Aviso da Autora:
Neste capítulo, exploramos as complexidades das memórias e como elas podem nos confortar ou nos iludir. Preparem-se para um momento emocional que nos faz refletir sobre a linha tênue entre sonho e realidade. Espero que vocês apreciem a leitura!
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Iwazumi abriu os olhos com um susto, sentindo uma leve sacudida em seu ombro. Ele piscou, desorientado, enquanto a sensação de peso e vazio invadia cada fibra do seu corpo. Ao seu redor, havia um silêncio pesado, entrecortado apenas pelo murmúrio de vozes distantes. Tentando focar, ele viu um vulto ao lado, e só então percebeu onde realmente estava.
Diante dele estava um caixão de madeira escura, adornado com arranjos de rosas brancas e vermelhas. O aroma das flores era intenso, penetrante, preenchendo o ar de uma maneira quase sufocante. Esse cheiro... era o mesmo que o acompanhou tantas vezes no "sonho". Era o mesmo cheiro que invadiu todos os momentos que compartilhou com Oikawa — momentos que agora pareciam tão distantes e irreais.
Iwazumi olhou para baixo e viu suas próprias mãos entrelaçadas nas de Oikawa. A pele do amigo, antes quente e cheia de vida, agora estava fria, pálida e sem cor. Um arrepio percorreu sua espinha, e ele sentiu o estômago revirar. Era como se seu corpo não quisesse aceitar a realidade que estava bem diante dele. Iwazumi engoliu em seco, com o coração batendo forte e irregular, enquanto a última esperança em seu peito desaparecia como cinzas ao vento.
Ele tentou enganar a si mesmo por um instante. Oikawa parecia estar apenas dormindo, com uma expressão serena, o rosto tão bonito e relaxado, como se fosse apenas um cochilo. Iwazumi apertou as mãos dele, com um toque cheio de esperança desesperada.
— Tooru... — sussurrou, tentando conter o tremor na voz. — Vamos, acorda. É só mais um sonho, certo? Por favor, me diz que é só mais um sonho.
Mas o silêncio foi a única resposta que ele obteve. Oikawa não se mexeu, não abriu os olhos, não soltou aquele sorriso meio brincalhão que sempre o fazia rir. A realidade veio como uma avalanche, esmagadora e cruel, arrancando qualquer vestígio de ilusão. Oikawa não estava mais ali. Ele não estava mais em seu mundo. Todo aquele tempo... ele estava apenas sonhando, tentando evitar uma verdade que agora o consumia.
As vozes que ele ouviu, os sussurros distantes, eram as despedidas dos amigos e familiares, ecoando no salão. Um por um, eles deixaram o local, respeitando sua dor e dando-lhe o tempo necessário. Mas, por mais que tentassem chamar por ele, Iwazumi estava perdido naquele momento, preso ao que restava do seu melhor amigo e amor. Alguns amigos tentaram tocá-lo levemente, tentaram tirá-lo daquele transe, mas não havia nada que pudesse afastá-lo agora.
— Por que…? — a voz de Iwazumi saiu em um murmúrio fraco, enquanto sentia as lágrimas começarem a brotar. — Por que não me deixou te dizer… tudo o que eu sentia?
Ele não conseguia mais segurar o choro. A dor explodiu de uma vez, consumindo-o por completo. Ele caiu de joelhos ao lado do caixão, as lágrimas rolando em abundância. Cada lembrança que viveram no sonho passava por sua mente como um filme, e agora ele compreendia a agonia silenciosa que sentiu durante aqueles momentos, a sensação de que algo não estava certo. Ele não se separava das mãos de Oikawa, agora frias e sem vida, como se aquilo pudesse trazê-lo de volta.
— Tooru... eu... eu só queria mais um momento. Só mais um... — sua voz quebrou, e ele desabou, soluçando intensamente, enquanto sua cabeça encostava no caixão, como se buscasse algum tipo de conforto.
A dor parecia não ter fim. Ele queria dizer tantas coisas, queria que Oikawa ouvisse seu coração, que soubesse o quanto significava para ele. Mas agora, tudo o que restava era aquele vazio insuportável, uma ausência que jamais poderia ser preenchida.
