Chapter Seven

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Notas da Autora:

Olá pessoal! Tudo bem? Me desculpem pela demora, mas estou passando por muita coisa esses dias. E me perdoem também caso esse capítulo tenha muitas coisas repetitivas, ainda não tive tempo de revisar. Enfim, boa leitura!

Wednesday Addams - Point of View

A noite havia caído, e o silêncio envolvia o corredor enquanto eu subia as escadas em direção ao meu dormitório. Minha mente ainda estava ocupada com o enigma do stalker; Eugene e eu tínhamos passado horas tentando decifrar pistas e rastros, mas a ameaça continuava pairando sobre nós, uma sombra invisível e persistente. O cansaço tentava se infiltrar em minha determinação, mas ainda assim, quando alcancei a porta do dormitório, mantive a compostura, pronta para mais uma noite de estudos e investigações.

Mas, ao abrir a porta, um som inesperado atravessou o ar. Era suave, abafado, quase como se viesse de um ponto escondido do quarto, mas eu sabia exatamente de onde vinha. Meus olhos percorreram o espaço até o canto próximo à cama de Sinclair. Ela estava ali, sentada no chão, os ombros trêmulos enquanto chorava em silêncio, um som que parecia estranhamente vulnerável para alguém com sua usual energia e sorriso. O rosto dela estava parcialmente escondido, mas mesmo à distância, percebi os sinais inconfundíveis da dor. Por mais que eu tentasse evitar, um pensamento logo me veio à mente: o dia da família estava se aproximando.

Observei-a por alguns instantes, avaliando a situação e tentando entender o que me impulsionava a continuar encarando-a. Seria curiosidade? Ou talvez algo mais próximo de uma inquietação, algo que surgia sempre que a via em um estado frágil. Senti uma hesitação estranha, como se o quarto tivesse se tornado um território emocionalmente carregado, um terreno do qual eu geralmente mantinha distância. No entanto, ali estava eu, parada e absorvendo cada detalhe daquele momento. Ela parecia perdida, sua respiração entrecortada enquanto tentava, sem muito sucesso, conter o choro. A mão dela apertava um tecido da colcha de sua cama com força, os dedos cravados como se aquilo fosse sua única âncora para não se desfazer completamente. Por um instante, observei sua expressão de relance: os olhos azuis estavam vermelhos, as bochechas marcadas pelas lágrimas que deslizavam continuamente. Era como se ela estivesse presa em um turbilhão de emoções que não conseguia controlar.

Senti uma pontada de desconforto com a situação, mas me vi incapaz de simplesmente desviar o olhar. Me aproximei com passos controlados, cada movimento calculado, evitando qualquer som que pudesse perturbá-la. Encontrei-me inclinando ligeiramente a cabeça, tentando decifrar as nuances da situação e o que, exatamente, estava se passando por sua mente naquele momento. Sabia, ou ao menos suspeitava, que esse comportamento dela estava relacionado à visita dos pais. Ao finalmente me aproximar, soltei um suspiro baixo e decidi quebrar o silêncio.

── Enid ── minha voz saiu calma, sem o sarcasmo usual, quase sem querer. Ela ergueu o olhar de forma abrupta, surpresa com a minha presença, e, ao mesmo tempo, parecia envergonhada por ter sido flagrada em um momento de fragilidade. Ela rapidamente tentou secar as lágrimas, mas o efeito foi quase nulo; ainda era evidente o quanto estava devastada.

Por um instante, permaneci em silêncio, observando-a atentamente. Não era difícil deduzir o motivo de seu estado, mas algo em mim queria confirmar, queria compreender exatamente o que a fazia sofrer tanto. Quando finalmente ela soltou uma respiração pesada, tentando recobrar algum controle, notei um leve tremor em seus lábios, como se estivesse lutando para manter a compostura.

── Vai querer falar sobre isso, ou prefere que eu finja que não vi nada? ── a pergunta escapou de mim antes que eu pudesse contê-la, e ao dizê-la, percebi o quanto aquela situação era incomum para mim. Conversas emocionais e momentos de vulnerabilidade eram... desconfortáveis, no mínimo. Mas algo na dor de Sinclair parecia me atingir de um jeito inesperado, uma sensação estranha, uma urgência para que ela parasse de chorar, para que aquele desconforto silencioso desaparecesse. Ela balançou a cabeça levemente, os olhos ainda fixos no chão.

Denials by Acceptance ( Wenclair )Onde histórias criam vida. Descubra agora