Capítulo 27 - Sangue

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Alicent

Encaro a adaga que Daeron me deu antes de partir para a batalha da goela, onde se encontram meus dois netos. A última vez em que peguei em uma dessas, foi para atacar o filho de Rhaenyra.

— Vovó, eu quero o meu papai — Namira cruza os braços ao sentar em minha frente

— O seu pai logo voltará — Abro um sorriso — Enquanto isso vá brincar com sua irmã

— Ela está lendo, e eu ainda não sei — Faz um bico

— Em breve saberá tão bem o alto Valiriano quanto os seus pais — Deixo a adaga sobre o sofá — Damiana, acredito que a princesa Namira queira ouvir algumas histórias

— Claro, majestade — A criada acena com a cabeça

Giro minha cabeça na direção da porta, e imediatamente junto as sobrancelhas ao não ver a presença do meu guarda, muito menos o das minhas netas.

Dou alguns passos, tão lentos e cuidadosos que são silenciosos. Antes que eu chegue em frente a porta, Rhaenyra adentra os aposentados.

— Rhaenyra — Recuo alguns passos

— É prazer vê-la novamente, Alicent

Passo meus olhos por ela, percebendo as roupas de uma criada, o cabelo escondido dentro de uma touca branca, as mesmas que as parteiras usam. Arrisco olhar para trás, vendo Damiana ficar em frente as meninas, protegendo-as com o corpo.

— Como Sir Errik a deixou entrar aqui?

— Ele está muito ocupado com a invasão nos portões da frente — Encolhe os ombros — Eu vim acabar com o reinado bastardo

— Camily merece esse trono

— Esse trono é meu! — Aumenta o tom de voz — Farei o que for preciso para chegar até ele

— Eu sei — Concordo — Tanto que muitas pessoas morreram para você chegar aqui

Sua mão procura algo em suas vestes, até ela retirar uma adaga, e então aperta-la entre seus dedos. Não estou muito longe do sofá, talvez consiga me defender de algum golpe seu.

— Vou terminar com todos os filhos de Camily, assim como ela fez com os meus — Sua voz emana ódio — Depois vou me sentar no trono de ferro

— Do que adianta sentar no trono, sem ao menos ter seus filhos, seu marido, aqueles que te amam — Minha voz sai alta — Pense Rhaenyra, se você fizer isso, Aemond e Camily matarão você, ninguém poderá os parar

— Eu quero a minha vingança — Lágrimas cobrem seu rosto — Ela matou todos que eu amo

— Ela não matou!

— Matou sim, e agora eu vou acabar com a família dela

Encaro um ponto fixo na parede, deixando as lágrimas saírem livremente, e meus joelhos se dobram, fazendo com que eu fique diante dela. Junto minhas mãos em forma de suplica, e a encaro.

— Eu olhe imploro, deixe meus netos fora disso, eles são apenas crianças — Agarro a beirada do seu vestido manchado — Mate a mim, mas deixe que eles vivam

Fogo, Sangue e Vingança - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora