Capítulo 11

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Às vezes, a distância é necessária para perceber o que realmente importa.

Autor desconhecido


As pessoas são frágeis por natureza. Não na constituição física, não nos ossos ou na carne que as compõem, mas em algo muito mais profundo: a mente. A mente humana é maleável, como um pedaço de argila, moldada pelas mãos daqueles que a tocam, pelas circunstâncias que a cercam. E o mais trágico disso tudo é que, na maioria das vezes, quem molda essas mentes são outras igualmente vazias. Mentes que não têm substância própria, que se dobram e se retorcem ao sabor das influências externas, das expectativas sociais, dos desejos alheios. Somos, todos nós, vítimas e algozes de um ciclo interminável de subserviência mental.

Observa-se nas interações diárias como as pessoas se perdem na necessidade de agradar, de serem aceitas, de pertencerem a um coletivo que, por si só, é vazio. É um vazio que ecoa, que ressoa nas decisões que tomam, nas palavras que escolhem dizer e até nos silêncios que optam por manter. A sociedade exige conformidade, uma conformidade tão insidiosa que poucos sequer percebem quando suas vontades genuínas são sufocadas em prol de um ideal que nunca foi seu.

As pessoas se dobram, se curvam, e fazem isso com um sorriso no rosto, acreditando que estão escolhendo seu próprio caminho. Mas, no fundo, estão apenas seguindo trilhas traçadas por outros. Trilhas que levam ao mesmo destino: a mediocridade da mente controlada, do pensamento subjugado. É uma dança de marionetes, onde todos estão presos por fios invisíveis, e quanto mais se tentam libertar, mais se enredam nas expectativas e normas impostas por essa sociedade subversiva, que adora fingir que oferece liberdade, mas entrega apenas uma prisão dourada.

Cassian, Selene, Lucian... eles são os reflexos dessa verdade. Cada um, à sua maneira, busca escapar das correntes mentais que os prendem, mas são atraídos de volta, como mariposas em direção à luz. Selene é o retrato vivo da mulher dividida entre o que deseja de fato e o que foi ensinada a querer. Ela, como tantos outros, se perde nas promessas de amor, nas juras de felicidade eterna, mas sente, no âmago, o peso das expectativas esmagando sua essência. Cassian, com toda à sua bondade, ainda é prisioneiro de suas próprias fraquezas mentais, lutando contra um ideal de perfeição que nunca poderá alcançar.

E Lucian, o mais consciente de todos, observa. Ele vê as teias que prendem cada um ao seu redor, mas, em vez de se libertar, ele as usa a seu favor. Ele conhece a natureza humana, sabe o quão facilmente as mentes podem ser dobradas com palavras certeiras, promessas sutis e uma dose de desprezo cuidadosamente calculada. Lucian é o arquétipo daquele que entende que o poder não reside na força bruta, mas na manipulação das fragilidades alheias.

O ser humano se tornou subversivo por necessidade, um produto de uma sociedade que valoriza a aparência de independência, mas glorifica a submissão mental. Nos entregamos a isso. Quando alguém expressa um pensamento que vai contra a maré, é imediatamente silenciado, ridicularizado, forçado a se conformar. As pessoas temem o julgamento, e esse medo as escraviza. Em vez de desafiar o status quo, elas preferem dobrar-se, moldar-se ao formato que lhes é dado, e nessa conformidade, perdem sua identidade.

Existe algo de terrivelmente bonito e trágico nesse processo. A beleza do humano está em sua capacidade de se adaptar, de sobreviver mesmo nas circunstâncias mais adversas. Mas a tragédia está no preço que pagamos por essa adaptabilidade. Perdemos nossa essência, nos diluímos no coletivo, e quanto mais tentamos nos destacar, mais parecemos iguais.

Seria possível escapar desse ciclo? Talvez, mas seria necessário um confronto brutal com as verdades que nos foram enfiadas goela abaixo desde o momento em que nascemos. Seria preciso questionar cada crença, cada valor, cada expectativa, até que, finalmente, restasse apenas a nossa verdadeira vontade, livre de amarras. Mas poucos têm a coragem de olhar para dentro de si mesmos e reconhecer o quão vazios se tornaram. É mais fácil continuar dobrando-se, subjugando-se, fingindo que a liberdade que temos é real.

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