A manhã chegou fria e silenciosa sobre a cidade, como se o caos da noite anterior tivesse desaparecido junto com a escuridão. Mas Dante, Alice, Lorenzo e Zero sabiam que aquela calmaria era apenas a superfície; o perigo ainda estava longe de acabar. Sofia, a mente por trás de tudo, ainda estava livre, e o último confronto se aproximava.
Eles haviam se reunido em uma antiga sala de reuniões no quartel de Lorenzo, um edifício discreto, longe dos olhos do público e protegido de qualquer rastreamento que Sofia pudesse tentar.
— Ela vai tentar alguma coisa, — Alice afirmou, os braços cruzados enquanto observava o mapa da cidade na tela da parede. — Sofia não vai aceitar essa derrota tão facilmente.
Lorenzo assentiu, mas estava distraído, folheando um conjunto de documentos confidenciais. — Essa mulher é um veneno. Se nos atacou uma vez, fará de novo. E de novo. A questão é: onde e como?
— Há um padrão, — Dante interveio, esfregando o queixo, pensativo. — Sofia sempre gostou de controle. De manipular as pessoas. Se conseguirmos prever seu próximo movimento, talvez consigamos pegá-la antes que ela ataque.
Zero, que até então observava em silêncio, finalmente levantou a voz. — Vocês ainda não entenderam? Sofia não age como um criminoso comum. Ela se considera acima disso. Na cabeça dela, todos nós somos peças no jogo dela, e ela não vai parar até ter certeza de que não restam adversários.
— Então, qual é a nossa jogada? — Alice perguntou, olhando fixamente para Dante.
Dante suspirou. Ele conhecia Sofia melhor do que qualquer um naquela sala, conhecia suas ambições e, principalmente, suas fraquezas. Mas havia uma diferença entre entender um inimigo e prever suas ações. Sofia sempre foi uma estrategista, movendo-se com precisão e antecipando cada passo que pudessem dar.
— Acredito que ela ainda tem uma carta na manga, — Dante respondeu finalmente. — Algo que esteja guardando para o momento final.
Lorenzo fechou o último dos documentos e olhou para os demais. — Há uma propriedade no centro, um edifício discreto que pertence a uma empresa fantasma ligada a Sofia. Está registrado em nome de um dos seus muitos pseudônimos. Se ela estiver por perto, é provável que esteja lá.
Dante e Alice trocaram um olhar. Parecia arriscado demais, mas também era a melhor pista que tinham. Era hora de jogar tudo ou nada.
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O edifício era uma construção antiga, de tijolos e janelas estreitas, perdida entre os arranha-céus modernos da cidade. Por fora, parecia um prédio abandonado, mas Dante sabia que aquele lugar escondia os segredos mais sombrios de Sofia. Ao se aproximarem da entrada, ele sentiu uma sensação estranha, uma mistura de nervosismo e nostalgia.
— Todos prontos? — Lorenzo perguntou, seu tom militar endurecido.
Alice e Dante assentiram, e Zero, embora um pouco hesitante, não demonstrava intenção de voltar atrás.
Lorenzo deu o sinal, e eles avançaram para dentro do edifício. A iluminação era mínima, criando sombras distorcidas nas paredes desgastadas, e o silêncio era absoluto, exceto pelo som abafado dos passos deles sobre o chão de concreto. Dante percebeu que algo estava errado; o lugar estava vazio demais, silencioso demais. Sofia jamais deixaria seu esconderijo desprotegido.
— Fiquem atentos, — ele sussurrou.
Conforme avançavam, o corredor estreito se alargava em uma sala ampla, repleta de equipamentos eletrônicos, monitores, e várias cadeiras viradas, como se alguém tivesse saído às pressas. Havia documentos espalhados pelas mesas, diagramas e mapas, e no centro, um laptop ainda ligado, com a tela acesa.
Alice se aproximou do laptop com cuidado. — Parece que alguém saiu daqui faz pouco tempo.
Ela tocou em uma tecla, e a tela se iluminou completamente, revelando uma mensagem em letras vermelhas:
“Bem-vindos ao jogo final.”
Antes que pudessem reagir, a porta por onde entraram se fechou com um estrondo metálico. Dante correu até ela, puxando a maçaneta com força, mas a porta não cedeu. Eles estavam trancados.
— Droga, é uma armadilha! — Lorenzo rosnou, sacando a arma.
