7- Confissão e Coração

2 1 0
                                    

Era o fim de uma tarde tranquila, e o céu de Buenos Aires estava tingido de tons alaranjados e rosados, refletindo o calor suave do outono. Oikawa, com um sorriso hesitante, havia guiado Iwazumi até um lugar mais reservado para assistir ao pôr do sol, longe da agitação da cidade. Eles se encontravam em um parque que se erguia sobre um mirante, onde a vista oferecia uma paisagem quase mágica: a cidade se estendia ao longe, e o Rio da Prata reluzia com os últimos raios do dia.

O silêncio entre os dois era confortável, com Iwazumi observando o horizonte e Oikawa ao seu lado, visivelmente inquieto, brincando com as mãos. Depois de um tempo, Iwazumi finalmente notou o nervosismo no amigo e arqueou uma sobrancelha.

— O que foi, Tooru? Você tá... diferente — ele comentou, tentando entender a expressão de Oikawa.

Oikawa riu, meio nervoso, desviando o olhar para o céu.

— Ah... acho que só queria falar umas coisas — respondeu ele, hesitando. Respirou fundo, buscando coragem, e então olhou para Iwazumi, a voz mais suave. — Desde que você chegou aqui, Iwa-chan, as coisas ficaram... diferentes pra mim. Quero dizer, a gente se conhece há anos, mas agora é como se tudo tivesse mudado.

Iwazumi piscou, surpreso com o tom sério de Oikawa. Ele sabia que, quando o amigo se concentrava tanto nas palavras, geralmente tinha algo importante para dizer.

— Mudado? Tipo o quê? — Iwazumi perguntou, curioso, com aquele típico jeito direto.

Oikawa riu de leve, passando a mão pelo cabelo enquanto tentava disfarçar o rubor no rosto. Ele se virou, encarando Iwazumi, e sua expressão era vulnerável, aberta de uma forma que raramente era.

— Ah, sabe... acho que tô tentando dizer que... talvez eu sinta algo mais do que amizade por você. — Ele fez uma pausa, mordendo o lábio. — Na verdade, Iwa-chan... eu gosto de você. Gosto mesmo, sabe? De um jeito que não consigo ignorar mais.

O silêncio que seguiu foi pesado, e Iwazumi parecia processar as palavras de Oikawa, os olhos arregalados. A reação dele foi imediata: as orelhas ficaram vermelhas, as mãos tremiam um pouco, e ele quase tropeçou ao dar um passo para trás.

— E-e-e-e-espere aí! — Iwazumi gaguejou, os olhos arregalados, olhando para Oikawa como se ele tivesse dito algo impossível. — Você... o quê?

Oikawa não pôde evitar rir, vendo a reação exagerada de Iwazumi. Ele cruzou os braços, tentando se manter sério, mas logo começou a rir de verdade.

— Isso! Eu gosto de você, cabeçudo! — disse ele, rindo. — Achei que fosse óbvio, com as flores, as cartinhas... Mas você é mais lerdo do que eu pensei, hein?

Iwazumi, ainda embasbacado, só conseguiu encarar Oikawa, o coração batendo mais rápido que nunca. As palavras do amigo ecoavam em sua mente, mas havia algo mais. Ele olhou em volta, para a paisagem, o pôr do sol tingindo tudo em uma luz dourada surreal, e sentiu aquela estranha sensação de deslocamento outra vez, como se estivesse assistindo a uma cena de um sonho. Era como se aquilo tudo fosse irreal, como se ele estivesse à beira de acordar para algo que não queria enfrentar.

Ele balançou a cabeça, tentando afastar a sensação, e finalmente olhou para Oikawa com um sorriso ainda sem jeito, mas verdadeiro.

— Tooru... você me pegou de surpresa. Mas... — Ele parou, as palavras embaraçadas, tentando encontrar uma forma de continuar. — Eu também sinto algo por você. Eu só... talvez não tenha percebido antes.

Oikawa sorriu, dessa vez mais suave, quase como um alívio.

— Sabia que, no fundo, você ia perceber. — Ele riu, aproximando-se devagar, encurtando a distância entre os dois. — Ainda bem que eu tomei coragem antes de você ir embora... Não queria passar mais tempo fingindo que não sentia nada.

Oikawa deu um leve empurrão em Iwazumi, rindo novamente ao ver o rosto corado do amigo, mas a reação dele fez o sorriso de Iwazumi crescer. De repente, todos os mal-entendidos, todas as misturas de línguas, as tentativas de disfarçar seus sentimentos, tudo parecia ter levado a esse momento perfeito, à luz suave do pôr do sol.

E, enquanto continuavam ali, a cidade se acendendo aos poucos, Iwazumi sentiu o ar parecer mais leve. Por um momento, as vozes distantes que ouvira antes pareciam desaparecer, como se ele estivesse verdadeiramente ali, naquele instante, sem o peso do passado.

Oikawa olhou para Iwazumi com aquele brilho no olhar que só ele tinha, a luz suave do pôr do sol refletindo em seus olhos castanhos, quase dourados. Iwazumi sentiu o coração bater mais rápido, uma mistura de nervosismo e excitação que ele não conseguia controlar. Parecia que o mundo ao redor havia desaparecido, deixando apenas os dois ali, em meio ao som suave do vento passando entre as árvores e a cidade ao fundo.

Oikawa se aproximou um pouco mais, hesitante, como se ainda estivesse testando as águas. Ele levantou uma das mãos e a colocou suavemente sobre o ombro de Iwazumi, um toque leve e carinhoso. Os dedos de Oikawa deslizaram até o rosto dele, os toques firmes e ao mesmo tempo gentis. Era como se estivesse gravando cada detalhe daquele momento, como se o rosto de Iwazumi fosse algo precioso e delicado.

Eles trocaram um olhar silencioso, onde palavras não eram mais necessárias. Oikawa então inclinou-se devagar, e Iwazumi, sem sequer perceber, fechou os olhos, se entregando ao momento. O toque de seus lábios foi delicado, quase como uma brisa, mas carregado de uma intensidade que só eles podiam entender.

O beijo foi lento, suave, e cada segundo parecia se estender em algo mágico. Iwazumi podia sentir o calor de Oikawa, o aroma leve que ele exalava, e o jeito cuidadoso com que o amigo — agora, talvez mais do que isso — o segurava. Oikawa trouxe uma das mãos até o rosto de Iwazumi, acariciando-o de leve, e o toque era tão reconfortante que Iwazumi sentiu o peito se aquecer por completo.

Quando finalmente se afastaram, apenas o suficiente para se olharem novamente, Oikawa sorriu, o rosto corado e os olhos brilhando. Iwazumi respirou fundo, ainda tentando absorver o que tinha acabado de acontecer, mas com um sorriso genuíno no rosto. As palavras não precisavam ser ditas; naquele silêncio, ambos sabiam exatamente o que o outro estava sentindo.

E, por um instante, naquele abraço leve e no toque quente que ainda compartilhavam, eles eram tudo um para o outro, sem reservas, sem medo.

Entre Risos e CiúmesOnde histórias criam vida. Descubra agora