— Eu te amo, Tooru... — sussurrou entre os soluços, sem forças, sentindo seu corpo afundar no chão, suas mãos caindo ao lado do caixão. — Eu te amo… sempre te amei…
Exausto, ele se deixou cair no chão frio e rígido, incapaz de conter a dor que o consumia. A cada lágrima, ele sentia como se estivesse perdendo parte de si mesmo, uma parte que nunca mais voltaria. O mundo ao redor se tornou um borrão, e ele não sabia mais quanto tempo se passou enquanto estava ali, derramando todo o amor e arrependimento que tinha guardado. E, no fundo, ele sabia que aquele vazio jamais seria preenchido.
Iwazumi olhou fixamente para o caixão, sentindo-se esmagado pela realidade que, enfim, despontava em sua mente. Nunca existiu um Oikawa violinista — aquelas apresentações e as notas dedicadas a ele eram apenas invenções confortantes. Os beijos que compartilharam, as risadas, os abraços, tudo não passava de uma doce ilusão, um consolo que seu coração criara para evitar a dor do adeus.
Choco também não existia. O cachorro marrom que ele acreditara ser um presente de Oikawa, a felicidade que aquele animalzinho trazia... não passavam de uma fantasia que agora se desmanchava. Ele nunca havia sequer pisado na Argentina para viver com Oikawa. Tudo aquilo, cada momento, cada memória, era apenas um sonho reconfortante que agora o deixava com o coração despedaçado.
Enquanto Iwazumi tentava processar a avalanche de emoções que o invadia, uma onda de pânico começou a crescer dentro dele. O coração acelerou, e a respiração ficou entrecortada, como se o ar estivesse sendo arrancado de seus pulmões. Ele olhou para o caixão mais uma vez, e a imagem de Oikawa se transformou em um borrão de tristeza e desespero.
A sala estava vazia, e o silêncio era ensurdecedor. O eco de seus próprios pensamentos se tornava cada vez mais insuportável. Iwazumi sentia como se as paredes estivessem se fechando ao seu redor, e a realidade se tornasse mais opressiva a cada segundo. Ele se viu preso em um labirinto de confusão e dor, lutando para encontrar uma saída, mas sem saber para onde ir.
As vozes que antes pareciam uma suave melodia agora se transformaram em murmúrios distantes, e a sensação de solidão o consumia. Iwazumi precisava de alguém, de qualquer um que pudesse lhe oferecer um fio de esperança, mas a sala continuava vazia, intensificando a sensação de desespero.
Ele se forçou a respirar, mas cada tentativa parecia em vão. O que fazer? Aceitar sua situação e se deixar afundar na tristeza? Ou tentar chamar por ajuda? Uma parte dele queria gritar, mas o som não sairia. Outro impulso o movia em direção à porta, desejando a presença de um segurança, de um rosto familiar. Qualquer um que pudesse cortar a solidão que o envolvia.
Com um esforço monumental, ele tentou se levantar. As pernas tremiam, e ele se apoiou em uma cadeira próxima. O pensamento de que ele estava completamente sozinho e que ninguém viria em seu auxílio se espalhou como uma névoa densa em sua mente. Ele olhou mais uma vez ao redor, esperando que alguém aparecesse, mas a sala permaneceu deserta.
A pressão em seu peito aumentava, e a crise de ansiedade se intensificava. Ele precisava agir, e rapidamente. Em um impulso, decidiu que não poderia ficar ali parado. Com o coração batendo descontroladamente, Iwazumi se dirigiu à porta, a esperança de encontrar ajuda pulsando em seu coração angustiado, mesmo que a incerteza ainda o cercasse como um predador à espreita.
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Entre Risos e Ciúmes
FanfictionOikawa e Iwazumi foram amigos inseparáveis na infância, mas, como tantas histórias, a vida os levou por caminhos diferentes. Agora, anos depois, um reencontro inesperado os coloca frente a frente, trazendo de volta risos e ciúmes há muito tempo ador...