoço e ergueram-no do chão.
Era terrível, horrendo. Seus olhos vermelhos o encaravam como se atravessassem os portais de seus olhos e enxergassem o seu interior. Em sua face havia uma pura e demoníaca expressão de maldade. Seu corpo estava totalmente tomado de pelos, e suas roupas ainda estavam com ele, embora quase completamente rasgadas. Era um ser maligno das profundezas da terra.
Victor aceitou que morreria ali. Pensou em seu pai, infeliz dentro de sua enorme e solitária casa. Em Frederico, já morto, e como ele o havia pressionado a tomar uma atitude tão nobre. Pensou também em Daiana. Agora sentia-se completamente diferente em relação a ela. Daria tudo para que pudesse viver com ela até o fim de seus dias. Quando o amargo punhal da morte o ferisse, tinha certeza que o seria doce como um sonho, ao seu lado.
Aos poucos tudo começou a perder sua cor e a sumir devagar. Era como se as trevas da morte já começassem a invadir seus olhos, escurecendo-os pouco a pouco. Viu uma bala invadindo a cabeça do monstro. E ao cair ao chão, lá estava uma jovem lívida, segurando um revólver fumegante. Nunca esqueceu de como o céu estava cinzento, como os trovões retumbavam no céu, e como o vestido branco de Daiana balançava ao vento, sumindo devagar, pouco a pouco, como um espectro.
Deixe-me ser direto. Victor acordou-se um tempo depois. Não vou me referir a coisas de tão pequena importância, como o abraço que compartilharam, os prantos da jovem pela morte do pai, ou como Victor teve algumas de suas perguntas feitas a Franco respondidas.
Mas falarei de quando eles montaram em um dos cavalos do Sr. Reis que ainda estavam do lado de fora. Quando o vento esvoaçava seus cabelos enquanto desciam a estrada da montanha rapidamente. Daiana segurava em Victor e tinha lágrimas escorregando pelos seus olhos e sendo violentamente carregadas pelo vento.
Falarei de como após um tempo foi difícil vê-los já distantes, trilhando seus próprios caminhos, criando suas próprias histórias... Mas seria muito fantasioso dizer que viveram felizes para sempre.
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O Casamento do Vampiro - Conto
Short StorySeu pai deseja que ele se case e tenha uma vida feliz. No entanto, o jovem Victor se vê enfrentando obstáculos muito maiores do que jamais imaginou para atender a essa expectativa. Mistérios e perigos o cercam, e ele busca entender como tudo se inte...