CAPÍTULO 12 - ARMADILHAS INVISÍVEIS

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A manhã amanheceu pesada, com o céu encoberto por nuvens cinzentas que prenunciavam mais tempestades. Alice acordou com a sensação de que a pressão no ar refletia o turbilhão que envolvia sua vida desde a noite anterior. Dante estava de pé ao lado da janela, observando a paisagem da cidade sem realmente vê-la, seus pensamentos longe, mergulhados na estratégia para o embate final com Sofia.

— Não dormiu nada? — Alice perguntou, a voz ainda rouca do sono.

Dante olhou por sobre o ombro, o rosto tenso, mas suavizado ao vê-la. — Eu não posso me dar ao luxo de descansar enquanto ela está um passo à frente. Lorenzo está preparando tudo, mas ainda temos muito trabalho pela frente.

Alice se levantou lentamente e caminhou até ele, deslizando os braços ao redor de sua cintura, encostando o rosto em suas costas. Ele relaxou ligeiramente ao sentir o toque dela, mas a tensão que carregava nos ombros ainda era palpável.

— Não se esqueça de que você não está sozinho nisso, — ela sussurrou, querendo trazer algum conforto em meio ao caos. — Nós estamos juntos, lembra?

Dante virou-se, abraçando-a com força, como se ela fosse a única âncora que o mantinha no presente. — Eu sei. E é por isso que tenho que acabar com isso, de uma vez por todas. Sofia não vai parar até destruir tudo o que construímos. Até destruir nós dois.

Alice sentiu um calafrio correr por sua espinha. Embora quisesse confiar nas palavras de Dante, havia uma parte dela que temia o quanto aquela batalha poderia custar a ambos.

— Qual é o próximo passo? — ela perguntou, puxando-se para a realidade do que precisavam enfrentar.

— Hoje à noite, — Dante começou, soltando-a suavemente e voltando a olhar para a janela. — Vamos fazer uma reunião com todos os aliados que restam. A maioria já está desconfiada dos movimentos de Sofia, mas precisamos garantir que eles estejam do nosso lado antes que ela os manipule. Se conseguirmos o apoio deles, isolamos Sofia e a tiramos do jogo. Ela não terá mais poder nem influência para nos ameaçar.

Alice assentiu, mas algo na maneira como ele falava deixava claro que não seria uma vitória simples. Eles estavam jogando um jogo perigoso, e Sofia era uma oponente implacável. Ela sabia como usar cada fraqueza contra os outros, e Dante sabia disso melhor do que ninguém.

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A reunião foi marcada para um local discreto, uma mansão nos arredores da cidade, onde apenas os convidados mais confiáveis teriam acesso. Lorenzo fez questão de tomar todas as precauções para garantir que ninguém de fora soubesse do encontro. No entanto, Alice não conseguia afastar a sensação de que estavam sendo observados, que de alguma forma Sofia já estava um passo à frente.

Quando chegaram à mansão, o ambiente já estava preenchido com uma energia densa. Homens e mulheres poderosos, todos com rostos fechados, analisavam cada movimento, cada palavra dita. Era evidente que o medo da traição estava no ar, e todos ali sabiam que qualquer erro poderia custar caro.

Lorenzo foi o primeiro a falar, caminhando para o centro da sala com uma postura confiante e austera. — Estamos aqui hoje porque todos vocês sabem que Sofia está tentando tomar o controle. Ela agiu pelas sombras, manipulando e traindo antigos aliados para fortalecer sua posição. Mas ainda há tempo para reverter essa situação. Se unirmos forças agora, podemos isolá-la, cortar seus recursos e acabar com sua influência antes que ela possa fazer mais estragos.

Os murmúrios começaram a se espalhar pela sala, e Alice percebeu que alguns dos rostos presentes estavam tensos, hesitantes. Havia medo ali, e Sofia sabia muito bem como explorar isso. Dante, por outro lado, permaneceu calado até agora, mas Alice sabia que ele estava apenas esperando o momento certo para falar.

Um dos homens mais influentes, Marco Falcone, levantou-se e dirigiu-se a Dante diretamente. — Sabemos que Sofia é perigosa, mas também sabemos do seu passado, Dante. Você sempre foi... intenso. O que nos garante que, ao nos unirmos a você, não seremos apenas joguetes em outra batalha de egos?

Dante finalmente se aproximou, sua presença imponente dominando a sala. — O que eu garanto, Marco, é que não estou aqui para jogar. Sofia está tentando destruir tudo o que resta de mim, e se ela conseguir, vocês serão os próximos. Se isso acontecer, ela vai dominar tudo e não deixará nada para ninguém. Não é uma questão de poder ou ego, é uma questão de sobrevivência. Vocês têm que escolher: ficar do lado dela e esperar para serem traídos, ou se unir a mim e acabar com essa ameaça agora.

O silêncio que seguiu as palavras de Dante foi pesado, mas lentamente as cabeças começaram a acenar em concordância. Lorenzo fez um sinal discreto para Alice, indicando que estavam ganhando terreno.

Mas então, antes que qualquer acordo pudesse ser selado, o som de um telefone tocando cortou o ar. Era o celular de Lorenzo. Ele olhou para a tela e, com uma expressão de urgência, saiu da sala para atender a chamada.

Os segundos se arrastaram, e Alice sentiu um nó apertar em seu estômago. Algo estava errado.

Quando Lorenzo voltou, seu rosto estava pálido, os olhos carregados de preocupação. Ele caminhou diretamente até Dante e sussurrou algo que Alice não conseguiu ouvir. A expressão de Dante endureceu instantaneamente, seu olhar se tornando mais sombrio do que nunca.

— O que aconteceu? — Alice perguntou, sentindo a ansiedade crescer.

Dante a olhou, e o que ela viu em seus olhos a fez estremecer. — Sofia já sabia da reunião. Ela colocou alguém infiltrado no nosso grupo... e agora ela tem um plano maior do que imaginávamos. O ataque dela já começou.

— O que você quer dizer com "ataque"? — Alice perguntou, sentindo o pânico começar a se formar em sua garganta.

— Sofia sequestrou um dos nossos principais aliados, — Lorenzo explicou, a voz grave. — E não vai parar por aí. Ela quer mostrar que pode nos destruir um por um.

Dante passou a mão pelos cabelos, a frustração visível em seu rosto. — Não podemos continuar aqui. Ela vai nos cercar. Precisamos agir rápido, antes que ela faça mais vítimas.

Alice sentiu o peso da situação desmoronando ao redor deles. Cada passo que davam parecia apenas trazer novas armadilhas invisíveis, e agora Sofia havia se tornado mais do que apenas uma ameaça distante. Ela estava ali, jogando suas peças de forma cruel e metódica.

— Então, o que fazemos agora? — Alice perguntou, tentando manter a calma.

Dante olhou para ela, a determinação voltando ao seu rosto. — Vamos atrás dela. Não há mais tempo para joguinhos. Hoje à noite, Sofia vai pagar pelo que fez.

E, com essas palavras, o rumo daquela batalha mudou completamente. Não se tratava mais apenas de um jogo de poder, mas de sobrevivência — e Sofia havia transformado isso em algo pessoal.

Até o próximo bjss 🌹

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