3- Choro e Risos

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Era um sábado agitado, e Oikawa parecia ainda mais inquieto que o normal. Entre ensaios e mensagens curtas de Iwazumi, ele tentava se concentrar, mas uma sensação de ansiedade o acompanhava o dia todo. Mal sabia ele que, do outro lado da linha, Iwazumi estava justamente tentando manter a conversa natural para não levantar suspeitas.

"Então, como estão os ensaios? O seu professor continua pegando no seu pé?", perguntava Iwazumi, enquanto Oikawa soltava reclamações sobre a disciplina do curso e a quantidade de horas de prática. A cada resposta, Iwazumi sorria, sabendo que logo estariam juntos e que tudo aquilo se transformaria em memórias para contarem por muito tempo.

Finalmente, quando estava a poucos minutos do aeroporto, Iwazumi enviou uma última mensagem: "Aliás, tenho uma surpresa. Um amigo meu vai passar alguns dias aí, e ele pediu para eu pedir sua ajuda. Você se importaria de buscar ele no aeroporto?"

Oikawa, curioso e um pouco desconfiado, se ofereceu prontamente. Afinal, era raro que alguém visitasse Iwazumi. Ele pegou o carro, um tanto apressado, e partiu em direção ao aeroporto, imaginando quem poderia ser o misterioso visitante.

Ao chegar, estacionou e começou a procurar a tal pessoa. Olhava para todos os lados, observando cada rosto na multidão de passageiros, mas não reconhecia ninguém. Depois de alguns minutos, ele se perguntava se não havia algum engano, quando sentiu algo nas pernas. Antes que pudesse reagir, um filhote de pelagem marrom bombom pulou nele, causando uma confusão que o fez desequilibrar e quase cair.

- Mas o que...? - murmurou, surpreso e confuso, ao ver o filhote saltando de um lado para o outro, balançando o rabo como se estivesse reencontrando um velho amigo.

Enquanto tentava se levantar e afastar o filhote, ouviu uma voz inconfundível ecoando por trás dele.

- Surpresa, Shittykawa! - disse Iwazumi, com um sorriso travesso e o olhar cheio de saudade.

Oikawa congelou por um momento, e então, como se todas as emoções dos últimos meses transbordassem de uma vez, ele o encarou com os olhos marejados. Sem se importar com o público ao redor, as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. E então, em um instante, Oikawa correu até ele, abraçando-o com tanta força que quase perdeu o fôlego. Não conseguiu evitar as lágrimas que escorriam livremente, enquanto sentia o calor e a segurança daquele abraço há tanto tempo esperado.

- Iwazumi! Você realmente veio! Eu... eu senti tanto a sua falta, seu idiota! - disse Oikawa, misturando risadas e soluços, sem conseguir conter a emoção. Cada lágrima representava a saudade e a solidão que ele sentira durante todos aqueles meses longe do melhor amigo.

Oikawa, entretanto, não era conhecido por sua discrição, e sua cena dramática logo começou a chamar a atenção de outros passageiros no aeroporto. Algumas pessoas cochichavam e apontavam, enquanto outras tentavam disfarçar risadas ao ver aquele jovem alto, de feições intensas e ainda segurando um violino nas costas, chorando como se tivesse encontrado alguém que não via há décadas.

Iwazumi, rindo, deu alguns tapinhas em seu ombro para tentar acalmá-lo.

- Ei, ei, não precisa fazer essa cena toda, Oikawa! - brincou. - Vai acabar assustando todo mundo aqui.

Mas Oikawa apenas riu mais alto e, sem se importar com o constrangimento, ergueu as mãos como se estivesse encenando um drama para a plateia imaginária ao redor.

- Eles não entendem, Iwazumi! Não fazem ideia do quanto você me fez falta, do quanto... Ah, você não sabe o quanto eu esperei por isso! - disse, colocando uma das mãos no peito como um verdadeiro ator.

Mesmo em meio ao riso, Oikawa sabia que havia uma verdade profunda ali. Estar diante de Iwazumi era como finalmente recuperar uma parte de si que estava faltando. A presença do amigo trazia um conforto que ele tentava negar, mas que, no fundo, sabia que não encontraria em mais ninguém. A saudade que havia guardado para si durante tanto tempo agora se revelava, e ele entendia o quanto Iwazumi realmente significava em sua vida.