Zero correu até o laptop, digitando freneticamente para tentar acessar o sistema de segurança do prédio. — Sofia bloqueou tudo! Estamos presos aqui dentro, e ela configurou um cronômetro.
Alice olhou para o monitor onde uma contagem regressiva começava: 59:59... 59:58... 59:57...
— É uma bomba? — ela perguntou, seu coração acelerado.
Zero balançou a cabeça. — Não tenho certeza. Mas se conheço Sofia, não arriscaria muito menos que isso.
Dante respirou fundo, sua mente a mil enquanto tentava processar o que fazer. Eles tinham menos de uma hora para escapar, e o tempo estava passando rapidamente.
— Zero, você consegue desativar o sistema? — Dante perguntou, mantendo a calma na medida do possível.
Zero continuava digitando. — Posso tentar, mas ela configurou múltiplos níveis de proteção. Vai levar um tempo.
Dante olhou ao redor, buscando qualquer outra saída, mas o lugar parecia um cofre, impenetrável. Ele se voltou para Alice e Lorenzo. — Precisamos de um plano. Se não conseguirmos desativar isso a tempo, teremos que achar outra saída.
Alice assentiu, e juntos começaram a revirar o local em busca de qualquer coisa que pudesse ajudá-los a escapar.
A contagem regressiva continuava, e o pânico começava a se espalhar entre eles. Mas então, algo chamou a atenção de Alice. Em um dos papéis na mesa, havia um diagrama do prédio, com marcações em vermelho que indicavam o sistema de ventilação.
— Olhem isso, — ela chamou, mostrando o diagrama para os outros. — Talvez possamos usar as saídas de ar para escapar.
Dante analisou o diagrama rapidamente. — É arriscado, mas pode funcionar. Lorenzo, você consegue alcançar a grade de ventilação no canto da sala?
Lorenzo assentiu e, com um empurrão, conseguiu soltar a grade da parede. O espaço era apertado, mas parecia grande o suficiente para que eles pudessem passar, um de cada vez.
Zero continuava trabalhando no laptop, tentando desativar o cronômetro enquanto os outros entravam no sistema de ventilação. — Eu vou continuar aqui e tentar ganhar mais tempo. Se eu não conseguir, sigam sem mim.
Alice olhou para ele, hesitante. — Não vamos deixar ninguém para trás.
— Vão logo! — Zero insistiu, com um tom de urgência na voz. — Quanto mais rápido saírem daqui, mais chances temos.
Dante deu um último olhar para Zero, percebendo a determinação nos olhos dele, e assentiu. Ele sabia que Zero estava tomando uma decisão difícil, mas naquele momento, cada segundo contava.
Eles começaram a se arrastar pelo sistema de ventilação, o som abafado da contagem regressiva ecoando atrás deles, uma lembrança constante do perigo. O trajeto era estreito e escuro, mas a determinação de sair dali vivos os mantinha em movimento.
Finalmente, após o que pareceram intermináveis minutos, chegaram a uma saída lateral que dava para o beco ao lado do edifício. Quando emergiram, o ar fresco da manhã foi uma sensação de alívio indescritível.
Eles esperaram, em tensão absoluta, contando os segundos. E então, o prédio explodiu. A força da explosão jogou Dante e Alice contra a parede do beco, enquanto uma nuvem de fumaça e destroços tomava o lugar onde antes estava o edifício.
Os olhos de Dante percorreram o local, a respiração acelerada, enquanto tentava assimilar o que havia acontecido. O sacrifício de Zero lhes dera a chance de escapar, mas agora, com Sofia ainda em liberdade e mais perigosa do que nunca, ele sabia que o confronto final estava mais próximo.
Ele apertou a mão de Alice, os dois trocando um olhar determinado. Sofia podia ter escapado dessa vez, mas Dante sabia que, agora, ele e Alice estavam mais perto do que nunca de pôr um fim ao reinado dela.
E, por Zero, eles não falhariam.
ATE O PRÓXIMO CAPÍTULO BJSSS 🌹
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Sob o véu da Escuridão
RomanceDescrição: Em Sob o Véu da Escuridão, Alice Moraes sempre soube que havia algo de errado com sua vida, uma sombra constante que ela não conseguia compreender. Criada em um orfanato e agora com 25 anos, ela tenta manter uma vida simples, até que um e...