CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO 13 A ÚLTIMA JOGADA

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O som dos tiros e das explosões ecoava no galpão, criando um caos quase surreal ao redor de Dante e Alice. O chão de concreto estava coberto de destroços, enquanto faíscas saltavam das máquinas abandonadas, iluminando o ambiente em lampejos cegantes. Em meio ao tumulto, Dante mantinha Sofia imobilizada contra a parede. Seus olhos estavam cravados nos dela, cheios de fúria e determinação.

— Isso acaba agora, Sofia! — Dante rosnou, apertando o braço dela com mais força.

Sofia, no entanto, mesmo sob a pressão de ser capturada, não parecia amedrontada. Pelo contrário, seus lábios curvaram-se num sorriso enigmático, como se ela estivesse diante de uma vitória iminente, e não de uma derrota.

— Dante, — ela murmurou, sua voz baixa, porém carregada de um misto de veneno e calma. — Você sempre foi tão previsível. Acha mesmo que pode me derrotar com essa sua demonstração de força? — Ela riu suavemente, e o som ecoou com um tom ameaçador. — Você ainda não entendeu que eu sempre estive três passos à sua frente?

Alice, que estava ao lado, sentiu um arrepio correr por sua espinha. Havia algo na confiança de Sofia que a deixava em alerta. Sofia não era do tipo que aceitaria uma derrota com facilidade, e aquela expressão dela não era de alguém que sabia que havia perdido.

— Você subestimou a força que construímos, Sofia, — Alice interveio, tentando manter a calma. — O seu reinado acabou.

— Reinado? — Sofia arqueou uma sobrancelha, divertida. — Querida, o que você e Dante não percebem é que o verdadeiro poder não está nas armas ou no controle que ele pensa ter. O poder real está nas informações... nas alianças invisíveis que vocês sequer conseguem ver.

Dante endureceu a expressão, entendendo que aquilo não era só uma provocação. Sofia havia planejado cada movimento, e se ela parecia tão confiante naquele momento, havia algo mais. Algo maior.

— O que você fez? — ele exigiu, seus dedos apertando ainda mais o braço dela.

Sofia se inclinou ligeiramente para frente, seus olhos queimando de malícia. — O que eu fiz? — Ela riu de novo, um riso que parecia reverberar em todos os cantos do galpão. — Eu não fiz nada, querido. Só plantei as sementes... e agora, estou apenas assistindo enquanto elas crescem.

Nesse exato momento, o som agudo de um telefone interrompeu o silêncio tenso que pairava entre eles. Era o telefone de Dante. Ele o tirou rapidamente do bolso e, ao ver o nome no visor, seu rosto empalideceu.

Era Lorenzo.

Dante atendeu, mantendo os olhos em Sofia. — O que foi?

A voz de Lorenzo do outro lado da linha estava tensa, repleta de urgência. — Dante... temos um problema. Um grande problema. Sofia não estava apenas armando para a reunião. Ela usou isso para desviar nossa atenção. Recebemos informações de que ela plantou bombas em locais estratégicos da cidade. Se não encontrarmos onde estão a tempo, tudo vai pelos ares.

Alice sentiu o chão vacilar sob seus pés. Bombas? Isso era mais do que um jogo de poder. Sofia estava disposta a destruir tudo, mesmo que isso significasse sacrificar a cidade inteira.

— O que você fez?! — Dante gritou para Sofia, sua paciência finalmente se esgotando.

Sofia apenas inclinou a cabeça para o lado, observando-o com aquele sorriso cínico. — Eu disse que o jogo ainda não acabou. A cidade sempre foi a minha arena, Dante. Vocês dois acham que podem mudar as regras? Não, queridos. As regras sempre foram minhas.

Alice sentiu a urgência da situação pulsar em cada fibra do seu corpo. O tempo estava contra eles, e se aquelas bombas explodissem... Ela tentou pensar rápido. Havia algo, alguma pista, alguma vantagem que eles poderiam ter? Algo que Sofia tivesse deixado escapar?

— Onde estão as bombas, Sofia? — Alice perguntou, sua voz mais firme do que sentia. — Diga onde estão antes que inocentes paguem o preço pela sua loucura.

Sofia apenas riu de novo, claramente se deleitando com o pânico que começava a se instalar.

Mas Dante não estava disposto a jogar seu jogo por mais tempo. Ele a sacudiu com força, fazendo com que o sorriso dela vacilasse por um instante.

— Me diga agora, ou eu juro que você não vai sair viva daqui, — ele disse, cada palavra carregada de uma ameaça sombria.

Por um momento, os olhos de Sofia perderam um pouco de sua altivez. Ela sabia que Dante era capaz de qualquer coisa naquele estado. Mas, ao invés de ceder, ela fez algo que ninguém esperava: começou a rir histericamente.

— Vocês realmente não entendem, não é? — ela sussurrou entre risos. — Mesmo que eu quisesse dizer onde estão, vocês não conseguiriam parar a tempo. Vocês não conseguem me vencer... porque enquanto vocês jogam xadrez, eu estou jogando outra coisa completamente diferente.

Alice tentou processar aquelas palavras, seu cérebro girando em busca de uma solução. Havia algo que estavam perdendo, algum detalhe que poderiam usar contra Sofia. E então, algo ocorreu a ela.

— E se não estivermos jogando o seu jogo? — Alice murmurou, o pensamento tomando forma em sua mente.

Dante a olhou, confuso, mas Alice estava focada em Sofia, que havia parado de rir e agora a observava com uma curiosidade relutante.

— O que você quer dizer? — Sofia perguntou, uma centelha de interesse real piscando em seus olhos.

Alice deu um passo à frente. — Você está tão obcecada em nos controlar, em nos manipular com seus joguinhos, que nem percebeu o que realmente está acontecendo. Nós não estamos tentando ganhar o seu jogo, Sofia. Estamos tentando acabar com ele.

Aquela última frase pairou no ar como uma bomba prestes a explodir. Sofia franziu o cenho, seu sorriso desaparecendo completamente.

Dante captou o raciocínio de Alice, embora não tivesse certeza do que ela pretendia. Mas ele confiava nela.

— Você acha que está no controle porque criou o caos, mas o caos não pode ser controlado, Sofia, — Alice continuou, sua voz ficando mais forte. — No final, você vai perder, porque todos esses jogos que você arma só levam a uma coisa: destruição. E a destruição não faz distinção entre vencedores e perdedores. Ela consome a todos.

O rosto de Sofia começou a endurecer, sua confiança oscilando pela primeira vez. Ela sentiu o peso daquelas palavras, e por um segundo, pareceu que ela estava reavaliando tudo.

— Você acha que pode me deter com filosofia? — Sofia zombou, mas sua voz já não carregava a mesma certeza de antes.

Alice deu um passo mais próximo. — Não. Mas você já se perdeu no seu próprio jogo. E é por isso que você já perdeu.

Dante apertou mais uma vez o braço de Sofia. — Onde estão as bombas?

Sofia, percebendo que sua estratégia havia falhado, deixou escapar um suspiro. — Está tudo ligado aos meus servidores. Se vocês os destruírem, conseguem desativá-las. Mas não pensem que vai ser fácil.

Dante a soltou, sua expressão impassível. — Nunca é.

Agora, a verdadeira corrida contra o tempo começava.

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