Enquanto o cachorrinho corria ao redor deles, puxando a barra da calça de Oikawa e ganhando toda sua atenção, ele finalmente secou as lágrimas e encarou o amigo com um sorriso largo e sincero.

- Então, é isso? Você aparece aqui com um filhote e acha que vou te perdoar tão fácil? - disse Oikawa, tentando brincar para disfarçar a emoção que ainda transbordava.

- Bom, o Choco é o presente perfeito para alguém dramático como você, não acha? - provocou Iwazumi, com uma expressão brincalhona.

Oikawa não conseguiu segurar a risada, e, pela primeira vez em muito tempo, se sentiu completo.

Oikawa ficou imóvel por um momento, encarando o cachorrinho que ainda mordiscava a barra de sua calça e, em seguida, olhou para Iwazumi, os olhos cheios de uma nova onda de lágrimas prestes a transbordar.

- Espera... o quê? Ele é um presente? - a voz de Oikawa saiu embargada, e ele engoliu em seco, tentando processar a informação.

Iwazumi, com um sorriso suave e um toque de carinho no olhar, assentiu, passando a mão na cabeça do filhote, que agora tentava escalar a perna de Oikawa com suas patinhas pequenas e desajeitadas.

- Sim. O Choco é pra você. Achei que você ia gostar de ter uma companhia "viva" por perto, então... aqui estamos. - Iwazumi soltou uma risadinha, sem imaginar que suas palavras fariam o amigo explodir em um choro ainda mais intenso.

Oikawa, que mal conseguia acreditar no que ouvia, se ajoelhou no chão e pegou Choco no colo, segurando o filhote com toda a delicadeza, como se fosse um tesouro raro. Lágrimas escorriam novamente por seu rosto enquanto ele acariciava o pequeno cachorro, que agora lambia suas mãos com toda a energia e entusiasmo de um filhote.

- Você... você me deu um cachorro, Iwazumi! - Oikawa dizia, com a voz abafada e embargada, sem saber se ria ou chorava. - Eu... eu nem sei o que dizer...

Iwazumi, um pouco constrangido com a cena que estavam fazendo em pleno aeroporto, mas incapaz de conter o próprio sorriso, cruzou os braços e riu, vendo Oikawa ainda ajoelhado no chão, cercado por lágrimas e pelo amor incondicional de Choco.

- Ah, para com isso, Shittykawa! Não vai desidratar bem aqui, né? Foi só um cachorro, não um prêmio de melhor ator - provocou, tentando aliviar o clima com uma piada, embora ele mesmo se sentisse tocado ao ver a felicidade nos olhos do amigo.

Mas Oikawa, entre soluços e risadas, nem ligou para as provocações. Ele apenas se levantou, ainda segurando Choco nos braços, e puxou Iwazumi para um abraço apertado, esmagando o cachorro entre os dois, que começou a se debater, surpreso com o abraço esmagador.

- Obrigado, Iwazumi... de verdade. Você não tem ideia do quanto isso significa pra mim. - A voz de Oikawa era baixa, um sussurro que apenas Iwazumi podia ouvir, carregada com todas as emoções que ele tentava expressar.

Choco, que agora tentava lamber ambos ao mesmo tempo, soltava pequenos latidos de animação, como se participasse daquela festa de reencontro. E, por um momento, tudo ao redor deles desapareceu, os olhares curiosos dos outros passageiros, o movimento do aeroporto, as preocupações da vida cotidiana. Ali, no meio de tudo, eles eram apenas Oikawa e Iwazumi, dois amigos que finalmente se reencontravam, unidos por laços que o tempo e a distância nunca seriam capazes de quebrar.

Enquanto Oikawa enxugava as lágrimas mais uma vez, agora com um sorriso iluminando seu rosto, ele olhou para o cachorro e depois para Iwazumi.

- Eu vou cuidar dele como se fosse uma parte sua, prometo - disse, rindo, ao que Choco respondeu com mais lambidas, parecendo aprovar a promessa.

E assim, com o pequeno Choco em seus braços e Iwazumi ao seu lado, Oikawa sentiu-se finalmente em casa, com uma nova página de risos, choros e lembranças que começava a ser escrita ali mesmo, naquele reencontro improvável e tão esperado.

Entre Risos e CiúmesOnde histórias criam vida. Descubra agora