No salão do castelo dos Roice, todos dançavam suavemente ao som de uma bela sinfonia. Era um salão majestoso, com o mais belo dos vitrais, e o mais lindo dos lustres. Entre eles haviam vários pares que ora caíam para um lado, ora para outro do salão. Todos os cavaleiros usavam belos ternos e acompanhavam alguma moça com bonito vestido. Porém Victor havia ficado só para a quinta quadrilha.
Durante o ecoar de uma balada romântica, em uma harmoniosa dupla de piano e violino, Victor estava afastado, observando a paisagem através de uma das grandes janelas do salão. A lua fazia daquela uma noite um tanto clara, e assim era possível ver as altas colinas, e as distantes araucárias. Embora aquela fosse uma linda vista, Victor não a admirava, sua mente estava longe daquela paisagem, e a quilômetros do salão.
— A lua está linda hoje, não acha? — uma voz doce soou ao seu lado.
Primeiro olhou para sua direita, para a voz que lhe despertou para o mundo. Era Daiana. Bela como uma flor. Vestia-se com um vestido violeta, e uma máscara felina de mesma cor. Atendeu seu chamado e olhou para a lua no alto do céu. Cheia e brilhante. Olhá-la lhe trouxe-lhe muitas memórias de infância. Lembrou-as saudoso, pois estes eram tempos que lhe faziam falta, tempos juntos à sua mãe, quando a observavam e também procuravam constelações.
— Está realmente muito bonita — respondeu-a.
Victor lembrava das palavras que trocaram, de como a fez rir, e de como o sorriso dela era consolador naquele seu delicado momento.
Como poderia ter perdido o interesse por aquela moça? Como poderia ter apaixonado-se por qualquer outra? Eis o traiçoeiro coração.
Os momentos que tiveram juntos foram proveitosos, memoráveis, e apaixonantes. Não irei me demorar a relatá-los. Mas falarei sobre como esse momento foi rasgado violentamente de Victor, quando não muito depois, entrou no salão aquele que mais tarde conheceu por Augusto, com quem Daiana permaneceu de mãos alçadas por todo o baile, e com quem dançou suas últimas três quadrilhas.
Era mais velho que ela. O que era facilmente perceptível quando se via os dois no salão. Embora Victor tivesse quase a mesma idade que Daiana, as moças sempre preferem os rapazes mais velhos. Contudo o homem que a acompanhava era de fato belo, embora Victor não o quisesse reconhecer. Tinha um rosto elegante, cabelos escuros, e um sorriso harmonioso. Mas era a pessoa mais pálida que Victor já havia visto.
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O Casamento do Vampiro - Conto
Short StorySeu pai deseja que ele se case e tenha uma vida feliz. No entanto, o jovem Victor se vê enfrentando obstáculos muito maiores do que jamais imaginou para atender a essa expectativa. Mistérios e perigos o cercam, e ele busca entender como tudo se inte...